De longe avisto o que de perto
Não conseguia ver nem de binóculo.
As agruras do tempo afastaram
De mim o desejo de querer o que realmente queria;
Com isso acabei querendo o que queriam
Que eu quisesse,
E acabei me tornando
O que queriam que eu me tornasse.
Hoje avisto os desejos perdidos
Em sonhos não sonhados
Por costume de me desacostumar
Aos apegos da alma.
Não sei ao certo se me tornei o homem
Que sonhavas ser quando criança.
Provavelmente não.
Tenho medo de ter frustrado
A criança que fui um dia.
Tenho medo de morrer
Sendo o que realmente sou.
Brunorico
6 de setembro de 2009
Poesia
às 13:00:00
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Poesia
Folhas azuis
No meio da imensidão de árvores na floresta,
Uma se destacava por seu estilo
Mais do que peculiar.
Era a árvore de folhas azuis;
Ao contrário das que a cercavam,
Tal árvore não possuía
Folhas verdes como as demais,
Suas folhas eram azuis,
Algumas mesclavam entre
Tons claros e escuros,
Mas todas eram azuis.
Por ser diferenciada
A árvore de folhas azuis
Era profundamente discriminada.
Os pássaros não faziam morada
Em seus galhos,
Os felinos não a escalavam
E as outras árvores dela não gostavam,
Pois a invejavam por ser diferente.
Certo dia um grupo de madeireiros
Resolveu cortar todas as árvores da floresta,
Mas preservaram a de folhas azuis,
Justamente por ela ser diferente.
Durante anos a árvore de folhas celestiais
Imperou impoluta como um ponto azul
Na imensidão da solitária floresta.
E como os pássaros
Que outrora a desprezavam
Não possuíam mais opção,
Restou-lhes apenas,
A eterna bajulação.
Brunorico
Comentário do autor: Os diferentes também possuem o seu valor e a sua beleza particular. Ninguém precisa e nem deve ser igual a ninguém; que chato seria o mundo se todos fossem iguais, pensassem e agissem da mesma forma. É preciso ser diferente , o mundo já está farto dos seres iguais. Viva a diferença!
Leia mais: http://sentimentocritico.blogspot.com/
às 12:58:00
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Jogados no chão
Eles se sentem como lixo,
Vivem como lixo
E são vistos como tal.
Não possuem mais
Forças para sair dali.
As poucas que possuíam
Foram minadas
Pelo julgador
Que aponta,
Afronta
E desdenha
Do ser por trás da casca
Do medo.
O medo, aliás,
É o regente
Da ópera maldita.
O medo invoca
E provoca o julgamento
Antecipado e inadequado
Do ser jogado ao chão
Que carece de compreensão.
Chão que exibe morte
Em forma de gente
Ainda viva.
Chão pisado por vivos
De corpo,
Mas mortos de alma.
Seria o chão da Terra
O céu do inferno?
Seriam anjos e deuses
Os habitantes do chão
Da Terra?
Ironia seria
Se os vistos como demônio
Fossem entidades do bem,
E os vistos como santo
Fossem entidades do mal.
Se os moradores
Do chão
Forem anjos e deuses
Os julgadores e apontadores
Já não possuem
Escapatória para a salvação.
Brunoric
às 12:54:00
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Poesia
Voltei a tombar nesta emboscada
Ao despertar para mais uma lucubração
Onde me pergunto quem sou
Onde imagino quem fui
Lembro a memória que me trouxe
Prendida às fotos que inventei
De cores e paisagens que plagiei
Dum Mundo que fingi ser meu
Meu lugar sempre foi deste lado
Aquém da vida que posa
Sempre contemplando
Nunca sendo vista
Então hoje pergunto aos anjos
Se amanhã se dará o acaso
Em que transcenderei para o retrato
Dando forma à existência que morreu
João Pedro Manso
às 12:52:00
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O humano no ser existencial
O humano no ser existencial
O ser humano é aquele que pensa a Natureza. Através da fenomenologia, ele pode ocupar um lugar de pensante de si e pode descrever essa consciência, que é o campo onde todo fenômeno adquire sentido. É como uma ascese, o sujeito busca o despojamento de si para estar purificado e propiciar a comunhão com a verdade.
O existencialismo é um conjunto de filosofias da existência distintas entre si. A fenomenologia é a metodologia mais fundamentada para se problematizar a existência humana. As filosofias anteriores a Kierkegaard davam prioridade à existência em detrimento da essência. Kierkergaard inverteu. Disse que Deus dá a matéria-prima e o homem dá a forma para formar sua essência ao longo de sua existência. Há a possibilidade do pecado, mas é voluntário – existe o livre-arbítrio.
A existência precede a essência. Esta é construída pelo conjunto dos atos, por merecimento, consequências... A liberdade do ser é proporcional à sua responsabilidade. O único ser incondicionado é Deus, absoluto, sem relação de determinação. O conceito de angústia caracteriza o efeito do conflito entre o fato do ser humano ser livre e responsável concomitantemente, querendo ou não.
As escolhas não são pacíficas, produzem angústia. A angústia existencial é inerente à constituição do ser humano. Sem ela, é como se o homem fosse esvaziado de sua alma. A loucura é da dimensão humana, porém compromete alguns aspectos da condição humana, pois impede a completude do exercício da liberdade.
A existência precede a psicopatologia. A patologia não é uma essência. A morbidade é uma qualidade que não anula o objeto a que se refere. O sujeito é muito mais do que sua possível doença.
Nietzsche foi um filósofo ateu, não acreditava nas questões metafísicas e religiosas. Trabalhou a vontade de realização dos instintos vitais do homem. Todos os obstáculos precisam ser combatidos. O homem como um guerreiro da existência, devendo lutar pela plenitude da alma. Visa à realização individual puramente. Inspira-se na seleção natural de Darwin. Na Natureza inexistiria questão moral. Sobrevivem os mais aptos. Hegel dizia que a realização do espírito absoluto faz com que as guerras sejam necessárias.
É existindo que o ser humano vai dar forma à matéria-prima oferecida por Deus - segundo Kierkergaard - e constituir sua essência através dos atos e omissões. A qualidade da essência do indivíduo é de responsabilidade de cada um.
A liberdade humana é uma autonomia relativa, pois se manifesta como cunhas, brechas no indeterminismo mundano. Somente o homem pode retroagir dentro do universo determinista, exercendo sua liberdade com suas escolhas. No entanto, nunca há garantia de realização das possibilidades, o que também gera angústia.
As filosofias da existência tendem a focalizar a dimensão subjetiva do ser humano, um ser finito. Este jamais será o todo, sempre será parte. Deve-se reconhecer os limites, a finitude da condição humana. A questão da liberdade só pode ser consciente, pois é voluntária e responsável. A finitude manifesta-se através das limitações, que são parâmetros determinantes em termos de conhecimento, poder, morte...
A consciência dos limites é necessária para se ter uma existência autêntica. Deve-se refletir sobre a morte, pois o homem é um ser para a morte. A lealdade para si é a capacidade de compreender isso. O bem e o mal é circunstancial. Implícito a todo ser vivo há o impulso à afirmação de ser, pois a vida quer continuar a ser sem limites, contudo sempre deparando-se com o determinismo paradoxal que lhe é próprio: a vida possui limites. Existe uma força que impulsiona o homem a viver apesar dos limites. A questão vida e morte é uma articulação fundamental. Um universo de conflitos pertence à saúde mental.
Publicado no site: O Melhor da Web em 09/12/2008
Código do Texto: 7364
às 12:43:00
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Poesia
.
"Não quero o céu de ontem
nem o sol de amanhã.
Eu sou isto
e a vida é agora.
O tempo me alcança
e a vida me vive.
Jamais fugir,
jamais fechar.
Jamais a nostalgia do passado,
jamais a impaciência do futuro.
Nem saudade nem utopismo:
nascer em cada manhã,
ser em mim,
sorrir em cada sorriso,
morrer em todo adeus.
Amar o presente
e viver minha vida
qualquer que ela seja.
Cidadão do agora
saber ser autêntico,
pertencer infinitamente
ou inexistir"
(Sérgio Antunes)
às 12:28:00
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