DEUSAS PERDIDAS
"A grande pergunta que jamais foi respondida, apesar de meus quinze anos pesquisando a alma feminina é: O que uma mulher quer?" Sigmund Freud.
Há uma dinâmica fundamental por trás das atitudes de toda a mulher. Parte é adquirida com sua interação social, parte é inata. Quando a mesma dinâmica é constatada num grupo de pessoas, temos o que Jung denomina de ARQUÉTIPO. Esta forma pura na mitologia toma o nome de "Deusa".
As deusas personificam as muitas e diversas maneiras que uma mulher pode ser levada a adotar e a sentir, quando está apaixonada (Afrodite), quando está inspirada em um ideal (Atena) ou quando absorta em seu papel de mãe (Deméter).
Devido muitas vezes à nossa formação, há uma tendência de se considerar mitos antigos como bobagens supersticiosas. Engano nosso, pois eles representam uma psicologia altamente sofisticada. É por intermédios dos arquétipos que se conhece a identidade das pessoas. Eles podem aparecer em sonho, se manifestar no dia no dia-a-dia, ou permanecerem ocultos, mas sempre nos dão a dica que precisamos na busca da verdade e do conhecimento.
Vou passar a vocês a partir de agora, um pouco do resgate que fiz junto as deusas. Vale a pena conhecer um pouco mais destas deusas maravilhosas que habitam o nosso interior!
Selecionei seis Arquétipos-Deusas principais gregas, que são as que estão mais ativas na vida das mulheres da nossa era:
1. MULHER-ATENA
Esta é a mulher regida pela sabedoria da
civilização. Busca a realização profissional,
sendo bem sucedida na educação, na cultura
intelectual, justiça social e política. É bem
fácil identificá-la, pois a mulher-Atena está no
mundo, ela faz e acontece: editorando revistas,
dirigindo departamentos de Universidades, é
personalidade política e grande executiva. Ela
está sempre em evidência,pois é prática e
extrovertida. Entretanto, a maioria dos homens
têm medo dela, pois acham que não estão a altura
de seu intelectuo. Mas quando conquistam seu
respeito, a mulher-Atena é a mais leal das
companheiras, uma verdadeira amiga de todas as
horas. Os gregos a chamavam de "Companheira dos
Heróis".
Suas preocupações são o mundo, tendem a ser
sensíveis às relações humanas e somente elas são
capazes de ajudar a tornar os grupos coesos.
O arquétipo desta deusa se manifesta com maior
intensidade em meninas pequenas. Seu forte ego
as tornam briguentas e combativas. Preferirá
sempre brincar com meninos, aceitando suas
brigas e brincadeiras violentas. Assim como sua
irmã Artemis ela se orgulha dos seus modos de
rapaz. Porém, sendo mais competitiva,
argumentará: "Tudo o que você consegue fazer, eu
consigo fazer melhor".
A independência da mulher-Atena em relação aos
homens é também, uma virtude que ela partilha
com Artemis. Na realidade, ambas são
consideradas deusas virgens, o que no mundo
grego significava que não eram casadas. Elas são
tão bem resolvidas, que não necessitam de um
homem como parceiro ou consorte. O motivo de
Hera precisar de um companheiro ou de Afrodite
tolerar um amante imaturo tendem a ser um
mistério para Atena.
Entretanto, apesar de sua força, seu brilho e
independência, a donzela vestida de armadura,
tem a vulnerabilidade de menina. Até mesmo as
mais bem-sucedidas e carismáticas mulheres-Atena
revelarão um dia, o quanto se sentem inseguras e
ansiosas a despeito de tudo que realizam
externamente. Eis aqui o paradoxo que nos leva
ao cerne da chaga de Atena: quanto mais ela
encobre a donzela vulnerável, mais impetuosa se
torna sua armadura protetora. Se ferida, irá
afugentar com selvageria todos aqueles que
poderiam ajudá-la, pois jamais desarma suas
defesas, deixando exposta sua essência nua e
infinitamente sensível de sua feminilidade.
2. MULHER-ARTEMIS
É regida pela deusa das selvas. Ela é prática,
atlética, aventureira. Aprecia a cultura física,
a solidão, a vida ao ar livre e os animais.
Dedica-se à proteção do meio ambiente, aos
estilos de vida alternativos e às comunidades de
mulheres.
Artemis não se destaca muito no mundo moderno. A
cidade não é "sua praia". Quando ela é
encontrada no meio urbano, ela é tímida,
reservada. Curtir festas e multidão não é algo
que lhe interessa. A energia vigorosa que
captamos em Artemis entretanto, não é mental,
provém do seu corpo ágil a atlético, que adora
envolver-se fisicamente no projeto do momento.
A mulher-Artemis, mesmo depois de idosa, manterá
o corpo ativo, cheio de energia e muito bem
conservado.
Igual a sua irmã Atena é apta a viver
perfeitamente bem sem os homens. Ambas
representam o tipo de mulher que já nasce com
fortes qualidades "masculinas". Atena teria a
"cabeça-dura" e Artemis o corpo rijo e perfeito.
A maioria dos homens não conseguem acompanhar o
estilo ativo e atlético de Artemis.
A energia arquétipa desta deusa aflora com maior
força na adolescência. Ela começa a se
identificar com as atividades, atitudes e
maneiras de vestir dos meninos.
Dada a sua natureza de amante da liberdade, não
ajuda a saber quem ela é. Internamente ela se
sente perplexa com a transformação de seu corpo
e tenderá a escondê-lo com camisas soltas. A
vaidade exagerada de suas irmãs Afrodite e Hera
só lhe inspira desprezo.
A chaga de Artemis envolve a solidão que é
relegada. Seu amor à liberdade a tornam difícil
de ser aceita como mãe, esposa ou profissional,
estilos que pertencem a Deméter, a Hera e Atena.
Na verdade ela tem repúdio por valores e formas
adotadas pela sociedade convencional.
A mulher-Artemis tende a escolher ser totalmente
reclusa e muito solitária.
3. MULHER-AFRODITE
Desde que surgiu das espumas das ondas do mar na
célebre concha de Vieira, artistas a pintaram e
esculpiram, poetas reverenciaram sua beleza e
músicos a cantaram em melodias. A deusa Afrodite
sempre ocupou um lugar de destaque no Olimpo.
Para mérito eterno dos gregos, eles jamais se
dispuseram a lançar fora suas divindades
femininas em favor de um único Deus Pai como
fizeram os primeiros judeus e cristãos. E assim,
Afrodite pode permanecer, junto com outras
deusas, continuando a ser muito amada, embora
ocupando uma posição um tanto ambígua nas
margens da sociedade urbana grega.
Em nossa época, Afrodite dá toda a impressão de
ter trocado o Olimpo por Hollywood. Grandes
beldades das telas e passarelas como Maryln
Monroe, Sharow Stones e nossa querida Gisele,
parecem ter encarnado a nossa amada deusa.
Entretanto, não pára aí, pois seu culto é
universal! Diariamente, em seriados, em novelas
da TV, romances vendidos em banca de revistas e
escândalos políticos, revivem histórias
imemoriais de paixão, ciúmes, inveja e traição.
Nunca uma deusa foi tão íntima e pública como
Afrodite!
Ela é antes de tudo uma presença sensual, como
um sol vibrante, brilha e despedaça corações. É
fácil identificá-la, adora roupas caras, jóias,
perfumes e adornos de todo o tipo. Hoje ela
domina o mundo da moda, cosméticos e o
glamouroso universo do cinema e revistas.
Graças ao seu talento em manobrar sentimentos e
os projetos criativos do homem, a
mulher-Afrodite consegue manifestar o que Jung
chamou de "anima"do homem. Quando apaixonada ela
aumentará tremendamente a confiança de seu
amado, pois acima de tudo, Afrodite quer que
seus relacionamentos amorosos tenham coração.
A mulher-Afrodite não dá a mínima para as
exigências sociais de um "bom casamento", que é
o desejo de Hera. Considera o amor maternal de
Deméter muito unilateral e o "casamento de
mentes verdadeiras" de Atena excessivamente
mental. Mas a lição mais dura para a
mulher-Afrodite é a que no mundo de hoje, ela
será sempre "a outra" para a maioria dos homens.
Isto faz parte do antigo triângulo arquétipo
característico do universo, da qual poderá estar
envolvida diversas vezes ao longo da vida.
A liberdade sexual de Afrodite não pode ser
tolerada por nenhuma esposa, pois ameaça a
própria estrutura da sociedade patriarcal. A
instituição do concubinato ou da prostituição é
na realidade um resquício mutilado das grandes
sociedades matrilineares da antiguidade que
adoravam a Grande-Mãe. Para a maioria das
pessoas, é mais seguro deixar que Afrodite viva
exclusivamente na imaginação dos livros, filmes,
TV e mexericos.
Grande parte das chagas da mulher-Afrodite
decorrem do fato de ela estar alienada das
outras deusas. Ela seria beneficiada com a
capacidade de raciocínio de Atena. Também, se
conseguisse superar sua aversão a Hera, poderia
pedir a ela que a ajudasse a obter respeito
social e um lugar mais confortável no mundo
moderno.
Gostaria de concluir este texto dizendo que
Afrodite está recuperando a dignidade e poder de
outrora. Mas, infelizmente isso não acontece.
Viver plenamente como mulher-Afrodite é tarefa
difícil e dolorosa, sob muitos aspectos. É bem
mais confortante viver confiante e protegida em
Atena, ser esposa de empresário como Hera,
reclusa como Artemis ou tornar-se mãe de todas
as criaturas como Deméter.
4. MULHER-HERA
A mulher-hera exala confiança em si mesma, tem
perfeito domínio sobre si própria e dos outros.
A consciência de Hera é sempre percebida nas
mulheres mais velhas. Ela é aquela que nasceu
para mandar, podendo se tornar impiedosa como
dirigente de uma organização ou até mesmo de uma
nação. Como esposa de Zeus, a antiga deusa grega
era co-governante do Olimpo, onde oficialmente
partilhava o poder com o chefe dos deuses.
Em nosso mundo, ela costuma personificar a
esposa de "um grande homem". Hera é um oponente
formidável, seja na família ou na esfera
política. Uma vontade de ferro e idéias fixas
caracterizam a mulher-Hera madura. Uma versão
desta mulher foi percebida em Thatcher, a mulher
implacável, onde os membros do governo britânico
mostravam-se profundamente chocados com os modos
arrogantes e ditatoriais da primeira-ministra.
Com ou sem poder, a Hera Moderna é matriarcal, a
abelha-rainha de sua família. Defende valores
conservadores, como também tenderá a assumir o
papel de juíza dos novos gostos e costumes. Ela
adora todos os encontros familiares, onde se vê
adorada e rodeada de filhos e netos. O amor
deles geralmente é secundário, muito mais
importante é que eles a respeitem e reverenciem.
Independentemente das suas origens sociais, a
mulher-Hera quase sempre aspirará à proeminência
em qualquer grupo que pertencer.
A jovem Hera é muito parecida com a jovem Atena.
Ambas são brilhantes e cheias de energias e
exalam auto-confiança. Mas as ambições de uma e
outra são diferentes. A jovem Atena estará
ocupada com as opções de pós-graduações e
treinamento profissional. A jovem Hera, mantêm
os olhos bem abertos na busca daqueles homens,
que ao seu ver têm maior chance de sucesso na
vida e descobrirá alguma maneira de sair com
eles. Em resumo, a jovem Hera busca um marido e
a jovem Atena busca uma carreira.
A mulher-Hera dá todas as indicações de aceitar
a maternidade com calma e sem hesitação, mas de
maneira alguma será a mãe branda, tolerante e
permissiva como Deméter. Sempre preocupada com o
"status" e a respeitabilidade social, a mãe Hera
é disciplinadora e exigirá que seus filhos sejam
tão bem sucedidos quanto o pai.
Quando se diz "atrás de um grande homem, existe
uma grande mulher..", é a mais pura verdade e,
esta mulher é uma mulher-Hera. Considerada a
"sombra" do marido, enquanto não consuma seus
desejos e fantasias, ela poderá intimidá-lo e
até mesmo tiranizá-lo. E, se finalmente
conseguir o que quer, quase sempre permanecerá
sedenta de mais poder.
A dinâmica de Hera consiste em ela querer estar
onde as coisas acontecem e a origem da maioria
de seus protestos está em excluí-la de qualquer
ação. Bem no fundo, ela que viver e agir como um
homem num mundo de homens.
5. MULHER-PERSÉFONE
É provável que a mulher-Perséfone não
impressione no primeiro encontro, mas ela também
não tem a pretensão de se afirmar intensamente.
Não possui a solidez de propósito de Artemis,
nem conta com o terreno firme onde pisa a Hera.
Mas há uma peculiaridade na mulher-Perséfone,
uma qualidade que lhe é inata, a sua
vulnerabilidade espiritual. Em sua fragilidade,
percebe-se o anseio por afeição e intimidade
profunda. Esta mulher é envolta por uma aura de
mistérios. O seu mundo é paranormal, mas ela se
sente atraída pelos ensinamentos da metafísica
mais do que pelas ciências naturais
convencionais. Tão poderosa é a autoridade do
materialismo científico de nossas universidades
e considerada excêntrica ou alienígena para
muitos.
Para os gregos, Perséfone era a Rainha distante
do Mundo Avernal, que vigiava a alma dos mortos.
Ma ela era conhecida também como a virgem
donzela Coré, que foi seqüestrada de sua mãe,
Deméter. Sua descida ao mundo avernal ao ser
raptada por Hades é uma das histórias mais
conhecidas de toda a mitologia grega. Mas o que
é avernal? Na linguagem da psicologia moderna,
seria chamado de inconsciente. De modo que
Perséfone é aquela que foi sorvida não apenas
pelo inconsciente, pelo desconhecido, por tudo o
que é reprimido e sombrio (Freud), mais ainda
mais profundamente pelo inconsciente coletivo, o
mundo das potestades e poderes arquetípicos
(Jung).
Uma mulher pode vivenciar isto de diversas
maneiras: uma tragédia na infância, a perda de
uma pessoa da família ou de um grande amor.
Compreender o significado da descida de
Perséfone é particularmente urgente nos dias de
hoje. Muitas mulheres e homens, estão
descobrindo seus talentos mediúnicos e sua
aplicação na leitura dos tarôs, nas curas
espirituais, meditações, etc.
Mas passar a maior parte da vida "entre
espíritos" pode exercer uma enorme pressão
psíquica, especialmente quando suas habilidades
sejam erroneamente interpretadas ou temidas.
Mais do que qualquer outra deusa, a
mulher-Perséfone pode sofrer uma profunda
alienação, que pode levá-la a um colapso. É
importante que busque as suas deusas irmãs para
ajudar a equilibrá-la. De Deméter, talvez
precise do senso do corpo e da terra para
trazê-la a colocar os pés no chão. De Atena, uma
certa objetividade
acerca de seu potencial e assim por diante.
Nós bruxas estamos classificadas na
mulher-Perséfone. Quando a Igreja perseguiu
nossas irmãs bruxas, ela também suprimiu a
antiga sabedoria da Deusa. O que se perdeu foi o
segredo da Perséfone madura, a sabedoria daquela
que conhece os mecanismos da vida e da morte, as
energias que determinam as estações, a
sexualidade e o nascimento, daquela que
compreende o hiato entre os dois mundos.
A Perséfone madura ressurgi de algum modo do
mundo espiritual, ainda que permaneça em contato
com ele. Ela torna-se feiticeira, uma mulher
sábia, alegre e bem humorada, que acha engraçada
e divertida toda a loucura humana. E, mesmo
quando anciã, ainda preserva toda sua juventude
e, como uma jovem iniciada, traz consigo a
jubilosa sabedoria dos anos.
6. MULHER-DEMÉTER
Não é difícil achar Deméter, pois ela sempre
estará rodeada de crianças. É aquela faz e
distribui o pão, que passa a noite acordada
cuidando do filho doente, que cozinha, que lava
e passa e que ainda tem reservas inesgotáveis de
energia. Deméter é mais que uma mãe biológica,
pois não é ter filhos que a faz mãe, é sua
atitude, sua maneira instintiva de cuidar de
tudo que é pueril, pequeno, carente e sem
defesa. Deméter é pura dedicação e doação,
sentimentos que conhecemos como "carinho de
mãe".
É importante dizer que há algo de singular no
carinho materno de Deméter. Isso não quer dizer
que as outras deusas não possam ser mães, mas
para Deméter ser mãe é tudo. Afrodite é uma mãe
sensual que adora vestir os filhos e "curtir" um
cinema. As Artemis tem uma meiguice selvagem e
tratam seus filhos como filhotes de fera. Atena
mal pode esperar que eles falem para conversar e
estimular sua educação. Perséfone também é
profundamente envolvida com os filhos, mas de
maneira mais psíquica e
intuitiva. A mãe Hera é tão cheia de regras,
censuras e expectativas que resta pouca ternura
para criar seus filhos. Somente Deméter se
identifica plenamente com a maternidade, quase à
exclusão dos outros interesses.
Ela é tão envolvida com o fato de ser mãe que
não arranja tempo para comprar um vestido novo,
ir ao cabeleireiro e outras atividades que toda
a mulher gosta de fazer para si mesma. Deméter
se sente totalmente realizada fazendo o que faz,
sendo mãe.
O instinto para acalentar que existe em Deméter
pode ser facilmente identificado em meninas
brincando com bonecas. Uma vez jovem, Deméter é
tão identificada com a mãe, que haverá uma
relação quase simbiótica entre ambas.
Mas por mais belo que pareça este quadro de
Deméter se realizando como mãe, ele está muito
longe de ser uma realidade para a maioria das
mães modernas. As pressões físicas e econômicas
da mera subsistência tendem a exigir que as
mulheres grávidas trabalhem até o dia do parto.
Ficam licenciadas por um determinado tempo e são
obrigadas a retornarem ao trabalho, sem a menor
possibilidade de dar a devida atenção aos seus
bebês.
Individualmente, as mulheres que representam o
modo de ser de Deméter não têm como expressar e
como competir com as mulheres-Atenas bem
instruídas que detêm influência política. Ela
não é intelectual, via de regra, e não gosta de
se expressar em público. Os planos que são
concebidos para devolver as mães à força de
trabalho e torná-las independentes dos homens
são concepções de Atena e deixam a
mulher-Deméter perplexa.
CONCLUSÕES
Quando se tiver uma visão mais clara de quais
deusas são dominantes em nós mulheres e quais
influenciam a vida dos homens, devemos então
dedicar nossa atenção às deusas que se mostram
mais frágeis dentro de nós.
Dialogar com elas através de um diário pessoal,
pode ser o primeiro passo de aproximação. Mas
entenda, que é fácil demais desenvolver uma das
deusas e viver de acordo com seus ditames. Uma
mulher, entretanto, não pode se tornar apenas
uma matriarca de uma família (Hera), sem jamais
trabalhar (negligenciando Atena), sem jamais
dedicar-se à sua sexualidade (ignorando
Afrodite) ou o seu mundo interior (Perséfone).
Igualmente o homem se esquiva das mulheres
intelectuais (Atena), evita as maternais
(Deméter) ou as mulheres fortes (Hera) e busca
somente parceiras sexuais que o excitem: está na
realidade preso numa ligação neurótica com
Afrodite.
Todas as deusas têm histórias para contar,
contribuições a fazer e sabedoria para
compartilhar. Se Afrodite faz loucuras por amor,
Hera teme que o casamento se rompa. Se Deméter
deleita-se com seus filhos, Perséfone acalenta
sua interioridade e Atena busca a ascensão
profissional, assim como Artemis sonha com uma
cabana na floresta. Entretanto, cada uma têm
algo que as outras desconhecem. Á medida que as
diversas deusas ganham vida dentro de nós,
veremos que diversos aspectos são ativados.
Isto será então motivo de júbilo:
AS DEUSAS PERDIDAS ESTÃO VOLTANDO!
Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO
"A grande pergunta que jamais foi respondida, apesar de meus quinze anos pesquisando a alma feminina é: O que uma mulher quer?" Sigmund Freud.
Há uma dinâmica fundamental por trás das atitudes de toda a mulher. Parte é adquirida com sua interação social, parte é inata. Quando a mesma dinâmica é constatada num grupo de pessoas, temos o que Jung denomina de ARQUÉTIPO. Esta forma pura na mitologia toma o nome de "Deusa".
As deusas personificam as muitas e diversas maneiras que uma mulher pode ser levada a adotar e a sentir, quando está apaixonada (Afrodite), quando está inspirada em um ideal (Atena) ou quando absorta em seu papel de mãe (Deméter).
Devido muitas vezes à nossa formação, há uma tendência de se considerar mitos antigos como bobagens supersticiosas. Engano nosso, pois eles representam uma psicologia altamente sofisticada. É por intermédios dos arquétipos que se conhece a identidade das pessoas. Eles podem aparecer em sonho, se manifestar no dia no dia-a-dia, ou permanecerem ocultos, mas sempre nos dão a dica que precisamos na busca da verdade e do conhecimento.
Vou passar a vocês a partir de agora, um pouco do resgate que fiz junto as deusas. Vale a pena conhecer um pouco mais destas deusas maravilhosas que habitam o nosso interior!
Selecionei seis Arquétipos-Deusas principais gregas, que são as que estão mais ativas na vida das mulheres da nossa era:
1. MULHER-ATENA
Esta é a mulher regida pela sabedoria da
civilização. Busca a realização profissional,
sendo bem sucedida na educação, na cultura
intelectual, justiça social e política. É bem
fácil identificá-la, pois a mulher-Atena está no
mundo, ela faz e acontece: editorando revistas,
dirigindo departamentos de Universidades, é
personalidade política e grande executiva. Ela
está sempre em evidência,pois é prática e
extrovertida. Entretanto, a maioria dos homens
têm medo dela, pois acham que não estão a altura
de seu intelectuo. Mas quando conquistam seu
respeito, a mulher-Atena é a mais leal das
companheiras, uma verdadeira amiga de todas as
horas. Os gregos a chamavam de "Companheira dos
Heróis".
Suas preocupações são o mundo, tendem a ser
sensíveis às relações humanas e somente elas são
capazes de ajudar a tornar os grupos coesos.
O arquétipo desta deusa se manifesta com maior
intensidade em meninas pequenas. Seu forte ego
as tornam briguentas e combativas. Preferirá
sempre brincar com meninos, aceitando suas
brigas e brincadeiras violentas. Assim como sua
irmã Artemis ela se orgulha dos seus modos de
rapaz. Porém, sendo mais competitiva,
argumentará: "Tudo o que você consegue fazer, eu
consigo fazer melhor".
A independência da mulher-Atena em relação aos
homens é também, uma virtude que ela partilha
com Artemis. Na realidade, ambas são
consideradas deusas virgens, o que no mundo
grego significava que não eram casadas. Elas são
tão bem resolvidas, que não necessitam de um
homem como parceiro ou consorte. O motivo de
Hera precisar de um companheiro ou de Afrodite
tolerar um amante imaturo tendem a ser um
mistério para Atena.
Entretanto, apesar de sua força, seu brilho e
independência, a donzela vestida de armadura,
tem a vulnerabilidade de menina. Até mesmo as
mais bem-sucedidas e carismáticas mulheres-Atena
revelarão um dia, o quanto se sentem inseguras e
ansiosas a despeito de tudo que realizam
externamente. Eis aqui o paradoxo que nos leva
ao cerne da chaga de Atena: quanto mais ela
encobre a donzela vulnerável, mais impetuosa se
torna sua armadura protetora. Se ferida, irá
afugentar com selvageria todos aqueles que
poderiam ajudá-la, pois jamais desarma suas
defesas, deixando exposta sua essência nua e
infinitamente sensível de sua feminilidade.
2. MULHER-ARTEMIS
É regida pela deusa das selvas. Ela é prática,
atlética, aventureira. Aprecia a cultura física,
a solidão, a vida ao ar livre e os animais.
Dedica-se à proteção do meio ambiente, aos
estilos de vida alternativos e às comunidades de
mulheres.
Artemis não se destaca muito no mundo moderno. A
cidade não é "sua praia". Quando ela é
encontrada no meio urbano, ela é tímida,
reservada. Curtir festas e multidão não é algo
que lhe interessa. A energia vigorosa que
captamos em Artemis entretanto, não é mental,
provém do seu corpo ágil a atlético, que adora
envolver-se fisicamente no projeto do momento.
A mulher-Artemis, mesmo depois de idosa, manterá
o corpo ativo, cheio de energia e muito bem
conservado.
Igual a sua irmã Atena é apta a viver
perfeitamente bem sem os homens. Ambas
representam o tipo de mulher que já nasce com
fortes qualidades "masculinas". Atena teria a
"cabeça-dura" e Artemis o corpo rijo e perfeito.
A maioria dos homens não conseguem acompanhar o
estilo ativo e atlético de Artemis.
A energia arquétipa desta deusa aflora com maior
força na adolescência. Ela começa a se
identificar com as atividades, atitudes e
maneiras de vestir dos meninos.
Dada a sua natureza de amante da liberdade, não
ajuda a saber quem ela é. Internamente ela se
sente perplexa com a transformação de seu corpo
e tenderá a escondê-lo com camisas soltas. A
vaidade exagerada de suas irmãs Afrodite e Hera
só lhe inspira desprezo.
A chaga de Artemis envolve a solidão que é
relegada. Seu amor à liberdade a tornam difícil
de ser aceita como mãe, esposa ou profissional,
estilos que pertencem a Deméter, a Hera e Atena.
Na verdade ela tem repúdio por valores e formas
adotadas pela sociedade convencional.
A mulher-Artemis tende a escolher ser totalmente
reclusa e muito solitária.
3. MULHER-AFRODITE
Desde que surgiu das espumas das ondas do mar na
célebre concha de Vieira, artistas a pintaram e
esculpiram, poetas reverenciaram sua beleza e
músicos a cantaram em melodias. A deusa Afrodite
sempre ocupou um lugar de destaque no Olimpo.
Para mérito eterno dos gregos, eles jamais se
dispuseram a lançar fora suas divindades
femininas em favor de um único Deus Pai como
fizeram os primeiros judeus e cristãos. E assim,
Afrodite pode permanecer, junto com outras
deusas, continuando a ser muito amada, embora
ocupando uma posição um tanto ambígua nas
margens da sociedade urbana grega.
Em nossa época, Afrodite dá toda a impressão de
ter trocado o Olimpo por Hollywood. Grandes
beldades das telas e passarelas como Maryln
Monroe, Sharow Stones e nossa querida Gisele,
parecem ter encarnado a nossa amada deusa.
Entretanto, não pára aí, pois seu culto é
universal! Diariamente, em seriados, em novelas
da TV, romances vendidos em banca de revistas e
escândalos políticos, revivem histórias
imemoriais de paixão, ciúmes, inveja e traição.
Nunca uma deusa foi tão íntima e pública como
Afrodite!
Ela é antes de tudo uma presença sensual, como
um sol vibrante, brilha e despedaça corações. É
fácil identificá-la, adora roupas caras, jóias,
perfumes e adornos de todo o tipo. Hoje ela
domina o mundo da moda, cosméticos e o
glamouroso universo do cinema e revistas.
Graças ao seu talento em manobrar sentimentos e
os projetos criativos do homem, a
mulher-Afrodite consegue manifestar o que Jung
chamou de "anima"do homem. Quando apaixonada ela
aumentará tremendamente a confiança de seu
amado, pois acima de tudo, Afrodite quer que
seus relacionamentos amorosos tenham coração.
A mulher-Afrodite não dá a mínima para as
exigências sociais de um "bom casamento", que é
o desejo de Hera. Considera o amor maternal de
Deméter muito unilateral e o "casamento de
mentes verdadeiras" de Atena excessivamente
mental. Mas a lição mais dura para a
mulher-Afrodite é a que no mundo de hoje, ela
será sempre "a outra" para a maioria dos homens.
Isto faz parte do antigo triângulo arquétipo
característico do universo, da qual poderá estar
envolvida diversas vezes ao longo da vida.
A liberdade sexual de Afrodite não pode ser
tolerada por nenhuma esposa, pois ameaça a
própria estrutura da sociedade patriarcal. A
instituição do concubinato ou da prostituição é
na realidade um resquício mutilado das grandes
sociedades matrilineares da antiguidade que
adoravam a Grande-Mãe. Para a maioria das
pessoas, é mais seguro deixar que Afrodite viva
exclusivamente na imaginação dos livros, filmes,
TV e mexericos.
Grande parte das chagas da mulher-Afrodite
decorrem do fato de ela estar alienada das
outras deusas. Ela seria beneficiada com a
capacidade de raciocínio de Atena. Também, se
conseguisse superar sua aversão a Hera, poderia
pedir a ela que a ajudasse a obter respeito
social e um lugar mais confortável no mundo
moderno.
Gostaria de concluir este texto dizendo que
Afrodite está recuperando a dignidade e poder de
outrora. Mas, infelizmente isso não acontece.
Viver plenamente como mulher-Afrodite é tarefa
difícil e dolorosa, sob muitos aspectos. É bem
mais confortante viver confiante e protegida em
Atena, ser esposa de empresário como Hera,
reclusa como Artemis ou tornar-se mãe de todas
as criaturas como Deméter.
4. MULHER-HERA
A mulher-hera exala confiança em si mesma, tem
perfeito domínio sobre si própria e dos outros.
A consciência de Hera é sempre percebida nas
mulheres mais velhas. Ela é aquela que nasceu
para mandar, podendo se tornar impiedosa como
dirigente de uma organização ou até mesmo de uma
nação. Como esposa de Zeus, a antiga deusa grega
era co-governante do Olimpo, onde oficialmente
partilhava o poder com o chefe dos deuses.
Em nosso mundo, ela costuma personificar a
esposa de "um grande homem". Hera é um oponente
formidável, seja na família ou na esfera
política. Uma vontade de ferro e idéias fixas
caracterizam a mulher-Hera madura. Uma versão
desta mulher foi percebida em Thatcher, a mulher
implacável, onde os membros do governo britânico
mostravam-se profundamente chocados com os modos
arrogantes e ditatoriais da primeira-ministra.
Com ou sem poder, a Hera Moderna é matriarcal, a
abelha-rainha de sua família. Defende valores
conservadores, como também tenderá a assumir o
papel de juíza dos novos gostos e costumes. Ela
adora todos os encontros familiares, onde se vê
adorada e rodeada de filhos e netos. O amor
deles geralmente é secundário, muito mais
importante é que eles a respeitem e reverenciem.
Independentemente das suas origens sociais, a
mulher-Hera quase sempre aspirará à proeminência
em qualquer grupo que pertencer.
A jovem Hera é muito parecida com a jovem Atena.
Ambas são brilhantes e cheias de energias e
exalam auto-confiança. Mas as ambições de uma e
outra são diferentes. A jovem Atena estará
ocupada com as opções de pós-graduações e
treinamento profissional. A jovem Hera, mantêm
os olhos bem abertos na busca daqueles homens,
que ao seu ver têm maior chance de sucesso na
vida e descobrirá alguma maneira de sair com
eles. Em resumo, a jovem Hera busca um marido e
a jovem Atena busca uma carreira.
A mulher-Hera dá todas as indicações de aceitar
a maternidade com calma e sem hesitação, mas de
maneira alguma será a mãe branda, tolerante e
permissiva como Deméter. Sempre preocupada com o
"status" e a respeitabilidade social, a mãe Hera
é disciplinadora e exigirá que seus filhos sejam
tão bem sucedidos quanto o pai.
Quando se diz "atrás de um grande homem, existe
uma grande mulher..", é a mais pura verdade e,
esta mulher é uma mulher-Hera. Considerada a
"sombra" do marido, enquanto não consuma seus
desejos e fantasias, ela poderá intimidá-lo e
até mesmo tiranizá-lo. E, se finalmente
conseguir o que quer, quase sempre permanecerá
sedenta de mais poder.
A dinâmica de Hera consiste em ela querer estar
onde as coisas acontecem e a origem da maioria
de seus protestos está em excluí-la de qualquer
ação. Bem no fundo, ela que viver e agir como um
homem num mundo de homens.
5. MULHER-PERSÉFONE
É provável que a mulher-Perséfone não
impressione no primeiro encontro, mas ela também
não tem a pretensão de se afirmar intensamente.
Não possui a solidez de propósito de Artemis,
nem conta com o terreno firme onde pisa a Hera.
Mas há uma peculiaridade na mulher-Perséfone,
uma qualidade que lhe é inata, a sua
vulnerabilidade espiritual. Em sua fragilidade,
percebe-se o anseio por afeição e intimidade
profunda. Esta mulher é envolta por uma aura de
mistérios. O seu mundo é paranormal, mas ela se
sente atraída pelos ensinamentos da metafísica
mais do que pelas ciências naturais
convencionais. Tão poderosa é a autoridade do
materialismo científico de nossas universidades
e considerada excêntrica ou alienígena para
muitos.
Para os gregos, Perséfone era a Rainha distante
do Mundo Avernal, que vigiava a alma dos mortos.
Ma ela era conhecida também como a virgem
donzela Coré, que foi seqüestrada de sua mãe,
Deméter. Sua descida ao mundo avernal ao ser
raptada por Hades é uma das histórias mais
conhecidas de toda a mitologia grega. Mas o que
é avernal? Na linguagem da psicologia moderna,
seria chamado de inconsciente. De modo que
Perséfone é aquela que foi sorvida não apenas
pelo inconsciente, pelo desconhecido, por tudo o
que é reprimido e sombrio (Freud), mais ainda
mais profundamente pelo inconsciente coletivo, o
mundo das potestades e poderes arquetípicos
(Jung).
Uma mulher pode vivenciar isto de diversas
maneiras: uma tragédia na infância, a perda de
uma pessoa da família ou de um grande amor.
Compreender o significado da descida de
Perséfone é particularmente urgente nos dias de
hoje. Muitas mulheres e homens, estão
descobrindo seus talentos mediúnicos e sua
aplicação na leitura dos tarôs, nas curas
espirituais, meditações, etc.
Mas passar a maior parte da vida "entre
espíritos" pode exercer uma enorme pressão
psíquica, especialmente quando suas habilidades
sejam erroneamente interpretadas ou temidas.
Mais do que qualquer outra deusa, a
mulher-Perséfone pode sofrer uma profunda
alienação, que pode levá-la a um colapso. É
importante que busque as suas deusas irmãs para
ajudar a equilibrá-la. De Deméter, talvez
precise do senso do corpo e da terra para
trazê-la a colocar os pés no chão. De Atena, uma
certa objetividade
acerca de seu potencial e assim por diante.
Nós bruxas estamos classificadas na
mulher-Perséfone. Quando a Igreja perseguiu
nossas irmãs bruxas, ela também suprimiu a
antiga sabedoria da Deusa. O que se perdeu foi o
segredo da Perséfone madura, a sabedoria daquela
que conhece os mecanismos da vida e da morte, as
energias que determinam as estações, a
sexualidade e o nascimento, daquela que
compreende o hiato entre os dois mundos.
A Perséfone madura ressurgi de algum modo do
mundo espiritual, ainda que permaneça em contato
com ele. Ela torna-se feiticeira, uma mulher
sábia, alegre e bem humorada, que acha engraçada
e divertida toda a loucura humana. E, mesmo
quando anciã, ainda preserva toda sua juventude
e, como uma jovem iniciada, traz consigo a
jubilosa sabedoria dos anos.
6. MULHER-DEMÉTER
Não é difícil achar Deméter, pois ela sempre
estará rodeada de crianças. É aquela faz e
distribui o pão, que passa a noite acordada
cuidando do filho doente, que cozinha, que lava
e passa e que ainda tem reservas inesgotáveis de
energia. Deméter é mais que uma mãe biológica,
pois não é ter filhos que a faz mãe, é sua
atitude, sua maneira instintiva de cuidar de
tudo que é pueril, pequeno, carente e sem
defesa. Deméter é pura dedicação e doação,
sentimentos que conhecemos como "carinho de
mãe".
É importante dizer que há algo de singular no
carinho materno de Deméter. Isso não quer dizer
que as outras deusas não possam ser mães, mas
para Deméter ser mãe é tudo. Afrodite é uma mãe
sensual que adora vestir os filhos e "curtir" um
cinema. As Artemis tem uma meiguice selvagem e
tratam seus filhos como filhotes de fera. Atena
mal pode esperar que eles falem para conversar e
estimular sua educação. Perséfone também é
profundamente envolvida com os filhos, mas de
maneira mais psíquica e
intuitiva. A mãe Hera é tão cheia de regras,
censuras e expectativas que resta pouca ternura
para criar seus filhos. Somente Deméter se
identifica plenamente com a maternidade, quase à
exclusão dos outros interesses.
Ela é tão envolvida com o fato de ser mãe que
não arranja tempo para comprar um vestido novo,
ir ao cabeleireiro e outras atividades que toda
a mulher gosta de fazer para si mesma. Deméter
se sente totalmente realizada fazendo o que faz,
sendo mãe.
O instinto para acalentar que existe em Deméter
pode ser facilmente identificado em meninas
brincando com bonecas. Uma vez jovem, Deméter é
tão identificada com a mãe, que haverá uma
relação quase simbiótica entre ambas.
Mas por mais belo que pareça este quadro de
Deméter se realizando como mãe, ele está muito
longe de ser uma realidade para a maioria das
mães modernas. As pressões físicas e econômicas
da mera subsistência tendem a exigir que as
mulheres grávidas trabalhem até o dia do parto.
Ficam licenciadas por um determinado tempo e são
obrigadas a retornarem ao trabalho, sem a menor
possibilidade de dar a devida atenção aos seus
bebês.
Individualmente, as mulheres que representam o
modo de ser de Deméter não têm como expressar e
como competir com as mulheres-Atenas bem
instruídas que detêm influência política. Ela
não é intelectual, via de regra, e não gosta de
se expressar em público. Os planos que são
concebidos para devolver as mães à força de
trabalho e torná-las independentes dos homens
são concepções de Atena e deixam a
mulher-Deméter perplexa.
CONCLUSÕES
Quando se tiver uma visão mais clara de quais
deusas são dominantes em nós mulheres e quais
influenciam a vida dos homens, devemos então
dedicar nossa atenção às deusas que se mostram
mais frágeis dentro de nós.
Dialogar com elas através de um diário pessoal,
pode ser o primeiro passo de aproximação. Mas
entenda, que é fácil demais desenvolver uma das
deusas e viver de acordo com seus ditames. Uma
mulher, entretanto, não pode se tornar apenas
uma matriarca de uma família (Hera), sem jamais
trabalhar (negligenciando Atena), sem jamais
dedicar-se à sua sexualidade (ignorando
Afrodite) ou o seu mundo interior (Perséfone).
Igualmente o homem se esquiva das mulheres
intelectuais (Atena), evita as maternais
(Deméter) ou as mulheres fortes (Hera) e busca
somente parceiras sexuais que o excitem: está na
realidade preso numa ligação neurótica com
Afrodite.
Todas as deusas têm histórias para contar,
contribuições a fazer e sabedoria para
compartilhar. Se Afrodite faz loucuras por amor,
Hera teme que o casamento se rompa. Se Deméter
deleita-se com seus filhos, Perséfone acalenta
sua interioridade e Atena busca a ascensão
profissional, assim como Artemis sonha com uma
cabana na floresta. Entretanto, cada uma têm
algo que as outras desconhecem. Á medida que as
diversas deusas ganham vida dentro de nós,
veremos que diversos aspectos são ativados.
Isto será então motivo de júbilo:
AS DEUSAS PERDIDAS ESTÃO VOLTANDO!
Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO
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