Soneto do gato morto
Um gato vivo é qualquer coisa linda
Nada existe com mais serenidade
Mesmo parado ele caminha ainda
As selvas sinuosas da saudade
De haver sido feroz. À sua vinda
Altas correntes de eletricidade
Rompem do ar as lâminas em cinza
Numa silenciosa tempestade.
Por isso ele está sempre a rir de cada
Um de nós, e ao morrer perde o veludo
Fica torpe, ao avesso, opaco, torto
Acaba, é o antigato; porque nada
Nada parece mais com o fim de tudo
Que um gato morto.
Vinícius de Moraes
O gato
O gato é secreto.
Tece com calma o mistério do mundo.
O gato é elétrico.
Pura energia a percorrer a espinha.
O gato é orgulho.
Sem humildade, jamais se entrega.
O gato é desejo.
Atração pela lua e telhados.
O gato é sagrado.
Olho no olho que brilha.
Um susto.
Parece que vemos Deus.
Donizete Galvão
Por quê?
Por que me culpas
de coisas que nem tentei fazer ?
Por que me julgas se escutas
coisas que nem imaginei falar ?
Por que me maltratas
quando eu te quero bem ?
Por que me silencias
antes de ter a chance de te amar ?
Por que me tiras o sono
e assim deixo de sonhar ?
Por que me viras o rosto
e assim deixo de ver teu olhar ?
Por que me respondes com outra pergunta ?
Por que me enlouqueces com a tua loucura ?
E do nada acabas com tudo.
Autoria de Jorge Lennon
30 de outubro de 2007
Soneto do gato morto
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