26 de dezembro de 2007

Carl Gustav Jung





OS BRANCOS SÃO LOUCOS


Em sua viagem ao Novo México para ver os índios pueblos, Jung teve uma conversa com um de seus chefes, Ochwiay Biano (Lago da Montanha), que lhe permitiu compreender algumas coisas. Os dois estavam sentados no alto terraço que cobria a casa do índio, e olhavam o Sol brilhante subir lentamente no céu. Após um longo silêncio, Lago da Montanha tirou seu cachimbo da boca, olhou Jung no fundo dos olhos e, abanando a cabeça, lhe disse:

- "Os brancos são cruéis. Veja como os brancos têm um ar cruel. Seus lábios são finos, seus narizes pontiagudos, suas faces lavradas de rugas. Seus olhos são fixos: têm sempre o ar de estar procurando alguma coisa. O que eles procuram? Os brancos estão sempre insatisfeitos, agitados. Nós não sabemos o que eles querem. Não os compreendemos. Nós pensamos que eles são loucos".

- "Os brancos são loucos? Mas por quê?" - Perguntou Jung.

- "Eles dizem que pensam com suas cabeças"- Respondeu Lago da Montanha.
- "Sim, naturalmente", afirmou Jung surpreso. "Com o que pensam os índios"?
- "Nós pensamos aqui, disse Lago da Montanha, mostrando o coração".


Jung foi atingido por outra resposta. Afinal, saber meditar, saber se calar, saber se fundir com a natureza, tudo isto também permite ao homem enriquecer. Certamente, o índio não era menos rico que aquele homem de negócios que havia sido bem sucedido em sua vida material e acreditava ter vencido o mundo, mas que não possuía vida.


Citado em Planeta, da obra “MEMÓRIAS, SONHOS E REFLEXÕES”, de Carl Gustav
Jung

Nenhum comentário: