31 de agosto de 2007

Frases






“O ponto culminante da vida é a compreensão da vida”.G. Santayana
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“Minha força é não ter encontrado resposta para nada.”E. M. Cioran
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"Viver é curar-se e renovar-se todos os dias, é também encontrar-se de novo e reconquistar-se". Henri-Frédéric Amiel
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"É preciso conhecer-se a si mesmo; se isso não servisse para encontrar a verdade, serviria ao menos para regular a vida, e não há nada mais justo." - Pascal
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"É preciso Ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante" (Nietzsche)
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"O principal objetivo da terapia psicológica não é transportar o paciente para um possível estado de felicidade, mas sim ajudá-lo a adquirir firmeza e paciência diante do sofrimento. A vida acontece num equilíbrio entre alegria e a dor" (Jung)
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Não Sei





Poesia do Alejandro Spangenberg
in "Terapia Gestáltica e a inversão da queda".


Não Sei


(...)
vou dizer que venho dos sentimentos
e vou para a paixão
porque quero
e não sei
Quero dizer que tenho medo
mas vou indo assim mesmo
apesar de não saber aonde
porque quero
e continuo sem saber
quero dizer e digo
que eu venho aqui colocar o coração
precisem dele ou não
porque é o único que tenho
e sei bem isso
mas se me permitem
quisera acrescentar que amo
e que meu amor não pára em jardins e casa
anda solto como águia sem ninho
como criança desnuda
como primavera de pobres
porque não sei
posso amar
mas quisera sentar-me aqui com vocês
para perder tempo
para falar um pouco
para dizer-nos coisas
para tocar-nos
para recordar por que nos une um mesmo sonho
porque não sei
mas tenho vontade
talvez então possa confessar-lhes
coisas que tenho medo de falar

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Pensamentos soltos





(...) Aceitar que as relações entre pacientes e profissionais possam também ser afetadas (de ambos os lados) por sentimentos de amor e ódio e considerá-los como sentimentos fundamentais em todas as relações humanas, implica admitir um conceito que ocupa um lugar importante na psicanálise, que é o conceito de transferência, isto é, a vivência de fortes sentimentos deslocados para o outro no relacionamento. São elementos reprimidos infantis, que ganham nova expressão no espaço emocional, criado pelo encontro “profissional - paciente”, sem que este tenha consciência do fenômeno em questão.
Numa direção paralela, temos os sentimentos despertados no profissional pelo paciente, que Freud denominou contra-transferência.
Enfatizamos a importância do vínculo afetivo na percepção do outro. Quando admito que o outro está doente, isto me leva naturalmente para a posição daquele que responde à necessidade, ou seja, à adaptação, à preocupação e à confiabilidade, à cura no sentido de cuidado. Quando falamos de cuidado

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Au jour le jour

Não tenho vísceras pras formas, as sensações, os gestos e o gosto terrenos.
Tendo fome de éter, meu estomago regurgita as formas terrenas.
Por arrebatamentos ininteligíveis meu peito repudia as sensações terrenas.
Minha íris não distingue os desfocados gestos terrenos.
Minha saliva exorta os amargos gostos terrenos.
Meu casulo não é o recôndito, onde perfil inacabado e torpe se recolhe para transmutar em matéria livre, ele é minha fuga da realidade.
Nele não transmuto, metafisicamente me recrio.
A fuga da realidade que me imponho é a empreitada frustrada de disfarçar minha inépcia de viver.
A metafísica dos filósofos é uma tentativa frustrada de disfarçar uma inépcia para a vida.
Mas ainda, e talvez por isso, busco por respostas nas estrelas.
Talvez por isso e, mais ainda, tome moinhos de vento por gigantes.
Ainda isso talvez mais por, minha insaciável lascívia por amor.

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"Jovem guerreira, uma episódica conduta sua pode surpreendê-la... Talvez até a faça supor que ela não represente a sua essência... De fato, ela é uma declarada nuance de seu cerne... que se expõe à revelia de seu consentimento racional... Ela é um gesto seu... Não importa o que ele signifique... nem em que circunstância ele se manifeste... Ele jamais deixará de refletir você... Você real... Você acidental... Você possível... ou você potencial... mas sempre você... É útil refletir sobre isso? Penso que sim! Essa ponderação pode fazer você se perceber mais desconhecida, expansível, surpreendente e instigante do que poderia imaginar... tal como o universo..."
xamã Ererê

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Seu olhar azul
aponta pro sul
sua sorte
nos mostra o norte
sua força investe
tanto faz leste ou oeste
importa apenas
mesmo que a duras penas
em São Paulo ou Atenas
encontrar felicidade
apesar da realidade.
Vai...
Vai, sobe no teu palco de mentiras
Tortura a doce vida
O louco amor
Acaba com o sonho de outrora
Devora todo o resto,
Joga fora...

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PSICANÁLISE





PSICANÁLISE

Quando acordei, senti um solzinho no rosto
Que de tão frio parecia uma luinha.
Num estalinho a caminha se desfez.
Depois deerguer-me (o que foi demais)
A casinha desabou
E vi lá embaixo criaturinhas saltitantes
Com seus arquinhos e lancinhas e vontadinhas e furiazinhas.
E eis que numa orquestrinha sinfônica de Guliver
A maiorzinha das criaturas
Se viu no maior dos predinhos
na mira da artilhariazinha mais pesada dos aviões de brinquedo.
Era minha inconstância
que tomou muito remédio para crescer.

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SANTO

Santo disfarçado
de louco safado
embriagado nos beijos
de santas sacanas...

A tristeza se perdeu
em algum lugar aéreo,
meu pensamento etéreo
brilha na imensidão.

O que mora em mim
é a alegria embriagante
do querer gostoso
de estar com você.

Abençoado estou
com seus sonhos
e desejos ardentes
de dama faminta
por beijos indefectíveis.

Santo, sou
Debaixo de lençois
a abençoar fiéis
em busca do gozo...

Devora-me com sua língua
e deixa-me sem saber
o que dizer!

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Incerto

Quem saberá o que o dia traz?
O futuro não está mais escrito,
A caneta em nossas mãos, o infinito.

O bonito previsível, o impensado,
Do destino deste fado miserável,
Que herdei do ventre do meu passado.

A calma serena de esperar,
O dia calmo, do simples viver,
O ar pesado pra respirar, pra nos sufocar.

Se perder no que me encontro,
No horizonte que com que me defronto,
O espelho me que me escondia a face.

O reflexo da alma,
A falsa calma, o disfarçado sofrer,
O sorver da vida, o lembrar e esquecer.

Rosa Panerari / Polak

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Poesias





Alma Vadia

Minha alma alegre e inconstante, romântica e aventureira, fugiu, saiu de mim... vagueia longe, distante, de utopia em utopia, entre o mundo e o sub mundo.

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Os segredos que guardo
Saltitam entre as gavetas
Exibem-se pelas frestas
Insinuam-se
São segredos despudorados
Mistérios falsificados
Porta entreaberta
que te convida a entrar

Ana Cabral

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Poeta


Para ser poeta é preciso ser louco;
Deixar o coração gritar até ficar rouco;
De tanto amar, de tanto chorar,
De tanto odiar o ter que calar

Emoções, sentimentos
Conclusões, pensamentos,

Que o mundo cinzento de duro concreto
Em vão aprisiona;
A poesia atravessa o teto

Da ignorância, insensibilidade.
O poeta tem meios que outros não tem;
Pra driblar os bloqueios que da vida advém.

E tocar corações;
Despertar emoções.

Rosely T. Sales

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Manual de não-intrução





Manual de não-intrução



Minha vida tem um buraco que não sei de que é feito. Era para tudo ser muito fácil, mas eu encasquetei de fazer tudo do jeito mais difícil. Meu problema sou só eu. Não me odeie por eu ser assim. Eu tenho a culpa de todas as culpas e, as que não tenho, tomo para mim. Eu tenho crises de segunda a noite porque me dá um vazio de não me achar. Eu tenho crises de quarta porque me achei e não gostei. Tem quem me ache sublime por tão alegre e tão melancólica assim. Eu me acho insuportável. Ok, e ao mesmo tempo a pessoa mais legal do mundo. enviar recado cancelar apagar 30 ago (2 dias atrás)
Cyber Blue:
Eu não gosto que me escolham caminhos e fico puta porque há um tempo tenho deixado a vida escolher. Eu tenho tudo e às vezes me sinto completamente sem nada só porque a chuva cai e o sol não brilha. E se brilha, tem o maldito tom de amarelo a que eu chamo de pureza. Que eu já não sei se sei distinguir.

Eu tenho medo de crescer e ao mesmo tempo cresci rápido demais. Eu me afobo e paro. Mas quando paro, fico afobada, porque acho que o tempo passou e eu não fui junto.

Porque você gosta de mim? Você me perguntou e se perguntou isso em um recado de voz. Eu não sei responder. Você gosta de mim por tudo o que eu sou e por tudo o que eu não sou. E eu sofro, porque não sei ser não sendo. Não ser é ser sem escolher. E eu gosto de escolher, lembra? enviar recado cancelar apagar 30 ago (2 dias atrás)
Cyber Blue:
De verdade? Não sei porque te falo tudo isso. Acho que quero te convencer de uma vez que eu sou louca para poder agir feito uma sem o medo de de repente você descobrir que eu sou louca e de repente não gostar mais de mim. Ou quero te convencer que não existe porque gostar de mim. Só porque sou louca.

Você me pediu para escrever um poema para você. Mas para escrever poema, tem um lado meu que precisa de férias dos dedos ávidos por palavras que façam sentido sem beleza. Porque, afinal, as vezes eu acredito em beleza, as vezes não.

Sabe porque eu não me encontro? Porque por definição eu sou contraditória e quem é contraditória não pode se definir. Se não me defino, não sei quem sou, não me encontro. Mas se deixo de ser contraditória, deixo de ser eu e, logo, também não me encontro.

Me explica, porque você encanou de me encontrar?


Myla Verzola

Deixe aflorar toda a sua doçura






Deixe aflorar toda a sua doçura !


Às vezes, fico me perguntando porque é tão difícil ser transparente... Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros. Mas ser transparente é muito mais do que isso.

É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que a gente sente... Ser transparente é desnudar a alma, é deixar cair as máscaras, baixar as armas, destruir os imensos e grossos muros que nos empenhamos tanto para levantar...

Ser transparente é permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche, transborde! Mas infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco. Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana.

Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nosso ser... Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas à simplesmente nos entregar e admitir que não sabemos, que temos medo! enviar recado cancelar apagar 30 ago (2 dias atrás)

Por mais doloroso que seja ter de construir uma máscara que nos distancia cada vez mais de quem realmente somos, preferimos assim: manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção...

E assim, vamos nos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos... Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas apenas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado...

Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar... doçura, compaixão... a compreensão de que todos nós sofremos, nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho antes de dormir, num silêncio que nos remete a uma saudade desesperada de nós mesmos... daquilo que pulsa e grita dentro de nós, mas que não temos coragem de mostrar àqueles que mais amamos! enviar recado cancelar apagar 30 ago (2 dias atrás)

Porque, infelizmente, aprendemos que é melhor revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar do que simplesmente dizer: "você está me machucando... pode parar, por favor?". Porque aprendemos que dizer isso é ser fraco, é ser bobo, é ser menos do que o outro. Quando, na verdade, se agíssemos com o coração, poderíamos evitar tanta dor, tanta dor...

Sugiro que deixemos explodir toda a nossa doçura! Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não esconder tanto o nosso medo, não desejar parecer tão invencível...

Que consigamos não tentar controlar tanto, responder tanto, competir tanto... Que consigamos docemente viver... sentir, amar... apesar de todo o risco que isso possa significar...

Rosana Braga

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Dá-me a tua mão




Dá-me a tua mão:


Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

- Clarisse Lispector -

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Sempre

Eu te contemplava sempre
Te mirei de mil mirantes
Mesmo em sonho estive atento
Para poder lembrar-te sempre
Como olhando o firmamento
E as estrelas cintilantes
Que se foram para sempre
No teu corpo em movimento
Os teus lábios em flagrante
O teu riso, o teu silêncio
Serão meus ainda e sempre
Dura a vida alguns instantes
Porém mais do que o bastante
Quando em cada instante é
sempre"


"Sempre", de Chico Buarque,
tema do filme: "O Maior Amor do Mundo",
de Cacá Diegues

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Voar




Vou voar,
quero pousar em outros braços,
descobrir a cor do infinito, onde a lua não se esconde,
onde as nuvens passam baixo,
onde cada estrela é uma estrela guia,
e onde os homens chorarm sem se esconder...

Vou voar,
nessa noite onde a insônia vem me torturar,
eu te busco e não te encontro,
eu te quero e me desespero, por não te achar,
as mãos vazias não encontram teu corpo,
nem o teu cheiro está mais aqui...
preciso voar...

Vou sair na noite que parece não ter fim,
procurando uma alma sedenta,
ansiosa como eu por compreensão,
para sentarmos juntos naquela pedra,
aquela diante do mar, onde os casais sonham,
e juntos, somaremos nossos sonhos,
e poderemos finalmente,
voar pelos caminhos iluminados do amor.

Vamos voar?

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MULTIDÃO E PRINCÍPIO DE INDIVIDUAÇÃO




MULTIDÃO E PRINCÍPIO DE INDIVIDUAÇÃO

A multidão é uma rede de indivíduos. O termo “multidão” indica um conjunto de singularidades contingentes.
Essas singularidades não são, no entanto, uma circunstância sem nome, mas, ao contrário, o resultado complexo de um processo de individuação. (...) o ponto de partida de toda verdadeira individuação é algo ainda não individual. O que é único, não reprodutível, passageiro, provém, de fato, do que é mais indiferenciado e genérico. As características particulares da individualidade enraízam em um conjunto de paradigmas universais. (...) Mas o que é exatamente o individual? (...)

(Leia artigo na Integra na Midiateca HannaH)
http://groups.google.com/group/Midiateca-HannaH/fileshttp://groups.google.com/group/Midiateca-HannaH/web/MULTID%C3%83O+E+PRINC%C3%8DPIO+DE+INDIVIDUA%C3%87%C3%83O.pdf

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Por onde andares encontraras gente...

"Ciência da Computação está tão relacionada aos computadores quanto a Astronomia aos telescópios, Biologia aos microscópios, ou Química aos tubos de ensaio. A Ciência não estuda ferramentas. Ela estuda como nós as utilizamos, e o que descobrimos com elas."

http://pt.wikiquote.org/wiki/Dijkstra

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Dicas do Gustavo Gitti

"Somos, a um só tempo, totalmente expostos, cognoscíveis, e totalmente inacessíveis, inescrutáveis. Nosso parceiro sempre está perto demais e distante demais. Em nossa dimensão epidérmica, desejamos nos vestir com o outro, desejamos intimidade. Em nossa dimensão abismal, nos apaixonamos ao correr a distância irredutível do outro."


Não Dois, Não Um - Blog sobre relacionamentos lúcidos

Sobre homens indecisos (parte 1)
http://nao2nao1.com.br/ensaios/sobre-homens-indecisos-parte-1/

Sobre homens indecisos (parte 2)
http://nao2nao1.com.br/ensaios/sobre-homens-indecisos-parte-2/

Meditação: um guia para homens céticos como você e eu
http://nao2nao1.com.br/ensaios/meditacao-um-guia-para-homens-ceticos-como-voce-e-eu/

Dicas rápidas para qualquer relação (9-15)
http://nao2nao1.com.br/dicas/dicas-rapidas-para-qualquer-relacao-9-15/ enviar recado cancelar apagar 10:28 (14 horas atrás)

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Linkar é existir






Linkar é existir

Uma vida sem links nos revela uma incapacidade de relacionamento com outras pessoas. Mas parece que isso não existe. Pelo menos no munddo real. Vivemos entre pessoas, amigos (ou nem tanto) e familiares. Na web, no entanto, linkar é existir.

Hernani Dimantas

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O futuro já não é o que era

"No passado, prever o futuro era mais fácil e a previsão de fato acontecia. Hoje, o futuro envolve muita tecnologia e a mais presente de todas é a Internet. Essa tal de Internet sabe quase tudo, mas não nos conta quase nada! Por que será?"

JEAN PAUL JACOB
Gerente de pesquisas do centro IBM de pesquisas de Almaden
Califórnia - EUA

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Sou uma espécie de pensador selvagem, assim no sentido que se fala em capitalismo selvagem. Vou lá, ataco um lado, ataco o outro lado, meu pensamento é um pensamento assistemático, como, aliás, eu acho, é o pensamento criador. Chego, às vezes, a suspeitar que os poetas, os verdadeiros poetas, são uma espécie de erro na programação genética. Aquele produto que saiu com falha, assim, entre dez mil sapatos um sapato saiu meio torto.

Leminski

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Não posso estar em erro acerca de 12x12 ser 144. E não se pode opor a certeza matemática à relativa incerteza das proposições empíricas. Porque a proposição matemática foi obtida por uma série de ações que não são de modo algum diferentes das ações da restante vida e são no mesmo grau afetadas por esquecimentos, lapsos e confusões. (...) Se a proposição 12x12=144 está fora de dúvida, então também as proposições não–matemáticas têm de estar

Wittgenstein

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Os signos verbais ficarão encarregados de calar, de mascarar, de tapear: não demonstrarei nunca, verbalmente, os excessos do meu sentimento. Nada tendo dito sobre os estragos dessa angústia, poderei sempre, quando ela tiver passado, ter certeza de que ninguém terá sabido dela. Força da linguagem: com minha linguagem posso fazer tudo: até principalmente não fazer nada.
Posso fazer tudo com minha linguagem, mas não com meu corpo. O que escondo pela linguagem, meu corpo o diz. Posso modelar à vontade minha linguagem, não minha voz. Não importa o que diga minha voz, o outro reconhecerá que "eu tenho qualquer coisa". Sou mentiroso (por preterição), não comediante. Meu corpo é uma criança cabeçuda, minha linguagem é um adulto civilizado.

Roland Barthes

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Gil Giardelli





Post de Gil Giardelli


http://www.youtube.com/watch?v=pMwqUdImgJs


Este vídeo é espetacular!
É Humanidade 4.0 pura!
É o amor incondicional de uma mãe e um pequeno filhote.
Que na verdade são caçado e caçador. Predator e presa.
E depois dizem que nós somos os seres evoluídos!!!!
E por que este vídeo está aqui em um blog tão especifíco!
Por que se não fosse a Internet eu nunca receberia este video.
Se não fosse a Internet nehuma mente geniosa inventaria o Youtube.
Vendo este vídeo fez me lembrar de um poema de Manuel Bandeira, que diz assim;

Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.


http://gilgiardelli.wordpress.com

29 de agosto de 2007

Jesus Cristo - Psicólogo

Jesus: O MAIOR PSICÓLOGO QUE JÁ EXISTIU
Mark W. Baker

Como os ensinamentos de Cristo podem nos ajudar a resolver os problemas do cotidiano e aumentar nossa saúde emocional.

INTRODUÇÃO


Jesus entendia as pessoas. Sabemos disso porque talvez ele seja quem mais influenciou a história. Culturas foram formadas, guerras travadas e vidas transformadas em decorrência do seu ministério há dois mil anos. Como psicólogo, sempre fui fascinado pela pergunta: por que os ensinamentos de Jesus tinham tanto poder? Depois de estudar muitos anos, descobri que se compreendêssemos psicologicamente os ensinamentos de Jesus poderíamos entender por que suas palavras exerceram um impacto tão profundo nos seus seguidores. As teorias psicológicas atuais nos permitem perceber que o fato de Jesus compreender tão profundamente as pessoas fazia com que elas quisessem ouvi-lo.
Há mais de vinte anos interesso-me pelo estudo tanto da teologia quanto da psicologia. Descobri que cada uma dessas disciplinas ajuda a aprofundar meu entendimento da outra. Fico sempre admirado ao constatar como os pontos de concordância entre os princípios espirituais e os emocionais podem favorecer a saúde tanto emocional quanto física.
Freud, no entanto, considerava a religião uma muleta que as pessoas usam para lidar com seus sentimentos de desamparo. Esta postura deu início a uma guerra entre a psicologia e a religião que continua até hoje. Alguns psicólogos encaram a religião como um culto que limita o potencial humano, e pela mesma razão algumas pessoas religiosas olham a psicologia com preconceito. Descobri que a animosidade existente em ambos os lados deste conflito tem origem no medo. O medo dificulta o entendimento. É necessário que as pessoas parem durante algum tempo de se sentirem ameaçadas para que consigam ouvir umas às outras e comecem a atingir um entendimento mútuo.
Há alguns anos um colega pediu-me que o substituísse em uma palestra que iria dar domingo numa igreja. Embora eu não soubesse nada a respeito dessa igreja, concordei em apresentar um dos meus textos sobre um tema psicológico que considero importante e que adaptei para uma audiência religiosa. Pouco depois de ter começado a palestra, um homem sentado na parte de trás da sala levantou a mão e disse: "Este seria um seminário interessante para uma terça-feira à noite na biblioteca ou algo parecido, mas certamente não é adequado à Casa de Deus no dia do Senhor!" Infelizmente esta não foi à primeira nem a última vez em que, ao fazer uma abordagem psicológica, despertei a hostilidade de pessoas religiosas.
Mas o contrário também sucede. Certa vez, depois de uma série de conversas com um grupo de psicanalistas sobre o cristianismo, expressei meu desapontamento em relação ao preconceito que o grupo demonstrava contra as pessoas religiosas. A explicação de um dos psicanalistas para tal comportamento foi: "Convivo com esses profissionais e acho que eles não conhecem nenhum terapeuta que seja ao mesmo tempo inteligente e cristão." Verifiquei naquele momento que o preconceito existe de parte a parte.
Felizmente, psicólogos contemporâneos estão reavaliando muitas das idéias de Freud, inclusive seu preconceito em relação à religião. Venho acompanhando esse processo com entusiasmo há vários anos. Os pontos de concordância entre as teorias contemporâneas e os ensinamentos de Jesus têm me impressionado.
Muitos livros já foram escritos sobre esses ensinamentos. Entretanto, eu gostaria de acrescentar algumas reflexões novas a respeito dessa antiga sabedoria. Os estudos que fiz sobre as teorias psicanalíticas contemporâneas possibilitaram-me interpretar as palavras de Jesus sob um novo prisma e enriqueceram a minha vida e a vida dos meus pacientes. Em vez de achar que essas lições entram em contradição com as novas descobertas psicológicas, eu considero que elas produzem novas e profundas percepções que eu não havia entendido antes. Neste livro vamos examinar de outra perspectiva algumas das parábolas mais conhecidas para aprender algo novo a respeito da sabedoria de Jesus à luz do pensamento psicológico contemporâneo.
Cada um dos capítulos que se seguem concentra-se em um conceito psicanalítico que ilustrarei com os ensinamentos de Jesus. Faço referências em notas no final do livro para aqueles que desejarem ler textos psicanalíticos técnicos mais elaborados. Esforcei-me para traduzir esses conceitos complicados em termos simples, sem sacrificar a integridade do seu significado.
Acredito que muitos desses princípios espirituais tragam benefícios em nossas tentativas de encontrar o equilíbrio psicológico. Procurei dar exemplos de como esses princípios se aplicam hoje em dia às nossas vidas. Os exemplos que usei foram extraídos das experiências de pessoas com quem trabalhei que conheci ou a respeito de quem li. Por motivos confidenciais, cada exemplo é na verdade uma composição de várias histórias e não representa ninguém em particular. Independentemente das nossas crenças religiosas ou psicológicas, todos podemos nos beneficiar dessa eterna sabedoria.


PRIMEIRA PARTE


Entendendo as pessoas


CAPÍTULO 1


Entendendo como as pessoas pensam

"Com que compararemos o reino de Deus ou que parábola usaremos para descrevê-lo? Ele é como a semente de mostarda, que é a menor semente que plantamos no solo. No entanto, quando plantada, ela cresce e torna-se a maior de todas as plantas do jardim, com ramos tão grandes que os pássaros do ar podem se abrigar à sua sombra." Com muitas parábolas como essa Jesus anunciava a seus seguidores a Palavra conforme podiam entender. Ele não lhes falava nada a não ser em parábolas.Marcos 4:30-34


Jesus sabia que quase tudo o que fazemos na vida baseia-se simplesmente na fé. A maior parte das nossas decisões é tomada inicialmente em razão do que sentimos ou acreditamos. Só depois racionalizamos para justificar nossas escolhas. Jesus usava parábolas para nos obrigar a lidar com as nossas crenças, e não com nossos raciocínios lógicos.
A pessoa verdadeiramente sábia é sempre humilde. Jesus nunca escreveu um livro, sempre falou por meio de parábolas e conduziu as pessoas à verdade através do seu exemplo vivo. Ele era confiante sem ser arrogante, acreditava em valores absolutos sem ser rígido e tinha clareza sobre sua própria identidade sem julgar os outros.
Jesus abordava as pessoas com técnicas psicológicas que estamos apenas começando a entender. Em vez de mostrar-se superior, dando palestras eruditas baseadas no seu conhecimento teológico, ele humildemente dizia o que queria através de simples histórias. Falava de um modo que levava as pessoas a ouvirem, porque sabia o que as fazia querer escutar. Jesus foi um poderoso comunicador porque compreendia o que a psicologia está nos ensinando hoje: que baseamos a nossa vida mais no que acreditamos do que no que sabemos.
Suas críticas mais severas eram dirigidas aos professores de religião, embora fosse um deles. Jesus não os censurava pelo conhecimento que possuíam, mas pela arrogância que demonstravam. Para ele era claro que quanto mais aprendemos, mais deveríamos perceber que existem muitas coisas que ainda não sabemos. A arrogância é sinal de insegurança. Jesus entendia que as idéias humanas nunca expressam totalmente a realidade, e seu estilo de ensinar sempre levou este fato em consideração. Acredito que se desejarmos ser comunicadores mais eficazes precisamos aprender o que Jesus sabia a respeito da relação entre o conhecimento e a humildade. 1Os grandes pensadores são sempre humildes. Eles compreendem que a vida está mais ligada à fé do que ao conhecimento.


POR QUE JESUS FALAVA POR MEIO DE PARÁBOLAS


"E não lhes falava nada a não ser em parábolas." Marcos 4:34.

Jesus compreendia a forma de pensar das pessoas. Ele foi um dos maiores professores da história porque sabia que cada pessoa só pode compreender as coisas a partir da sua perspectiva pessoal. Por isso ele ensinava por meio de parábolas.
A parábola é uma história que nos ajuda a compreender a realidade. Podemos extrair dela as verdades que formos capazes de entender e aplicá-las em nossas vidas À medida que crescemos e evoluímos, podemos rever as parábolas para descobrir novos significados que nos guiem em nossos caminhos.
As parábolas me ajudaram a entender a vida. Isso aconteceu, sobretudo durante um dos períodos mais difíceis, quando eu não estava conseguindo compreender meu sofrimento. Foi uma época em que passei a questionar tudo, pensando: como pode existir um Deus se estou sofrendo tanto? Eu estava completamente desesperado e nada era capaz de me ajudar.
Nessa ocasião, fui à casa do meu irmão para me queixar da minha situação. Tim é geólogo e passa a maior parte do tempo ao ar livre. Ele não costuma falar muito, mas, quando o faz, geralmente diz coisas muito proveitosas. Sempre o considerei um homem humilde, no melhor sentido da palavra.
Eu estava sentado na cozinha da casa dele, com um ar deprimido e sentindo-me sem esperanças, quando meu irmão disse: "Sabe, Mark, recentemente, quando eu estava fazendo uma pesquisa geológica, notei uma coisa interessante a respeito da maneira como o mundo é feito. Nossa equipe escalou a montanha mais alta da região e a vista nos deixou emocionados. As experiências no alto das montanhas são magníficas. No entanto, nessa altitude as árvores não conseguem sobreviver. No topo da montanha nada cresce, mas quando olhamos para baixo notamos uma coisa interessante: todo o crescimento está nos vales.”.
A parábola de Tim me ensinou uma verdade essencial: o sofrimento nos causa dor, mas também nos faz crescer. Nunca esquecerei o que Tim disse naquele dia. As palavras dele não eliminaram a minha dor, mas de certa maneira a tornaram mais tolerável.
As parábolas não alteram os fatos da nossa vida - elas nos ajudam a olhá-los de outra maneira. Era o que Jesus pretendia ao contar as parábolas.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Só podemos entender as coisas a partir da nossa própria perspectiva.


COMO CONHECEMOS A VERDADE

"Eu sou o caminho, a verdade e a vida." João 14:6


Don trouxe uma lista quando veio para a primeira sessão de terapia. Ele não gostava de perder tempo e, como o tratamento é caro, queria me apresentar logo os problemas que estava enfrentando e ouvir o meu conselho sobre o que deveria fazer para resolvê-los.
Embora eu goste de dar conselhos, logo vi que não era de conselhos que Don precisava. No entanto, ele achava que, se conseguisse o tipo certo de informação, poderia corrigir o que estava errado na sua vida.
No fim de uma das nossas sessões, Don me pediu que passasse algum dever de casa para que ele pudesse aproveitar o intervalo entre as sessões.
—Não vou passar nenhum dever de casa - respondi.
—Por que não? - perguntou ele.
—Porque não é disso que você está precisando. Você veio aqui para aprender algo novo a respeito de si mesmo. Se for fazer o dever de casa vai colocar mais coisas na cabeça, quando o que precisamos é colocar mais coisas no seu coração.
Pouco a pouco a vida de Don começou a mudar, apesar de eu estar lhe dando muito poucos conselhos. O que ele recebeu de mim foi um tipo de relacionamento diferente dos que ele tinha na vida. Don começou a se concentrar menos no que pensava sobre as coisas e mais em como se sentia a respeito delas. Quando se tornou mais capaz de confiar no seu relacionamento comigo, começou a investigar áreas da sua vida que nunca explorara antes. Quanto mais ele aprendia sobre si mesmo, mais conseguia perceber os motivos que o levavam a tomar determinadas decisões. Don descobriu as verdades mais importantes sobre a sua vida, não por causa dos meus conselhos, mas porque o nosso relacionamento foi capaz de conduzi-lo a um entendimento mais profundo sobre si mesmo.
Jesus sabia que as pessoas jamais poderiam entender completamente a vida se usassem apenas o intelecto. Ele não dizia: "Vou ensinar a vocês o que é a verdade." Ele dizia: "Eu sou a verdade." Ele sabia que a mais elevada forma de conhecimento decorre dos relacionamentos em que existe confiança mútua, e não de grandes quantidades de informação. Jesus respondia às perguntas diretas com metáforas para atrair as pessoas para um diálogo e um relacionamento com ele.
Este princípio espiritual - que aprendemos as verdades mais profundas da vida através dos nossos relacionamentos - é à base da forma como eu pratico a terapia. Todos temos idéias conscientes e inconscientes 2 que afetam a maneira como percebemos o mundo. É psicologicamente impossível colocar completamente de lado a influência da nossa mente sobre a maneira como percebemos as coisas, sobretudo porque na maioria das vezes não temos consciência de que tudo o que conhecemos intelectualmente passa pelo filtro das nossas crenças. A terapia proporciona às pessoas um relacionamento que pode levá-las a se conhecerem melhor, descobrindo, assim, as outras verdades da sua vida.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Aprendemos as verdades mais profundas através dos nossos relacionamentos.



POR QUE TENTAMOS SER OBJETIVOS
"A sabedoria é demonstrada pelas suas ações."Mateus 11:19

Craig e Betty tinham valores e metas semelhantes na vida, o que os tornava bons parceiros e fez com que o casamento dos dois desse certo durante os primeiros anos. No entanto, pouco a pouco, Betty foi ficando insatisfeita com o relacionamento. Nas primeiras vezes em que tentou conversar com Craig a respeito do que sentia, o diálogo foi tão difícil que ela desistiu, porque acabavam brigando. Betty respeitava Craig, mas nos últimos tempos não estava segura nem mesmo para falar com ele de seus temores, o que a incomodava terrivelmente.
—Nunca fui infiel e sempre proporcionei uma vida de qualidade a você e às crianças. Não acho que exista razão para sentir medo. Se você olhar objetivamente para as coisas, vai ver que temos um bom casamento - insistia Craig.
—Não se trata de definir quem está certo e quem está errado - retrucava Betty. - É que eu não me sinto suficientemente segura para dizer como me sinto.
—Segura? - espantava-se Craig. - Você está imaginando coisas! Você tem uma ótima casa, uma poupança e eu fiz para você um seguro de vida de um milhão de dólares. A única maneira de ficar mais segura seria se eu morresse.
As conversas desse tipo nunca ajudaram Betty.
Foi só depois que os dois foram procurar uma terapia de casal que o problema começou a se esclarecer. Craig passou a entender que os fatos objetivos que ele tentava mostrar para a esposa não a estavam ajudando. Ela queria apenas que ele compreendesse que ela sentia medo e precisava de apoio. Ela não esperava que ele eliminasse seus temores, queria só compartilhar seus sentimentos na esperança de se sentir mais perto dele. Craig se sentia muito melhor examinando os fatos, mas percebeu que essa atitude não melhorava a situação, pois Betty precisava que ele a escutasse, a entendesse e respondesse com compaixão. Existem momentos em que a objetividade não faz entender a essência da questão. Quando Craig tornou-se consciente do que estava acontecendo, foi capaz de ajudar Betty.
As pessoas valorizam demais a objetividade. Dizemos coisas como: "Por favor, limite-se a me apresentar os fatos", como se obter os fatos fosse realmente à coisa mais importante a ser feita. Conclusões baseadas em fatos objetivos nos conferem uma sensação de segurança. No entanto, para Jesus, agir com sabedoria era muito mais importante do que acumular fatos objetivos. Para ele, o conhecimento devia se traduzir sempre nos atos e não nos discursos racionais. Foi isso que ele quis dizer quando falou: "A sabedoria é demonstrada pelas suas ações." Podemos estar objetiva e racionalmente certos a respeito de algo que tem conseqüências devastadoras nos nossos relacionamentos com os outros, mas a sabedoria vai sempre considerar os resultados das nossas ações.
Jesus ensinou que insistir em chegar aos fatos objetivos sobre as coisas às vezes pode ser perigoso. Guerras foram deflagradas, religiões divididas, casamentos terminados, crianças repudiadas e amizades desfeitas por causa dessa atitude. Às vezes, vencer numa discussão pode nos custar um relacionamento. Como diz o antigo ditado, temos duas escolhas no casamento: podemos ter razão ou podemos ser felizes.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Busquem mais a sabedoria do que o conhecimento.


PODEMOS ESTAR SINCERAMENTE ERRADOS

"Os homens humildes são muito afortunados!" Mateus 5:5 (Living Bible)

Às vezes confiamos muito no que pensamos porque isso nos dá uma falsa sensação de segurança. Podemos sinceramente acreditar que algo é verdade, mas ainda assim estar completamente errados. 3 Jesus nos avisou que não devemos confundir a sinceridade com a verdade. Quando acreditamos em alguma coisa, estamos convencidos de que ela é a verdade. Jesus ensinou que devemos ser humildes com relação ao que pensamos saber, porque só podemos conhecer a verdade a partir da nossa perspectiva pessoal.
Quando eu estava na faculdade, um grupo de cristãos da contracultura costumava fazer pregações nos pontos mais freqüentados do campus. Um deles pregava a mensagem de Jesus com toda a força. Eu ficava impressionado com a sinceridade e o poder da sua convicção. Tive certeza, depois de ouvi-lo durante meses, de que ele devia ter conseguido converter muitas pessoas. Certo dia, perguntei-lhe:
- Então, quantas pessoas vocês conseguiram atrair para Cristo com os seus discursos?
Para minha surpresa, a resposta foi:
-Na verdade, nenhuma. Mas isso não importa. É a nossa missão.
Ele tinha a firme convicção de estar fazendo a coisa certa. O resultado não era tão importante quanto à sinceridade com a qual ele executava a tarefa. Nunca duvidei da sua autenticidade, mas questionei se o simples fato de ser sincero fazia com que estivesse certo. Na verdade, eu conhecia dezenas de alunos da faculdade que ficavam irritados com os sermões e se afastavam daquele Deus sobre o qual ele estava pregando porque não queriam aproximar-se de alguém que parecia não lhes dar importância.
Esse pregador ignorava uma importante verdade que Jesus exercitava. Ser ao mesmo tempo fortemente convicto e bastante flexível requer uma grande força de caráter. As pessoas maduras conseguem ser corajosas o suficiente para se comprometerem com a verdade, permanecendo abertas à possibilidade de estarem erradas com relação à maneira como a percebem. É assim que o conhecimento e a humildade se relacionam.
Jesus disse: "Os homens humildes são muito afortunados", porque a pessoa rígida é a que mais sofre com sua rigidez. Ele sabia que pretender ser dono da verdade pode ter efeitos profundamente negativos, porque, apesar das nossas boas intenções, podemos estar sinceramente errados.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Não confundam a sinceridade com a verdade; vocês podem estar sinceramente errados.


NÃO CONDENE O QUE VOCÊ NÃO ENTENDE

"Não condeneis e não sereis condenados." Lucas 6:37


Conheço uma antiga história a respeito de três cegos que encontraram um elefante. Quando lhes foi pedido que descrevessem o animal, cada um disse uma coisa diferente. Um afirmou que o elefante era como uma grande mangueira; o segundo, que ele parecia um cabo de vassoura; e o terceiro, que ele se assemelhava ao tronco de uma árvore. Cada um descreveu o animal a partir da sua perspectiva. Nenhum deles estava certo ou errado; todos estavam expondo o seu ponto de vista pessoal. Somos humildes quando percebemos que somos como os cegos, limitados na nossa capacidade de perceber as coisas que estão bem diante de nós.
Luke e Annie procuraram uma terapia de casal porque haviam chegado a um impasse no seu relacionamento. Annie era uma pessoa muito espontânea que expressava seus sentimentos mais profundos com facilidade. Luke era um homem de negócios bem-sucedido e muito racional que se preocupava com a família, sendo marido e pai dedicado.
O maior problema que enfrentamos na terapia foi à dificuldade que Luke tinha com Annie, por considerá-la "excessivamente emocional". Todas as vezes que discutiam, ela chorava ou se magoava, e Luke ficava furioso, queixando-se de que ela se recusava a ser "racional" com relação às coisas. Quando procuraram à terapia, o relacionamento os havia colocado em dois extremos. Luke era o frio e racional, e Annie, a excessivamente emocional.
Luke tinha sido criado para fazer sempre a coisa correta, independentemente de como se sentisse com relação a ela. Estar certo vinha em primeiro lugar; os sentimentos eram de certa forma ignorados ou negados. Ser confiável era importante; os sentimentos só serviam para atrapalhar.
Como Annie expressava seus sentimentos com muita facilidade, Luke freqüentemente ficava confuso. Chegava a temer os sentimentos de Annie, porque não sabia como reagir para ajudá-la. Temos medo daquilo que não conhecemos.
"Oh, não! Lá vai você de novo!", queixava-se ele sempre que ela expressava como se sentia com relação às coisas. As emoções intensas assustavam Luke e por isso ele criticava as pessoas que as demonstravam.
"Não dou a mínima com relação a como você se sente a respeito do assunto. Vá simplesmente em frente", dizia ele. É claro que essa atitude só reforçava o comportamento emocional de Annie, piorando a situação.
As coisas começaram a melhorar quando Luke entendeu que reagia negativamente aos sentimentos de Annie por não entendê-los. Ele passou a compreender que os sentimentos não são nem bons nem maus; são apenas outra fonte de informações necessárias para que o casamento dê certo. Talvez Luke pudesse se beneficiar tentando entender como Annie se sentia. Ele contribuiu para a harmonia conjugai quando deixou de achar que a mulher era emocional demais e começou a procurar ver as coisas a partir da perspectiva dela.
A atitude dele ajudou Annie a parar de se condenar por ter reações emocionais muito intensas diante das coisas. Ela não era "excessivamente emocional". Era apenas uma pessoa que se sentia mal por ser emotiva, o que a fazia desmoronar sempre que se aborrecia. O fato de se permitir ter sentimentos possibilitou que estes surgissem e fossem resolvidos mais naturalmente. Luke e Annie ainda têm discussões, mas conseguem superá-las muito mais rápido agora. Quando tudo volta ao normal, Luke freqüentemente diz: "Sabe, estou feliz por termos conversado a respeito disso." As discussões passaram a ser mais produtivas quando um deixou de julgar o outro e procuraram entender as diferenças.
Jesus nos advertiu das armadilhas que encontramos ao julgar os outros. Ele sabia que nossos julgamentos se baseiam em informações distorcidas por nosso modo de ser e que não correspondem necessariamente à realidade. Precisamos acreditar que sabemos a verdade completa a respeito das coisas e das pessoas para nos sentirmos seguros, achando que dominamos completamente a situação e que nada novo virá nos perturbar. Esse temor do desconhecido é à base da intolerância. Ele nos leva a julgar e rotular pessoas e coisas. Quando sentimos esse tipo de medo, condenamos o que não compreendemos.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Ao julgar os outros, nós nos condenamos.




LIVRANDO-NOS DA AUTOCONDENAÇÃO

"Deus não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo.”
João 3:17


Kirsten começou a se tratar comigo porque estava sabotando a sua carreira e não conseguia entender por quê. Ela tinha conseguido chegar ao topo da organização e agora não conseguia trabalhar, ficava paralisada devido ao crescente pânico de ser demitida. Estava quase incapacitada por sentimentos de insegurança.
Foram necessários vários meses, mas finalmente conseguimos entender em parte por que ela estava arruinando o seu sucesso. Kirsten não se sentia orgulhosa por causa das suas realizações. Na verdade, ela não sentia nenhum orgulho de si mesma. Sua auto estima era baixíssima e ela tentava compensar este sentimento com o sucesso empresarial e a riqueza material. Procurava parecer boa externamente porque acreditava que era má por dentro. Estava nas garras da autocondenação.
Kirsten passou a infância tendo que lidar com uma mãe alcoólatra e tentando esconder do mundo a vergonha que sentia. Vivia quase o tempo todo assustada ou envergonhada. A experiência foi traumatizante demais e, apesar de a mãe ter parado de beber quando Kirsten era adolescente, ficaram marcas profundas.
Ela achava que sentia ódio de si mesma devido à maneira como se sentia com relação à mãe. Acontece que não era a si mesma que ela odiava e sim à mãe. Apesar dos horrores e humilhações por que passara quando criança, Kirsten jamais se permitira sentir raiva da mãe. Era como se tivesse o dever de enfrentar os problemas e fazer as coisas parecerem normais. Mas a verdade é que ela sempre se culpara pelos fracassos da mãe. Acreditava que se tivesse sido uma criança melhor, sua mãe não teria precisado beber, e acabou acreditando que não merecia que a mãe se esforçasse para cuidar dela. Enquanto condenou-se por causa da sua infância miserável, Kirsten teve a certeza de não merecer ter sucesso na vida.
Quando Kirsten começou a perceber o que estava acontecendo, as coisas mudaram. Quando se condenava, era como se o fracasso na vida fosse inevitável. Acreditou que nunca teria sucesso, e ponto final. Quando tomou consciência de que "nunca terei sucesso" não era um fato real, mas apenas uma crença criada por sua experiência de vida, começou a melhorar. Os fatos não mudam, mas as crenças, sim.
Agora ela sabe que acreditou no seu fracasso durante anos e que as convicções podem mudar. Está criando novas idéias a respeito de si mesma e passando pelo processo de perdoar a mãe pelo que ocorreu na infância. Mas para isso foi necessário que ela tomasse consciência do ódio que sentia pela mãe.
Jesus sabia que as pessoas são salvas ou destruídas com base no que acreditam, e a autocondenação é uma dessas crenças destrutivas. Kirsten passou a esforçar-se para sair dessa situação causada pela força de sua crença. A parte mais difícil da terapia foi fazê-la descobrir que ela se condenava e se sabotava não por fatos reais, mas por causa do que acreditava ser verdadeiro a seu respeito. Quando ela percebeu isso, sua capacidade de mudar manifestou-se muito mais rápido.
Todo mundo sente-se mal às vezes com relação a coisas que fez, mas algumas pessoas sentem-se mal a respeito de quem são. Elas se condenam e se tornam autodestrutivas se não descobrirem como mudar suas convicções com relação a si mesmas. Apresentar-lhes fatos raramente muda a atitude de autocondenação. Jesus ensinou que as crenças são modificadas pela fé e não pelos fatos. Ele não veio no unindo para condená-lo. Ele não queria que as pessoas se sentissem mal a respeito de si mesmas; em vez disso, desejava que elas se sentissem amadas por Deus. Jesus sabia que é saudável nos sentirmos às vezes culpados para podermos reparar nossas faltas e aprender com elas, mas que a autocondenação resulta na crença de que sermos maus é um fato absoluto que não pode ser mudado. A autocondenação não é humildade, é humilhação. Jesus queria que as pessoas se livrassem da condenação e não que ficassem presas a ela.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A autocondenação envolve a crença em uma mentira a respeito de nós mesmos.



A VERDADE NÃO É RELATIVA

"Que o vosso 'Sim' seja 'Sim' e o vosso 'Não' seja 'Não'."
Mateus 5:37

A Sra. Parker telefonou-me em pânico. Seu filho, Nathan, tinha abandonado o segundo grau e sido preso por estar dirigindo embriagado. Ela temia que a vida dele estivesse ficando cada vez mais sem limites. Após alguns minutos de conversa, convidei a família inteira para fazer terapia.
O Sr. e a Sra. Parker tinham uma única diretriz com relação à Nathan: "Só queremos que ele seja feliz." Achavam que estavam investindo em sua felicidade quando, em vez de colocar limites quando ele era criança, ofereciam-lhe alternativas para que escolhesse. Por exemplo, em vez de determinar uma hora fixa de dormir quando o filho estava na escola primária, perguntavam: "Nathan, você quer ir dormir tarde e ficar cansado amanhã o dia inteiro ou prefere ir dormir agora e se sentir descansado e bem disposto quando acordar?" É claro que Nathan preferia ir dormir mais tarde, o que fazia com que estivesse freqüentemente cansado quando criança. O casal não queria ser autoritário com Nathan, de modo que tentaram ensinar que tudo tem conseqüências, dependendo das escolhas que fazemos.
Mas na época Nathan não tinha maturidade para entender isso, e essa atitude dos pais o deixava inseguro, achando que eles não sabiam o que fazer e por isso estavam sempre lhe perguntando o que ele preferia. A vida de Nathan ficou descontrolada porque lhe deram uma responsabilidade que ele não era capaz de assumir. Quando temos sete anos e acreditamos que ninguém dirige o universo, chegamos à conclusão de que nada importa. Para Nathan, a verdade era relativa, e a realidade era como a criávamos.
Na verdade, Nathan precisava que seus pais soubessem das coisas. Como criança, ele precisava que eles estabelecessem limites, fazendo-o sentir-se seguro, e que dessem respostas diretas às suas perguntas. Obrigar uma criança cedo demais a decidir por si mesma pode ter conseqüências negativas. Nathan necessitava aprender que a verdade não é relativa, 4 mesmo que cada um de nós a veja a partir de sua própria perspectiva pessoal.
A vida ainda é bem difícil para a família Parker, mas está melhorando. O Sr. e a Sra. Parker admitiram que desejam outras coisas para Nathan além das que lhe transmitiam. Eles querem que o filho seja respeitoso, responsável e uma companhia agradável. Eles sempre desejaram isso, mas achavam que impor seus desejos ao filho prejudicaria a felicidade dele. No entanto, à medida que os pais são mais claros com relação ao que querem dele, Nathan está se tornando um rapaz mais feliz. Respeitar o ponto de vista uns dos outros não significa que tudo é relativo.
Acreditar que a verdade é relativa e que nada realmente importa é exatamente o oposto do que Jesus ensinou. Mas tudo é importante. O que ocorre é que, apesar de a verdade ser absoluta, nós a percebemos de forma relativa. Foi por isso que Jesus disse: "Eu sou a Verdade" (João 14:6). Ele sabia que não compreendemos objetivamente as verdades mais profundas da vida; nós nos aproximamos delas. Sempre interpretamos o que percebemos, o que significa que nunca somos realmente objetivos a respeito de nada.
Acreditar que a verdade é relativa significa afirmar que não existe uma verdade objetiva, de modo que cada um pode fazer o que quiser. Jesus ensinava a fazer do nosso "sim um sim" porque queria que fôssemos pessoas de convicção.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Acreditem na verdade com convicção; aproximem-se dela com humildade.



HUMILDADE NÃO É PASSIVIDADE



"Se alguém te ferir na face direita, oferece também a outra". Mateus 5:39



Freqüentemente dizemos que as pessoas passivas são humildes. É uma maneira de encontrar algo amável para se referir a pessoas que consideramos bastante incapazes. Raramente admiramos a humildade, porque a consideramos como o oposto da agressividade, que associamos ao sucesso.
Jesus, no entanto, tinha uma visão diferente da humildade. Ele disse: "Agora que eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros" (João 13:14). Jesus não se fez humilde na presença de outros porque possuía uma baixa auto-estima. Ele escolheu servir seus apóstolos porque tinha consciência de quem era; Jesus era suficientemente confiante para assumir o papel de servidor. Ele sabia que o status e o poder não tornam uma pessoa importante. O que faz uma pessoa ser importante é sua capacidade de servir os outros.
A verdadeira humildade exige confiança em si mesmo. Para ser humilde você precisa saber quem é e escolher servir os outros. Não se trata da modéstia causada pela insegurança. Dar importância à outra pessoa sem nos considerarmos diminuídos é a verdadeira humildade.
Uma das minhas alegrias quando criança era jogar dominó com o meu avô. Ele levava o jogo muito a sério. Fora criado em uma pequena cidade do Arkansas onde a habilidade de um homem no dominó garantia sua reputação num raio de vários quilômetros.
Um dia, na tentativa de ganhar a partida, agi impulsivamente procurando ver as peças de meu avô. A forma que o menino de dez anos que eu era encontrou foi me inclinando para frente e começando a derrubar todas as peças do jogo.
Instintivamente, meu avô se levantou da cadeira horrorizado com o que eu estava fazendo. Quase ofegante e tenso, começou a retirar-se, mas parou no meio do caminho. Com a mesma rapidez com que se erguera, inverteu o movimento e lentamente voltou a se sentar com um sorriso de quem sabe das coisas. Pediu-me para ajudá-lo a recolher as peças a fim de retomarmos o jogo. Na hora achei esse comportamento estranho, e só muito mais tarde vim a entender o que ele significava.
Embora tivesse lutado para chegar onde estava na vida, meu avô sabia que ganhar não era tudo. Para ele, o objetivo de qualquer jogo não era conseguir o maior número de pontos; era jogar de maneira a obter o maior respeito possível do oponente. Lembro-me daquele jogo de dominó com o meu avô porque ele se tornou um símbolo do nosso relacionamento. O importante para ele não era parecer capaz; ao contrário, era fazer com que eu me sentisse capaz.
Ele deixou de brigar comigo quando derrubei as peças do jogo não porque fosse passivo, mas para me ensinar algo a respeito da humildade. Foram necessários muitos eventos desse tipo na minha vida para que eu pudesse entender isso, mas meu avô ensinou-me de uma forma muito poderosa o que é a humildade - ele a praticou concretamente.
Ser uma pessoa passiva é recusar-se a ter uma atitude por causa do medo. Ser humilde é ter uma atitude devido ao amor. Foi isso que Jesus quis dizer quando falou: "Se alguém te ferir na face direita, oferece também a outra." Ele não disse: "Se alguém te ferir na face direita, dá meia volta e afasta-te." Jesus queria que as pessoas tomassem uma posição firme e tivessem uma atitude digna. O que ele estava transmitindo é que o amor é mais forte do que o ódio. Se as pessoas atacarem você por ódio, procure amá-las até a morte. Jesus viveu este preceito literalmente na sua vida. Ele preferiu uma vida mais curta repleta de humildade e amor do que uma existência mais longa cheia de medo e passividade.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A humildade é a força sob controle.


POR QUE OS TERAPEUTAS PRECISAM SER HUMILDES
"Abençoados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.”(Mateus 5:3)


Elaine era uma mulher tímida que procurou a psicoterapia por causa de constantes relacionamentos fracassados. À medida que o tempo passava, foi ficando cada vez mais difícil encerrarmos nossas sessões na hora. Era como se algo importante fosse surgir nos últimos minutos de quase todas as sessões, e Elaine rompia em lágrimas e expressava sentimentos sofridos, o que tornava difícil para nós dois concluir as sessões.
No início, pensei que talvez as sessões de 45 minutos não fossem longas o suficiente para ela. Parecia que nossas conversas faziam um poço de emoções que havia dentro de Elaine entrar em erupção. Eu não queria atribuir a dificuldade em terminar a sessão ao fato de considerá-la "excessivamente emocional", já que não gosto de ver as pessoas dessa maneira, pois parece que estou condenando quem expressa seus sentimentos.
De repente, entendi. Quando a sessão ia chegando ao fim, eu procurava terminar a conversa. Eu não queria iniciar algo muito profundo, pois só nos restavam alguns minutos. Sem perceber, eu estava sutilmente cortando Elaine. Minha intenção era evitar trazer à tona qualquer coisa que não tivéssemos tempo de examinar. Para Elaine, eu a estava rejeitando, como se dissesse que não queria mais ouvir o que ela estava sentindo.
Quando percebemos o que estava acontecendo, o término das nossas sessões começou a transcorrer de maneira muito mais suave. O encerramento ainda doía, mas deixou de ser sentido por ela como rejeição. O que estava precisando de tratamento não era um problema no interior de Elaine e sim o nosso relacionamento, que necessitava de atenção.
Jesus ensinou que os "pobres em espírito" herdarão tesouros devido à sua humildade. Os terapeutas precisam ser humildes a fim de receber os tesouros que aparecem a partir de um bom relacionamento com os pacientes. Hoje, muitos profissionais acreditam que o relacionamento criado na terapia é que ajuda as pessoas. 5 Os psicólogos precisam ouvir com muito cuidado cada paciente para juntos descobrirem de que maneira o relacionamento que está sendo formado pode levar à cura. Eles estão aplicando nos consultórios o que Jesus disse ser verdade a respeito de herdarmos o Reino de Deus.
Para Jesus, o agente de cura sempre pensa em si mesmo em relação aos outros. As pessoas não buscam simplesmente a cura; elas formam um relacionamento com aquele que a oferece, e essa relação, se bem conduzida, contribui poderosamente para a cura.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A terapia é mais do que um processo; é um relacionamento.


JESUS, O TERAPEUTA

"Amai uns aos outros." João 15:17

Quando Sheila compareceu à primeira sessão, anunciou que eu era seu sétimo terapeuta e que já conhecia seu diagnóstico.
- Tenho um distúrbio de personalidade limítrofe. É claro que você sabe que não existe cura para o meu caso - declarou ela.
Nada causa mais medo no coração de um terapeuta do que o termo "limítrofe", de modo que lhe dei total atenção.
- E como você chegou a essa conclusão? - perguntei.
- Minha última terapeuta deixou isso bem claro. Espero que você seja capaz de lidar com esse problema, porque preciso de alguém que saiba o que está fazendo - disse ela num tom hostil.
Logo se tornou visível que a terapeuta anterior a havia rotulado de "limítrofe" por causa dos seus relacionamentos intensos e instáveis, dos acessos de raiva e do seu medo sufocante de ser abandonada. De fato seus sintomas podiam levar a esse diagnóstico, que é um distúrbio difícil de ser tratado, pois os terapeutas sofrem agressões intensas dos pacientes durante o tratamento.
À medida que o tempo foi passando, ficou óbvio que Sheila receava muito que eu a rejeitasse, e por isso se empenhava desesperadamente para que eu a levasse a sério e me envolvesse com seu tratamento. As ameaças de suicídio, os telefonemas de emergência às três horas da manhã, as ligações sexuais com desconhecidos e as violentas explosões emocionais no meu consultório tinham a intenção de intensificar o nosso relacionamento, porque ela vivia sob a constante ameaça de que ele poderia terminar a qualquer momento.
Pude perceber que diagnosticar Sheila como um caso de "distúrbio de personalidade limítrofe" havia se tornado parte do problema. Se ambos estávamos esperando que Sheila agisse de um modo agressivo devido à sua deficiência, seria este o comportamento que ela manifestaria. Sheila não estava sofrendo de uma raiva patológica inata que a forçava à autodestruição; era uma pessoa que estava desesperadamente tentando salvar a si mesma e o seu relacionamento comigo. Ela não estava tentando ser destrutiva, assim como a pessoa que está se afogando não está tentando matar aquele que vem em seu socorro. O salva-vidas experiente sabe que as pessoas fazem qualquer coisa para se salvar, até mesmo arrastar o salva-vidas para o fundo. Pessoas desesperadas fazem coisas desesperadas.
Assim que percebi que Sheila não estava lutando comigo, mas lutando para salvar a si mesma no nosso relacionamento, as lutas de poder entre nós começaram a diminuir. Concentrei-me então em compreender as suas tentativas desesperadas de relacionar-se comigo.
Às vezes ainda é difícil conviver com Sheila, mas o comportamento agressivo, tão comum há alguns anos, melhorou. O diagnóstico inicial tornou-se menos importante, porque ela se sente genuinamente ligada a mim e a outras pessoas. Hoje ela valoriza o fato de ser amada.
Em seus ensinamentos, Jesus dizia que, em vez de nos basearmos no dogma, devíamos nos apoiar em um relacionamento amoroso com Deus. A chave não era estarmos certos com relação às coisas e sim desenvolver um bom relacionamento.
Jesus pregou: "Eis o que vos ordeno: amai uns aos outros." O amor é a substância que faz os seres humanos formarem com os outros unidades indivisíveis. O amor é o termo espiritual para a conexão genuína que muitos terapeutas procuram estabelecer com os seus pacientes.
Muitos terapeutas afirmam que precisamos tirar a ênfase das teorias e dos diagnósticos técnicos e colocá-la sobre o relacionamento formado na terapia. Tanto em relação à saúde psicológica quanto à salvação espiritual, a chave é deslocar a ênfase do conhecimento objetivo para a qualidade da relação. Esse ensinamento de Jesus é aplicado nos consultórios de muitos terapeutas.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O dogma não deve se tornar seu mestre.


CAPÍTULO 2

Entendendo as pessoas: elas são boas ou más?


Jesus disse: "Descia um homem de Jerusalém a Jericó. Pelo caminho caiu em poder de ladrões que, depois de o despojarem e espancarem, se foram, deixando-o semimorto. Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote. Vendo-o, passou ao largo. Do mesmo modo, um levita, passando por aquele lugar, também o viu e seguiu adiante. Mas um samaritano, que estava de viagem, chegou ao seu lado e, vendo-o, sentiu compaixão. Aproximou-se, tratou-lhe as feridas, derramando azeite e vinho. Fê-lo subir em sua montaria, conduziu-o à hospedaria e cuidou dele. Pela manhã, tomou duas moedas de prata, deu-as ao hospedeiro e disse-lhe: 'Cuida dele e o que gastares a mais na volta te pagarei.”Lucas 10:30-35



As pessoas são fundamentalmente boas ou más? Quase todos nós chegamos a uma dessas duas conclusões a respeito da natureza humana. Mas, se examinarmos como Jesus falava sobre as pessoas, parece que ele não chegou a nenhuma conclusão.
Alguns de nós somos como o sacerdote e o levita da parábola, outros como o samaritano, outros como os ladrões e outros ainda como o homem que foi espancado e deixado meio-morto. Mas o que levou o samaritano a ter aquele comportamento? Foi o fato de ele ser essencialmente uma boa pessoa? Jesus repetidamente mostrou que o aspecto essencial da natureza humana é a nossa necessidade de ter um relacionamento amoroso com Deus e com os outros. Por isso uma pessoa se define pelo relacionamento que estabelece com outras pessoas. O samaritano era "bom" porque não desprezou o homem agredido e parou para estabelecer um relacionamento com ele.
Do ponto de vista psicológico, encarar as pessoas simplesmente como boas ou más é muito simplista. Talvez seja mais fácil pensar assim porque, ao rotular os outros, sabemos em quem confiar e quem evitar. Mas a verdade é que sempre existem possíveis "samaritanos" e "ladrões" entre nós, e cada um de nós tem aspectos de ladrão, de sacerdote e de samaritano. Aqueles que reconhecem e valorizam a sua necessidade básica de se relacionar amorosamente com os outros tendem a ser boas pessoas e a ter um bom comportamento. Eles precisam dos outros, de modo que não desejam feri-los. As pessoas que violam sua natureza essencial de viver um bom relacionamento com os outros se comportam como más.1 A parábola do bom samaritano fala de pessoas boas e más. Jesus explica a diferença entre os dois tipos em função do relacionamento que estabeleceram com o homem ferido. Jesus não fala que eram boas ou más essencialmente. Ele conhecia profundamente a natureza humana e por isso pode nos ajudar hoje a compreender o comportamento de todas as pessoas que conhecemos, inclusive o nosso.




JESUS CONSIDERAVA AS PESSOAS ESSENCIALMENTE MÁS?



"Descia um homem de Jerusalém a Jericó. Pelo caminho caiu em poder de ladrões.”
(Lucas 10:30)


Jesus estava familiarizado com as escrituras judaicas que falavam da profunda decepção de Deus com a raça humana e de como ele destruiu o planeta com um grande dilúvio.2 Se Jesus concluiu, a partir dessa história, que somos fundamentalmente maus, então nossa natureza é ser como os ladrões da parábola do bom samaritano. Nós nos apossaríamos do que pertence aos outros e não os respeitaríamos, porque o importante neste mundo seria a sobrevivência do mais forte e faria parte da nossa natureza cuidar primeiro de nós mesmos, ainda que em prejuízo dos outros. A partir dessa perspectiva, sem alguma forma de religião ou de freio, todos nos mostraríamos nocivos e destrutivos.
Martin veio fazer terapia porque sua mulher disse que pediria o divórcio se ele não procurasse ajuda profissional. Ela havia descoberto não apenas que ele estava tendo um caso com outra mulher, como também que o problema dele com as drogas era muito mais grave do que ele deixara transparecer. Martin era freqüentemente desonesto com a mulher, e ela estava chegando à conclusão de que nem mesmo conhecia o homem com quem tinha se casado. Ele estava envolvido cm uma série de atividades ilegais que escondera da esposa e não queria que um divórcio complicado o deixasse exposto. Martin às vezes ficava ansioso, com medo de ser apanhado por causa das suas más ações, mas nunca se sentia culpado por praticá-las. Até onde eu conseguia perceber, Martin parecia ser uma pessoa genuinamente má, mesmo que ele não pensasse dessa maneira.
Martin é o ladrão da parábola do bom samaritano. Ele rouba dos outros e depois dissipa o produto do seu roubo, o que o leva a roubar de novo. Existem pessoas más na vida que violam os outros e os deixam debilitados e destruídos. A tragédia é que cada vez que Martin comete um abuso contra alguém, ele fere a si mesmo, o que faz com que ele queira aproveitar-se novamente de alguém. Nua falta de compaixão pelos outros criou um muro ao redor do seu coração que o afasta da sua condição humana. Martin está preso em um ciclo vicioso de abuso contra as outras pessoas. É justamente por não se dar conta da própria maldade que ele continua a agir maldosamente.
Jesus sabia que de nada adianta colocar os ladrões diante da própria imoralidade. Eles geralmente nos dizem o que queremos ouvir. Algumas pessoas como Martin são capazes de mudar, mas só em circunstâncias extremas. Não sei o que teria acontecido se Martin tivesse permanecido na terapia e eu tivesse sido capaz de desenvolver com ele um relacionamento significativo o bastante para que ele fizesse um exame honesto de si mesmo. Naquelas circunstâncias, ele continuou a ter um mau comportamento porque não considerava ninguém suficientemente importante para fazê-lo agir de outra maneira. A mulher de Martin de fato pediu o divórcio e não sei onde ele está hoje, mas não deve ser em um lugar muito bom.
Na parábola do bom samaritano, o ladrão era definitivamente uma pessoa má, mas Jesus não se concentrou nele. Ele não estava interessado em definir a natureza humana como má, mas em nos oferecer um modelo de como sermos bons. Jesus ligava-se constantemente a pessoas que podiam ser consideradas "más" pelos outros, como a mulher adúltera, mas ele não os encarava dessa maneira. Ele via todas as pessoas como capazes de ser boas e nunca as discriminava. Jesus procurava sempre atrair as pessoas para um relacionamento com ele porque era isso o que as ajudava a se tornar melhores.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Roubar os outros furta a alma do ladrão.


O PROBLEMA DE VER AS PESSOAS COMO MÁS

"Por fora, pareceis justos aos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e perversidade.”Mateus 23:8

Joshua procurou a terapia porque seu casamento estava desmoronando. Joshua era um religioso devoto que desejava agir o mais corretamente possível. Se fazer terapia individual pudesse ajudar o seu casamento, ele certamente estaria disposto a tentar.
O problema que Joshua e eu enfrentamos logo no início da terapia foi o fato de que ele acreditava que sua mulher era a causadora de todas as suas dificuldades. Joshua insistia em acusar a mulher, contando como ela o havia desapontado com seu egocentrismo, como ela deixara de se comportar a altura do que prometera nos votos matrimoniais e estava destruindo o casamento. Joshua se negava a admitir sua parcela de responsabilidade na crise conjugai e sempre encerrava sua auto-avaliação com declarações como: "Mas eu me sinto bem. Se uno fosse por causa dela, nem mesmo estaria aqui.”
Joshua se via como uma pessoa espiritualizada que havia dedicado anos aos estudos teológicos, a cultivar a sua fé e a ceder parte do seu tempo para auxiliar o desenvolvimento espiritual dos outros. Ele estava firmemente convencido de que se as pessoas praticassem as disciplinas espirituais não teriam problemas emocionais. Estava certo de que os problemas da esposa provinham do fato de ela não ter fé.
Joshua não conseguia entender os problemas psicológicos da mulher e nem de que forma ele contribuía para as dificuldades do casal. Ele acreditava que ceder a emoções humanas significava submeter-se nos desejos "da carne", que ele considerava fundamentalmente maus. Joshua queria ser uma pessoa espiritualizada capaz de superar as fraquezas humanas. Criticava muito a mulher por ela ser incapaz de fazer o mesmo.
Tentei lhe mostrar que expressar as emoções não era sinal de fraqueza e sim uma demonstração de força. Mas esbarrava nas suas certezas. "Minha fé se baseia em fatos, não em sentimentos", ele me informava. "Colocar fatos e sentimentos no mesmo nível é uma violação da minha fé." Como resultado, ele continuou a encarar os sentimentos da mulher como uma manifestação doentia.
Infelizmente, minha terapia com Joshua foi breve e mal sucedida. É sempre difícil ajudar as pessoas que buscam a terapia afirmando que são os outros que precisam de ajuda. No entanto, uma das grandes barreiras para o sucesso da terapia de Joshua era a sua convicção de que a natureza humana é essencialmente má e que as pessoas espiritualizadas deveriam separar-se dela. Havia uma discordância básica entre nós. Eu estava tentando fazer com que ele entrasse em contato com a sua condição humana, e ele se empenhava em se afastar dela o máximo possível.
O problema de acreditar que as pessoas são fundamentalmente más é que essa crença faz com que tenhamos vergonha de ser humanos. Criamos então um ser idealizado para fingir que somos diferentes. Quem considera a natureza humana desprezível e má precisa descobrir uma maneira de se livrar da parte nociva e tornar-se um ser puramente espiritual que vive acima de tudo isso. O problema dos fariseus era acreditar que eles não eram como as outras pessoas. Eles se achavam mais espirituais do que humanos.
Em outras palavras, acreditar que a humanidade é fundamentalmente má faz você querer se afastar dela o máximo possível e só se associar àqueles que defendem idênticas convicções religiosas. Pessoas assim desprezam, mesmo que de forma inconsciente, aqueles que deixam de alcançar o seu nível de espiritualidade. Na terminologia psicológica, essa persona que eles criam é chamada de falso eu. O termo religioso é fariseu.
Na época em que Jesus contou a parábola do bom samaritano havia um forte preconceito racial entre judeus e samaritanos. Naquele tempo, os samaritanos eram considerados pessoas más, e os fariseus, os sacerdotes e os religiosos judeus eram tidos como bons. O fato de o próprio Jesus ser judeu dava ainda mais força à mensagem da parábola. Hoje, os termos foram invertidos. "Bom" e "samaritano" referem-se a qualidades positivas, e ser chamado de "fariseu" tem uma conotação certamente negativa.
Com sua parábola, Jesus nos mostrou que as pessoas são boas ou más devido aos relacionamentos que estabelecem e não a algo que lhes é inerente desde que nasceram. A religião não nos tira da nossa condição humana, pelo contrário - a religião nos faz viver plenamente a condição humana.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Não podemos escapar do nosso eu, mas podemos encontrá-lo.


JESUS VIA AS PESSOAS COMO ESSENCIALMENTE BOAS?

"Amai os vossos inimigos."Lucas 6:27

A filosofia que afirma que as pessoas são essencialmente boas é chamada de humanismo. Devido ao amor de Jesus pelos outros e a sua preocupação com o bem-estar de todos, ele é freqüentemente apresentado como um dos grandes exemplos do humanista ideal. Jesus ensinava que devemos amar a todos, até mesmo nossos inimigos. É fácil perceber que Jesus poderia ser usado como um exemplo de alguém que acreditava na bondade essencial das pessoas.
Carl Rogers é um famoso psicólogo conhecido por desenvolver uma teoria baseada na crença na bondade essencial da humanidade. Ele acreditava que todas as pessoas possuem dentro de si um "processo de auto-realização" que as fará saudáveis na presença das condições corretas. Quase todos os terapeutas conhecem a terapia rogeriana como um dos principais exemplos da psicologia humanista. Certo dia, enquanto o Dr. Rogers conversava com a mãe de uma criança problemática que ele estava tentando tratar, ele descobriu uma coisa muito importante. Depois de terminar a discussão sobre os problemas da criança, a mãe se levantou e foi em direção à porta. Lá chegando, hesitou, voltou-se para o Dr. Rogers e perguntou: "Ainda lemos alguns minutos. O senhor se importa se eu disser algumas coisas a meu respeito?" Rogers convidou-a para sentar e escutou atentamente o que a mulher tinha a dizer. Nas próprias palavras dele,"Naquele momento, a verdadeira terapia começou". Posteriormente, ele descobriu que existe dentro de cada pessoa o que acreditou ser um impulso inato em direção à totalidade, e este impulso é ativado quando a pessoa se sente acolhida e aceita incondicionalmente. Não sei se o Dr. Rogers em algum momento pensou nisso, mas existem algumas surpreendentes semelhanças entre o seu pensamento e o amor incondicional que Jesus ensinou séculos atrás.
Jesus falava do amor divino, que era incondicional. Rogers dizia que a consideração positiva incondicional era essencial para o processo de cura. Jesus descreveu a humanidade como sendo a imagem de Deus, possuindo um valor inerente. Rogers observou um processo de auto-realização inerente em todas as pessoas e afirmou que a autenticidade só acontece quando somos coerentes com nós mesmos.
Jesus disse muitas coisas que apóiam a crença humanista na bondade inerente das pessoas, mas não podemos parar aqui. Jesus também reconheceu os problemas associados a essa crença, e para saber quais são temos que prosseguir na leitura.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Os bons ouvintes fazem as pessoas serem melhores.


O PROBLEMA DE VER AS PESSOAS COMO BOAS

"Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros, os últimos." Mateus 20:16

Tyler é um jovem executivo promissor com um brilhante futuro. É inteligente, tem boa aparência e é ambicioso. Tyler se considera uma pessoa realizada por ser independente e competente em tudo o que faz. Ele define força como autoconfiança, até mesmo na presença de circunstâncias extremas.
Tyler procurou a terapia com a namorada porque ela achava que a relação dos dois poderia se beneficiar com um aconselhamento. Ele não julgava precisar do tratamento, mas estava sempre aberto a aprender como poderia ser mais eficiente na vida. "Estamos aqui apenas para um pequeno ajuste" - ele me avisou. "Não estou interessado em um processo longo e arrastado para discutir o que sinto com relação à minha mãe ou qualquer coisa desse tipo." Tyler não gostava de olhar para trás porque se via sempre avançando, e discutir o passado lhe parecia inútil.
Tyler encarava o relacionamento com a namorada como uma tentativa de formar uma parceria. Estava disposto a investir no relacionamento, mas somente se obtivesse um retorno aceitável do investimento. Não queria alguém que dependesse dele; desejava uma parceira cuja contribuição fosse igual à dele.
—Os papéis tradicionais podem ter funcionado nas gerações passadas, mas é impossível vencer na vida hoje em dia se não estivermos dispostos a passar algum tempo sem ter filhos, com os dois trabalhando. Somos duas pessoas progressistas e é isso que dá certo conosco - insistia Tyler.
Eu sabia que os casais que fazem esse tipo de opção conseguem ter uma vida financeiramente bem mais folgada do que as famílias em que somente um dos parceiros trabalha, mas perguntei-me se a realização financeira seria suficiente para satisfazer Tyler a longo prazo.
—Então, você acha que vão querer filhos no futuro? - perguntei.
—Talvez um dia - respondeu Tyler. - Mas estamos aproveitando bastante nossa liberdade no momento.
A coisa à qual Tyler dava mais valor era a independência. Ele estava tentando descobrir como se unir a outra pessoa sem se sacrificar nem um pouco no processo. Só estava interessado no casamento se pudesse vê-lo como um esforço conjunto de duas pessoas, uma parceria experimental que poderia ser dissolvida se não lhe proporcionasse o benefício prometido.
Embora não conseguisse perceber nem admitir, Tyler estava na verdade preso aos vínculos tradicionais que ele considerava tão inadequados. Tyler queria um relacionamento que fosse o exato oposto do de seus pais. Neste sentido, o relacionamento dos pais era o modelo que definia o dele. Por mais que detestasse pesquisar o passado, era exatamente isso o que ele precisava fazer para poder entender as suas decisões para o futuro.
No decorrer do aconselhamento, Tyler foi percebendo que o seu desejo de agir de forma oposta à dos pais significava que ele estava desapontado com a maneira como tinha sido tratado na infância e na adolescência e queria que sua vida fosse diferente. Ele começou a reconhecer que não estava de modo nenhum livre do seu passado. Em vez de ser independente, Tyler descobriu que dependia tanto do seu passado e das outras pessoas que procurava até evitá-las, sem ter consciência de que estava fazendo isso.
O relacionamento de Tyler com a namorada está indo agora de vento em popa. Eles passaram a se comunicar melhor porque estão mais conscientes de seus sentimentos, e as suas expectativas a respeito da relação mudaram. Suas metas financeiras ainda são bastante ambiciosas, mas não mais prioritárias. Tyler está começando a depender emocionalmente de alguém e está descobrindo as vantagens dessa dependência. Em vez de só pensar em si mesmo, ele procura formar uma unidade com a namorada, e isso o deixa feliz.
O individualismo é a crença na autoconfiança e na independência. Aqueles que acreditam no individualismo enfatizam a realização e o sucesso pessoais sem precisar depender dos outros. Se qualquer coisa viola seus direitos individuais, eles se livram dela. Sentem que têm o direito de alcançar a excelência pessoal a qualquer custo.
Os seres humanos na verdade não funcionam dessa maneira. Nós, seres humanos, precisamos fundamentalmente das outras pessoas para poder saber quem somos. Assim como necessitamos de espelhos que reflitam a nossa imagem física, que nos mostrem como parecemos fisicamente, precisamos que as outras pessoas nos retratem emocionalmente, que nos revelem como somos psicologicamente.
A idéia de Jesus de que "os primeiros serão os últimos" é o oposto do individualismo. Embora ele reconhecesse o valor inerente de cada pessoa, as pessoas só eram consideradas boas como conseqüência do seu relacionamento com Deus e com os outros. Jesus nunca ensinou que poderíamos ser bons sozinhos. Para ele, não realizamos nosso pleno potencial por meio da competição e sim através da conexão.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O indivíduo é uma parte do todo.


AS PESSOAS NÃO SÃO BOAS NEM MÁS

"Eu vos chamo de amigos." João 15:15


Com a parábola do bom samaritano, Jesus estava falando da natureza humana. Ele não estava dizendo que somos fundamentalmente maus como os ladrões ou automaticamente bons como o samaritano. Nossa natureza essencial, de acordo com Jesus, se manifesta na relação. Nossa necessidade básica é nos relacionarmos uns com os outros a fim de sermos completos. Freqüentemente usamos várias desculpas para negarmos a percepção de que estamos vitalmente ligados aos outros. Eles necessitam de nós e, o que é ainda mais assustador, nós precisamos deles.
A área da minha vida em que tive mais dificuldade em aceitar essa idéia foi a do relacionamento com o meu pai. Raramente víamos as coisas do mesmo jeito e discutíamos com freqüência. Só consigo recordar poucas vezes na minha vida em que não me senti tenso ao lado dele. Nosso relacionamento foi assim até a sua morte.
Quando recebi a notícia de que meu pai estava com câncer, fiquei chocado, em parte porque tinha a ilusão de que essas coisas só aconteciam com as outras pessoas e em parte porque não estava pronto para a sua morte. Eu sabia que o nosso relacionamento não era bom e não queria que ele saísse da minha vida sem que tivéssemos procurado nos aproximar.
Embora não mantivéssemos muito contato desde que eu me tornara adulto, fiz planos para voar até Tulsa e passar o fim de semana com ele quando os médicos lhe deram alta do hospital e o mandaram para casa. Disseram que não podiam fazer mais nada por ele.
Eu não sabia o que ia dizer, mas queria ter um tipo de conversa que não causasse conflito entre nós. Aquele iria ser um dos momentos mais importantes da minha vida.
Nunca me esquecerei da minha última noite com ele. Eu estava sentado na beira da sua cama, buscando em vão palavras que expressassem como eu lamentava o nosso doloroso relacionamento. De um jeito que não era do seu feitio, ele me disse:
—Mark, não temos conversado muito depois que você saiu de casa. Por que você não fala a respeito da sua vida hoje em dia?
Sem pensar, deixei escapar:
—Nossas conversas nunca foram fáceis. Calmamente, ele retrucou:
—Bem, se abaixarmos a cabeça e rezarmos, você acha que poderemos conversar? Você conversa tão bem.
Chorando, abaixei a cabeça e rezei junto com ele. Nas quatro horas seguintes tive a melhor conversa da minha vida com meu pai. Na verdade, acho que foi o único diálogo verdadeiro que tivemos. Descobri coisas a respeito da vida dele que eu nunca soubera e contei-lhe coisas a meu respeito. Pedi que me perdoasse por ter saído de casa tão zangado anos antes e viverei o resto da minha vida lembrando das últimas palavras que eu disse ao meu pai: "Eu te amo.”
Uma das lições que aprendi naquele dia foi que não apenas eu, mas nós dois precisávamos curar nosso relacionamento. Ele entrou em coma no dia seguinte e não voltou a recuperar a consciência. Tinha resolvido seus problemas e estava pronto para partir. Compreendi que eu também tinha assuntos não resolvidos. De certa maneira, estava empacado e não conseguia levar a minha vida adiante por não ter resolvido meu relacionamento com ele. Era em meu benefício que eu precisava perdoá-lo.
Somos profundamente influenciados pelos nossos relacionamentos com os outros. Precisamos deles para podermos ser saudáveis e completos. O fato de estarmos com raiva de uma pessoa não significa que cortamos o relacionamento com ela. A enorme distância física que eu colocara entre meu pai e eu não diminuiu nem um pouco o impacto do meu relacionamento com ele. Minha vida está melhor porque tive a oportunidade de fazer as pazes com meu pai antes de sua morte. Este fato me ajudou a reconhecer a importância de todos os meus relacionamentos, até mesmo dos mais difíceis, para tornar-me quem eu sou.
Olhando para trás agora, consigo ver que nem eu nem meu pai éramos pessoas más no nosso relacionamento. Ambos estávamos contribuindo para os nossos problemas e nós dois tínhamos a responsabilidade de fazer alguma coisa a respeito da situação. Era somente a nossa mágoa que estava impedindo que fizéssemos as pazes. Exatamente como na parábola do bom samaritano, éramos como o homem espancado quando sentíamos que estávamos sendo feridos pelo outro, como os ladrões quando perpetuávamos a mágoa entre nós e como os levitas e os sacerdotes quando estávamos ocupados demais para nos dar ao trabalho de tentar melhorar as coisas. Graças a Deus conseguimos no final ser o bom samaritano quando paramos e fizemos um movimento para nos relacionarmos um com o outro.
Jesus nos ensinou que, além de amar os outros, devemos tratar os mais próximos de nós como amigos. Isso muitas vezes é extremamente difícil. Embora Jesus se considerasse um líder, um profeta e até mesmo o Filho de Deus, quando ele disse aos seus seguidores: "Eu vos chamei de amigos", estava fazendo uma declaração a respeito da essência das pessoas. Não existe nada mais importante do que a nossa escolha deliberada e consciente de construir um relacionamento amoroso com aqueles que nos cercam, por mais difícil que isso seja. Este é um dos princípios que uso na terapia e que também tem me ajudado na minha vida pessoal.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Às vezes tratamos aqueles que amamos como nunca trataríamos nossos amigos.Devemos pedir perdão por isso.


A IMAGEM DE DEUS NA TERRA

"O Pai está em mim, e eu no Pai" João 10:38

Darren começou a fazer terapia quando estava no ensino médio e continuou a se tratar de um modo intermitente. Embora tenha se beneficiado de alguma maneira, também foi tratado com técnicas que considero ultrapassadas.
Darren era muito tímido e reservado. Sua auto imagem era medíocre e acreditava que ninguém estava realmente interessado nele. Tinha poucos amigos e só conseguia manter um contato social nos bares depois que afastava as suas inibições com doses significativas de álcool. É claro que essa atitude dava origem a outros problemas.
Em determinado momento, Darren topou com uma forma de terapia que fez com que ele se soltasse bastante. Disseram-lhe que fosse para uma sala repleta de outros pacientes e extravasasse quaisquer emoções que quisesse. Baseado no comportamento dos outros, Darren pôs-se a gritar e a se jogar no chão. De repente, foi capaz de expressar uma raiva violenta que reprimira a vida inteira. Ao contrário do que poderia esperar, Darren não foi rejeitado pelos seus sentimentos de raiva; na verdade, foi elogiado por ser capaz de expressá-los com tanta liberdade. Ele se sentiu livre. Darren mal conseguia acreditar que pudesse mostrar aos outros o que tinha de mais inaceitável e repulsivo, e mesmo assim ser aceito. É extremamente curativo quando, em vez de sermos rejeitados, somos aceitos ao expressar os sentimentos que censuramos.
No entanto, os efeitos dessa experiência não duraram. Em algum nível mais profundo, Darren não conseguiu acreditar que os outros o estivessem verdadeiramente aceitando. Ele achou que estavam fingindo, como todas as pessoas de sua vida. Inconscientemente, imaginou que havia algo a seu respeito que elas rejeitariam. Assim, suas explosões de raiva começaram a aumentar progressivamente. Gritava com os outros, derrubava a mobília e desafiava zangado os terapeutas quanto estes tentavam colocar limites no seu comportamento.
Darren foi finalmente convidado a retirar-se do grupo de terapia, o que o deixou muito magoado. Os terapeutas reconheceram sua necessidade de se expressar, mas não perceberam a importância do relacionamento deles com Darren quando ele se manifestava.
O simples fato de expressarmos nossas emoções não é benéfico, mas ser acolhido e compreendido ao externá-las pode ajudar muito na cura. Quando Darren sentia que a expressão dos seus sentimentos era aceita pelos outros, a terapia era capaz de curar mágoas passadas. Mas quando ele se sentiu rejeitado por expressar a sua raiva, a terapia se tornou uma repetição de traumas passados. Como já disse antes: os psicólogos estão reconhecendo hoje em dia a importância essencial dos relacionamentos em nossa vida, e a nossa terapia precisa sempre considerar este fato.
Jesus ensinou que não podemos viver sem um relacionamento com Deus e com os outros, assim como não somos capazes de existir sem o ar que respiramos. Tentar viver uma vida isolada significaria violar a nossa natureza. Reconhecer que dependemos fundamentalmente de alguém fora de nós é a única maneira de satisfazer a nossa natureza. Muitos psicólogos estão chegando à mesma conclusão. Estamos reconhecendo que as pessoas só podem ter um "eu" ao se relacionarem com os outros.4 Jesus sempre se viu em um constante relacionamento com Deus.5 Ele disse: "O Pai está em mim, e eu no Pai." Esta profunda conexão entre eles era um modelo de como ele queria que nos víssemos. Os seres humanos não podem viver isolados.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A imagem de Deus em nós é a nossa capacidade de nos relacionarmos.



A INTERPRETAÇÃO ERRADA DO OBJETIVO DA VIDA DE JESUS

"A princípio seus discípulos não compreenderam..." João 12:16


O domingo de Ramos é lembrado na igreja cristã como o início da semana mais importante da vida de Jesus. Nesse domingo ele foi para Jerusalém viver seus últimos dias na Terra. As pessoas que souberam que ele estava chegando enfileiraram-se nas ruas para saudá-lo, agitando folhas de palmeira como um símbolo de vitória para um poderoso dirigente, mais ou menos como fazemos quando papéis são jogados dos prédios para receber os heróis.
Para surpresa de todos, Jesus chegou montado em um jumento. Em vez de chegar à cidade com grande pompa, ele se serviu de um humilde meio de transporte para cumprir uma antiga profecia. Ele queria deixar uma coisa bem clara: ele era alguém com quem qualquer um podia se relacionar. Até mesmo João, o amigo mais chegado de Jesus, escreveu mais tarde a respeito desse evento dizendo que "não tinha entendido". As pessoas, tanto naquela época quanto agora, têm a tendência de achar que, se Jesus tinha o poder de mudar o mundo, ele deveria ter planos drásticos para varrer a corrupção e o mal que permeava o planeta. Jesus, porém, parecia continuar a dizer às pessoas que elas precisavam se relacionar com Deus.
Meu amigo Steve não se interessa por religião, especialmente pelo cristianismo. Para ele, Jesus era um rabino moralista que se exibia como se possuísse uma virtude superior, tentando fazer as pessoas se sentirem culpadas se não agissem da mesma maneira. Steve acredita que a religião traz à tona o que há de pior nas pessoas, aproveitando-se da culpa que elas sentem.
Infelizmente, acho que muitas pessoas religiosas também pensam como Steve. Muitas são religiosas porque se sentem culpadas e têm esperança de que através das práticas religiosas podem ser salvas. Elas seguem rituais religiosos, fazem contribuições financeiras e tentam viver uma vida religiosa para não se sentirem mal com relação a si mesmas. A noção de que Jesus queria mostrar às pessoas que elas são más para que vivam de forma mais digna é uma interpretação errada das idéias de Jesus.
Jesus criticava o comportamento de algumas pessoas, mas aquelas que ele mais censurava eram exatamente as religiosas. Raramente ele reprovava as pessoas comuns. Quando se deparava com alguém que estivesse se comportando mal, dizia para a pessoa "ir embora e não pecar mais", sem dar ênfase ao mau comportamento. O objetivo da vida de Jesus não era demonstrar que as pessoas eram más, mas fazer com que elas soubessem que precisavam relacionar-se com Deus e com os outros de forma amorosa. Ele acreditava que, se reconhecêssemos essa necessidade humana básica, não desejaríamos agir de modo nocivo. É fácil enganar-se ao interpretar o objetivo da vida de Jesus se encararmos sua missão como um dever moral, se acreditarmos que Jesus considerava que as pessoas eram fundamentalmente más e precisavam ser moralmente libertadas através de princípios religiosos. O objetivo da vida de Jesus não era fazer com que tivéssemos mais moralidade e sim nos tornar mais amorosos em nossas relações.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: A boa moralidade se origina nos bons relacionamentos.



VOLTANDO AO JARDIM DO ÉDEN

"Eu vim para que elas tenham vida, e a tenham em abundância.” João 10:10

Há anos Michael não fala com o irmão, Tom. Todos na família estão a par da animosidade existente entre os dois, mas ninguém sabe o que fazer a respeito. Ambos são teimosos e cada um acha que foi profundamente ofendido pelo outro. Na última vez que a mulher de Michael tentou discutir a situação com ele, a conversa terminou com Michael gritando: "Não quero que o nome dele volte a ser mencionado nesta casa.”
Na verdade, nem Michael nem Tom conseguem se lembrar de como surgiu a inimizade entre eles. No entanto, ambos são capazes de recordar numerosos incidentes que usam para manter ativo o ódio existente entre os dois. Michael sente raiva de Tom por este não ser o tipo de irmão mais velho de que ele precisava, e Tom também sente raiva de Michael por vê-lo tão ressentido. Cada um acha que o outro lhe deve satisfações e nenhum dos dois está interessado em fazer alguma coisa para melhorar a situação.
O que nenhum dos dois percebe é que ambos precisam um do outro para serem completos. A guerra entre os irmãos produz feridas e sofrimentos nos dois. Apesar do que Freud achava originalmente, não é natural que membros de uma mesma família sejam agressivos uns com os outros. Esse tipo de animosidade é um sinal de que algo está errado.
Michael precisa reconciliar-se com Tom em seu próprio benefício. Ele resiste à idéia de aproximar-se do irmão por achar que estaria "cedendo". O que ele não percebe é que está prejudicando a si mesmo por permitir que o desentendimento continue. A reconciliação cura as feridas da nossa alma. A amargura e a raiva de Michael em relação ao irmão afetam todos os seus relacionamentos.
Jesus via o trabalho da sua vida como a reconciliação da humanidade com Deus. As Escrituras judaicas ensinavam que Adão e Eva haviam sido expulsos do Jardim do Éden por terem desobedecido a Deus. Do ponto de vista teológico, esse evento foi chamado de Queda, porque a humanidade caiu em desgraça em relação a Deus. A missão de Jesus era mostrar-nos o caminho de casa.
Quando penso nessa "Queda" a partir de uma perspectiva psicológica, me pergunto: "De onde eles caíram?" A resposta que Jesus daria é a seguinte: "De um relacionamento com Deus." O que a humanidade perdeu no Jardim do Éden foi o relacionamento íntimo com Deus. Jesus viu a si mesmo como a ponte entre Deus e a humanidade. Essa foi a nossa redenção, o nosso relacionamento restaurado com Deus.
Acredito que a vida seria melhor se pensássemos com mais freqüência que a nossa salvação consiste em restabelecer os relacionamentos rompidos. Quando um relacionamento se rompe, a maioria das pessoas se preocupa em descobrir quem está errado. Quando somos feridos, procuramos logo o culpado, querendo que pague por isso. Jesus, por outro lado, achava que as coisas poderiam ser reparadas a partir do que damos aos outros e não do que recebemos deles como forma de pagamento.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Nós nos salvamos restaurando os relacionamentos.