7 de agosto de 2007

Um pouco de mim




Um pouco de mim


Eu sou lúcida na minha loucura, permanente na minha inconstância, irrequieta na minha comodidade.

Pinto a realidade com alguns sonhos e enxerto sonhos em cenas reais. Choro lágrimas de rir e quando choro para valer não derramo uma lágrima. Amo mais do que posso, e por medo, sempre menos do que sou capaz. Busco pelo prazer da paisagem e raramente pela alegre frustração da chegada. Quando me entrego, me atiro e quando recuo não volto. Mas não me leve a sério, sei que nada é definitivo, nem eu ou que penso que sou. Nem nós ou o que a gente pensa que tem.

Prefiro as noites porque me nutrem na insônia, embora os dias me iluminem quando nasce o sol. Trabalho se salário e não entendo de economizar. Nem energia. Esbanjo-me até quando não devo e, por vezes sem conta devo mais do que ganho. Não acredito em duende, fadas, bruxas ou feitiços. Nem vou à missa. Mas faço simpatias e mascaro a minha fé no Deus do otimismo. Quando é impossível, debocho. Quando é permitido duvido.

Não bebo porque só me aceito sóbria, fumo para enganar a ansiedade e não aposto em jogo de cartas marcadas. Não tomo café da manhã, não almoço, vivo de dieta e penso mais do que falo. E falo muito, principalmente sozinha. Nem sempre o que você quer saber, eu sei. Gosto de cara lavada (exceto por um traço preto no olhar), meias, nutro uma paixão por surpresas e sinto falta de uma tatuagem no lado esquerdo das costas, mas há uma mulher em algum lugar em mim que usa caros perfumes, sedas importadas e brilho no olhar, quando se traveste em sedução.

Se você perceber qualquer tipo de constrangimento, não repare, eu não tenho pudores mas, não raro sofro de timidez. E note bem: Não sou agressiva, mas defensiva. Impaciente, onde você vê ousadia. Falta de coragem, onde você pensa que é sensatez. Mas mesmo assim, sempre pinta um momento qualquer que eu esqueço todos os conselhos e busco por caminhos escuros, estranhos desertos

Marina Carvalho

Nenhum comentário: