Hai-kai da separação
Levas de mim, em teu centro,
tudo de bom que eu tenho!
Levo de ti, em meu canto,
tudo de bom que tens!
A vida leva de nós
em seu último momento,
o Eterno Encontro!
João de Abreu Borges
Vem me buscar...
Caminhamos em tempos diferentes
Sem um rumo sequer
Você procura seu lado gente
Eu desabrocho como mulher...
Eu que o ciúme desconhecia
Passo horas a imaginar
A outra: Que heresia!
Seu sagrado corpo tocar...
Rolo sempre na cama
Mas não é por prazer
Só loucura de quem ama
Aquele que não pode ter...
Penso que mais fácil seria
Procurar outro qualquer
Mas seria hipocrisia
Já que só você meu corpo quer...
Continua doendo tanto
Que mil vezes me vejo a implorar
Volta, ainda que por encanto
Venha, por favor, me amar...
Você procura por sua essência
E eu imploro seu amor fatal
Por você perco a inocência
Transformo-me em simples mortal...
Me perco nessa sina minha
Sendo o que você quiser
Destruo minha coroa de rainha
Para ser apenas sua mulher...
Se tudo isso não comove
Ainda volto a clamar
Venha com o vento que te move
Volta e vem me buscar...
Autoria de Lou de Olivier
A garotinha
O homem por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída.
Uma garotinha se aproximou da loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos da cor do céu, brilhavam quando viu um determinado objeto.
Entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesa azul.
- É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito?, diz ela.
O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou:
- Quanto de dinheiro você tem?
Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo
os nós. Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse:
- Isso dá?
Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.
- Sabe, quero dar este presente para minha irmã mais velha. Desde que morreu nossa
mãe ela cuida da gente e não tem tempo para ela. É aniversário dela e tenho certeza
que ficará feliz com o colar que é da cor de seus olhos.
O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.
- Tome!, disse para a garota. Leve com cuidado.
Ela saiu feliz saltitando pela rua abaixo.
Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem de cabelos loiros e
maravilhosos olhos azuis adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e indagou:
- Este colar foi comprado aqui?
- Sim senhora.
- E quanto custou?
- Ah!, falou o dono da loja. O preço de qualquer produto da minha loja é
sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente.
A moça continuou:
"Mas minha irmã tinha somente algumas moedas! O colar é verdadeiro, não é?
Ela não teria dinheiro para pagá-lo!"
O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e o devolveu à jovem.
- Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar.
ELA DEU TUDO O QUE TINHA.
O silêncio encheu a pequena loja e duas lágrimas rolaram pela face
emocionada da jovem enquanto suas mãos tomavam o pequeno embrulho.
"Verdadeira doação é dar-se por inteiro, sem restrições.
Gratidão de quem ama não coloca limites para os gestos de ternura.
Seja sempre grato, mas não espere pelo reconhecimento de ninguém.
Gratidão com amor não
apenas aquece quem recebe, como reconforta quem oferece."
Fonte:http://www.mulhervirtual.com.br
Poema de mulher
Que mulher nunca teve
Um sutiã meio furado,
Um tio meio tarado
Ou um amigo meio viado?
Que mulher nunca temeu
Uma consulta dentária,
Passar atestado de otária
Ou a incontinência urinária?
Que mulher nunca tomou
Um fora de querer sumir,
Um porre de cair
Ou um lexotan pra dormir ?
Que mulher nunca sonhou
Com o marido da melhor amiga,
Com a sogra morta, estendida
Ou com uma lipo na barriga ?
Que mulher nunca pensou
Em zunir uma panela,
Jogar os filhos pela janela
Ou que a culpa era toda dela ?
Que mulher nunca penou
Pra ter a perna depilada,
Pra aturar uma empregada
Ou pra trabalhar menstruada ?
Que mulher nunca acordou
Com um desconhecido ao lado,
Com o cabelo desgrenhado
Ou com o travesseiro babado ?
Que mulher nunca comeu
Uma caixa de Bis, por ansiedade,
Uma alface, no almoço, por vaidade
Ou um canalha por saudade ?
Que mulher nunca apertou
O pé no sapato pra caber,
A barriga pra emagrecer
Ou um fininho pra enlouquecer ?
Que mulher nunca jurou
Que não estava ao telefone,
Que nem pensa em silicone
Ou que "dele" não
lembra nem o nome?
(A.D.)
Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
partem tão tristes os tristes,
tão fora de esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
João Roiz de Castelo-Branco
O AMOR
Almitra pediu: fala-nos do amor.
O profeta ergueu a cabeça e olhou a multidão em silêncio. depois numa voz forte e firme exclamou:
- Quando o amor vos fizer sinal, segui-o, ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos, ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir. e quando vos falar, acreditai nele, apesar de a sua voz poder quebrar os vossos sonhos como o vento norte ao sacudir os jardins.
khalil Gibran
ROMANCE PELO CHAT
- Doutor, sofro de insônia. Levantei ontem à noite e flagrei meu marido fazendo sexo pela Internet. Isso é traição?
- Em primeiro lugar, de onde a senhora está teclando?
- Taguatinga. E o senhor?
- Miami. Veja, sua pergunta já traz uma resposta embutida: SIM. O relacionamento
conjugal implica em trocas e responsabilidades, e esse seu incômodo significa que a senhora não está recebendo a atenção da qual se julga merecedora.
- Aquele safado!
- Essa aparente discordância sobre o tema deveria ser objeto de um diálogo com seu marido.
- Maníaco, é o que ele é!
- Talvez a senhora devesse procurar um psicoterapeuta ortodoxo, e não um profissional on-line como eu.
- Sabe o nome da sirigaita, doutor? Lara Croft.
- Hummm... Interessante. Isso abre um novo campo. Se o seu marido se relaciona com um personagem de videogame, talvez tenhamos de voltar a questões mal resolvidas que ficaram lá da infância.
- A magrela peituda da Lara Croft! E olha que eu tenho muito mais carne do que aquela tábua de passar roupa empenada.
- Hummm... Interessante essa questão da auto-imagem. A senhora poderia descrever-se?
- 35 anos, mas aparento menos. Peso proporcional. Loira.
- Legítima?
- Eu pinto o cabelo há tanto tempo que já virei legítima.
- Hummm... Interessante essa transferência da persona morena para a persona loira. A senhora referiu-se a Lara Croft como - deixe-me voltar o cursor - magrela peituda.
Talvez a não aceitação do corpo esteja provocando crises de auto-estima. Gostaria de ter seios maiores?
- Não. São de bom tamanho. Todo mundo elogia.
- Hummm... Interessante. Qual o seu número?
- Nunca lembro. Vou olhar na etiqueta. 46.
- Hummm... Interessante. A senhora tem uma webcam aí?
- Uma o quê?
- Câmera conectada à Internet.
- Não, doutor. Para quê?
- Para eu ver seus olhos, o espelho da alma. Curiosidade, só.
- Hummm... Também sou curiosa. Como o senhor é?
- Um tipo comum, 53 anos, cabelos grisalhos.
- Adoro homens grisalhos. Será alguma coisa mal resolvida na relação entre meu pai e eu?
- Talvez a senhora deva procurar um terapeuta sexual on-line.
- O senhor não é terapeuta sexual e nós não estamos on-line?
- Sim, mas não acho ético um terapeuta analisar a paciente pela qual se sente atraído... Ops!
- O senhor, atraído também? Então, o que nós estamos fazendo não é sexo pela
Internet? Ou pelo menos umas preliminares? E isso não é traição?
- NÃO. Relaxe. E fale-me dessas suas noites de insônia.
- Falo. Mas, só uma coisinha, doutor: a webcam é mais barata aí em Miami, ou aqui na Feira do Paraguai?
O que dizer a respeito da traição virtual?
A fidelidade exigida no casamento depende do tipo de acordo entre as partes, mas envolve também alguns fatores objetivos. Entre um cônjuge e um personagem de livro, filme ou videogame não haveria infidelidade, embora a obsessão de um por isso ou por qualquer outra coisa, com conotação mais, menos ou nada sexual, pudesse influir em sua capacidade de pagar devidamente suas obrigações conjugais relativas a conjunções carnais e outras atenções concomitantes ou não.
Quanto a outro cônjuge atrair-se ou apaixonar-se por um terceiro, isso também ainda não constitui infidelidade, mesmo que seja correspondida na paixão ou atração. A infidelidade vai depender da consumação da infidelidade, mediante conjunções carnais - adultério - ou outras ações que, embora tecnicamente não configurem adultério, configuram grave humilhação para o cônjuge traído, e são motivos suficientes para a separação onerosa (com direito de indenização à parte vítima do adultério ou humilhação). Nota que no caso desse pequeno conto, não há propriamente um jogo "amoroso" deliberado, apenas a constatação de uma atração recíproca, o que não constitui traição às regras conjugais... embora possa causar alguma aflição ao outro cônjuge, caso fique sabendo.
(...) Procurei e achei a lei que fala da tal "conduta desonrosa". É a famosa lei do divórcio (LEI Nº 6.515, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1977, que peguei na Internet http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6515.htm):
"Art. 5º - A separação judicial pode ser pedida por um só dos cônjuges quando imputar ao outro conduta desonrosa ou qualquer ato que importe em grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida em comum. "
Nota que nesse caso são pertinentes aspectos peculiaríssimos de cada um e cada casamento, embora também envolva a questão da razoabilidade. Mais uma vez, o incerto será a caracterização de culpa - e respectivos ônus, como dever de indenização ou perda de certos direitos - na separação... mas, realmente, "motivo" para a separação ou divórcio é quase que garantida no caso de uma das partes meramente se sentir inconformado com uma conduta ou mera preferência do cônjuge. Vale até ciúmes por conta da admiração platônica pelo Jô Soares ou da Marta Suplici, da parte do outro cônjuge. Pretexto ou maluquice serve para separar... afinal, também serve para juntar...
Régis Antônio Coimbra
22 de novembro de 2009
Mulheres na Rede
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário