29 de setembro de 2007

CONVIVENDO COM AS NOVAS TECNOLOGIAS




A VIRTUOSIDADE DO VIRTUAL: CONVIVENDO COM AS NOVAS TECNOLOGIAS


O texto de Marta Alves de Souza, aborda algumas reflexões a cerca do real e do virtual, tece comentários sobre os relacionamentos humanos em ambiente de rede, a simbologia usada na Rede e a convivência nesse mundo virtual. Tenta colocar questões que dizem respeito ao próprio sentimento do homem com relação ao ciberespaço e seu relacionamento com essas novas tecnologias da informação que estão revolucionando a forma como as pessoas se comunicam e buscam informações. Levanta ainda alguns pontos com relação aos inseridos nesse sistema, ou seja, aosconectados e não conectados.

"Seres humanos, pessoas daqui e de toda parte,
vocês que são arrastados no grande movimento
da desterritorialização, vocês que são enxertados
no hipercorpo da humanidade e cuja pulsação
ecoa a gigantescas pulsações deste hipercorpo,
vocês que pensam reunidos e dispersos entre o
hipercórtex das nações, vocês que vivem
capturados, esquartejados, nesse imenso
acontecimento do mundo que não cessa de voltar
a si e de recriar-se, vocês que são jogados vivos
no virtual, vocês que são pegos nesse enorme
salto que nossa espécie efetua em direção à
nascente do fluxo do ser, sim, no núcleo mesmo
desse estranho turbilhão, vocês estão em sua
casa. Benvindos à nova morada do gênero
humano. Benvindos aos caminhos do virtual!"

(LÉVY, 1996, p.150)



O futuro é Aqui

A melhor maneira de conviver com o futuro é dominar as novas tecnologias da informação e comunicação que estão modificando o mundo, ou a forma como as pessoas manipulam e recuperam informações.
Um exemplo dessa tecnologia é a Internet, rede das redes, que salta fronteiras e recompõe forças políticas, sociais e culturais. Os reflexos dessa na sociedade pode ser comparados aos mesmos impactos que ocorreram entre a passagem da cultura oral para a cultura escrita. Apresenta-se como instrumento novo cultural capaz de trazer mudanças parecidas às da introdução da imprensa e surge como umanova ordem capaz de operar mudanças grandiosas na sociedade como um todo. É uma tecnologia acima de qualquer outra e junto com ela emergem outras tecnologias, outras formas de pensar inclusive as relações humanas e um leque enorme de possibilidades.
A cada ano o número de usuários da Internet dobra. Agregando cada vez mais pessoas dispostas a fazer uso da Rede para tudo o que é possível imaginar e até mesmo o que a vã filosofia ainda não permite crer. Atualmente o número de usuários está acima de 200 milhões em todo o mundo1, de acordo com Cisco Systems, sete novos usuáriosentram na Rede a cada segundo. A previsão é de que os usuários formem um contingente de 700 milhões de pessoas em 2001.
Diariamente são enviados mais de 7 bilhões de e-mails, mais do que a 1 Segundo dados apresentados na Revista Info Exame, ano 14, n.164, nov./1999. p.88 população mundial. Os sites da Web eram 26 mil em 1993, hoje são mais de 11 milhões; só entre 1997 e 1998 o aumento foi de 118%.
Estes dados são extremamente numéricos mas comprovam e provam um fato, a Rede cresce exponencialmente de forma a não deixar nenhuma dúvida a que veio e com ela a virtualização do real.
E para deixar tudo ainda mais virtual fala-se do projeto InterPlaNet, uma rede de comunicação interplanetária, segundo Vint Cerf, um dos criadores da Internet2, que afirma ser objetivo da Nasa projetar e construir uma rede baseada na Internet que sirva para interligar os planetas e satélites do sistema solar, de forma a suprir as necessidades de comunicação da exploração espacial nas próximas décadas. Com ela espaçonaves, estações orbitais, estações de pesquisa e, eventualmente os habitantes em outros planetas poderão estar conectados da mesma forma que a Internet está ligando hoje nosso mundo.
Vint Cerf ainda continua em sua entrevista falando das novidades que podemos esperar em relação a Internet para os próximos anos, tais como: acesso sem fio, o acesso em banda larga e a popularização de dispositivos prontos para navegar pela Internet, como celulares, pagers, automóveis e eletrodomésticos. Ele afirma que as conversas da telefonia, do rádio e da televisão com a Internet vão produzir uma enorme variedade de serviços.
Como pode ser percebido acima as possibilidades que essas tecnologias trazem é algo que beira o imaginável, o exemplo mais gritante aqui é a própria Rede com seu universo virtual, sem barreiras geográficas ou temporais e sem paredes, tudo rompido e até um pouco corrompido pelo poder que emana de cabos de fibras óticas, quedesnuda as pessoas e desmistifica as culturas. São os bits substituindo as utilizações analógicas é uma nova maneira de fazer as informações circularem e transitarem em tempo real.

Mais o que é o real?

Segundo Lévy:

"O real seria da ordem do "tenho", enquanto o virtual seria da ordem do "terás", ou da ilusão, o que permite geralmente o uso de uma ironia fácil para evocar as diversas formas de virtualização." (1996, p.15)

Para falar de real, tem-se também que falar do virtual, que aliás é o que permeia a transnação chamada Internet. Lévy ainda mostrando o real e o seu contraponto virtual, coloca:

"A palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, potência. Na filosofia escolástica, é o virtual o que existe em potência e não em ato. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado no entanto à concretização efetiva do formal. A árvore está virtualmente presente na semente. Em termos rigorosamente filosóficos, o virtual não se opõe ao real mas ao atual: virtualidade e atualidade são apenas duas maneiras de ser diferentes." (1996, p.15)

Na verdade existe uma interação entre o real e o virtual, pois em meio a tanto real hoje convive-se pacificamente com o virtual, e alguns até mais neste último, afinal existem os viciados em surfar nas ondas da Internet, esquecendo-se de seu mundo real.Tudo vive entrelaçado, as pessoas e a tecnologia da informação

Virtual parece ter se tornado a palavra da moda e, ao mesmo tempo, um assunto muito controverso e polêmico, cuja compreensão tem provocado os mais diversos posicionamentos.
Por um lado a virtualização significa que o mundo mudou radicalmente e, por isso, ela não é apenas a palavra da moda, mas também uma palavra de ordem, uma exigência de que todos aceitem incondicionalmente as mudanças e a elas se adeqüem.
O objetivo da discussão aqui é o de tentar analisar o fenômeno da virtualização e as controvérsias que o mesmo vem suscitando, procurando salientar os aspectos realmente novos. Entende-se que as transformações atuais na maneira como as pessoas se comunicam
significam mudanças na continuidade, mas também mudanças com descontinuidade. A virtualização tem um conteúdo ideológico, mas também um conteúdo real de mudança. A questão fundamental consiste em precisar quais são as peculiaridades dessas mudanças.
A virtualização é um fenômeno, cujas aparências, em um primeiro momento, sugerem que o mundo, criado pelo homem, assumiu as dimensões e as propriedades naturais do globo terrestre. Um mundo sem paredes, ou melhor, um mundo globalizado, sem fronteiras, com
suas regras, suas políticas e seus organismos. A virtualização significa a completa integração e a mais ampla liberalização da exposição do pensamento humano, criando o que Lévy (1998) chama de inteligência coletiva, o mesmo autor afirma que:

"Até o momento, o que fizemos foi principalmente imaginar e construir mundos virtuais que eram meras simulações de universos físicos reais ou possíveis. Propomos agora conceber mundos virtuais de significações ou sensações partilhadas, a abertura de espaços em que poderão desenvolver-se a inteligência e a imaginação coletivas." (p.83)

Pensando em termos de inteligência coletiva, é possível imaginar que todos podem participar da vida política e decidir os rumos da humanidade como um todo, com muita agilidade e facilidade. Afinal, é possível adquirir uma infinidade de informação sobre qualquer candidato ou partido, trocar idéias e votar de casa. É o auge do principio da universalidade; nunca alguém pôde imaginar essa capacidade de participação política das pessoas, é como se a humanidade estivesse emancipada, talvez a humanidade esteja inclusive se emancipando de si mesma e o homem está vivendo em torno de dois mundos: o real e o virtual. Diante de tantas transformações, a virtualização fornece ingredientes para o sem limite baseado, modernamente, em redes de computadores interligadas, onde as pessoas interagem entre si, trocam informações e se divertem, contudo o olhar do mercado, um mercado de informações, nos situa como clientes em potencial, é a cibercultura.
A humanidade está penetrando no admirável mundo novo da virtualização, dos cyborgs, da clonagem,

"... onde ovelhas balem, dos transplantes, onde se roubam, literalmente, os corações, e do domínio da cibernética, onde reina, entre a ficção e a realidade, a maldição de Blade Runner." (Ribeiro, p.131, 1998)

As pessoas estão dentro de um mundo virtual, dividido em dois planos: o que estão conectados e os que não estão conectados, estes últimos excluídos da socied@dedigit@l, pois para fazer parte dessa é necessário a devida conexão, ou seja o indivíduo faz ou não faz parte do sistema, um sistema que tem características próprias, linguagem própria e em algumas momentos parece ter vida própria, isso naturalmente devido às suas peculiaridades, que são muitas.

Uma dessas peculiaridades é exatamente o vocabulário: surfar, navegar, acessar, aqui alguns exemplos de palavras que significam: conexão, estar on-line. Sem levar em conta e já levando, os símbolos usados para expressar sentimentos, tais como: abraços =[]s, alegria=:-) tristeza =:-(, isso só para citar alguns exemplos, a lista segue vasta.

Logo, para estar integralmente inserido no sistema é também necessário conhecer seu vocabulário, suas particulariedades, suas características, pois não basta só estar conectado, é preciso saber “surfar em suas ondas".

A "aldeia global", termo cunhado de Mcluhan, impõe a padronização de um estilo de vida, que vai do consumo, pesquisa e diversão. Mais de 200 milhões de pessoas "navegam" ou "surfam" de um canto a outro do planeta todos os dias na "Rede", assim conhecida a Internet, os sites proliferam, proliferam-se os conectados, afinal ninguém quer ficar de fora. Hoje a pergunta clássica não é: "Qual o seu telefone?", mas sim, "Qual é seu e-mail?".

Se este universo virtual tem vocabulário próprio também tem seu idioma oficial, o inglês é a língua encontrada, todos estão fadados aos seus encantos e também desencantos, se nesse universo digital desconhecer esse idioma, o indivíduo está parcialmente fora da Rede, ou seja, está limitado ao seu idioma que não é o inglês. Não se tem mais a era do simples intercâmbio comercial, isso evoluiu para o grande mercado único, pode-se comprar pela Rede, pode-se vender na Rede, tudo é permissível, inclusive a mais nova modalidade de fragmentação do ser humano: leilão de óvulos humanos (...)

(Leia na Integra)

Nenhum comentário: