Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:
"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou:
-- "É um louco!"
Olhei para cima, pra vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei:
"Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura:
E a segurança de não ser compreendido, pois aquele desigual que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
Khalil Gibran
29 de agosto de 2008
Khalil Gibran
às 18:34:00
Marcadores:
Khalil Gibran
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário