31 de julho de 2008

Sou classe média






Sou classe média

Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal

Sou classe média,
compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos" e
vou de carro que comprei a prestação

Só pago impostos,
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um
Pacote CVC tri-anual

Mas eu "tô nem aí"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "tô nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda

Mas fico indignado com o Estado
Quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado
Que me estende a mão

O pára-brisa ensaboado
É camelô, biju com bala
E as peripécias do artista
Malabarista do farol

Mas se o assalto é em "Moema"
O assassinato é no "Jardins"
E a filha do executivo
É estuprada até o fim

Aí a mídia manifesta
A sua opinião regressa
De implantar pena de morte
Ou reduzir a idade penal

E eu que sou bem informado
Concordo e faço passeata
Enquanto aumento a audiência
E a tiragem do jornal

Porque eu não "tô nem aí"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "tô nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda

Toda tragédia só me importa
Quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar
Quem já cumpre pena de vida

Do compositor Max Gonzaga, com a Banda Marginal, no Festival da Cultura,
realizado no segundo semestre de 2005. Assista, é MUITO bom.


http://www.youtube.com/watch?v=KfTovA3qGCs&search=max%20Gonzaga

Fernando Pessoa







"Fiz de mim o que não soube.
E o que podia fazer de mim não o fiz.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara."



(Fernando Pessoa - Tabacaria)


O melhor de mim está preso à tradições,
sofre com prisões que eu mesmo criei,
se nega a aceitar fatos acontecidos,
se rende ao passado e desdenha o futuro.

Sofro por não querer acordar,
a realidade dolorosa me assusta,
prefiro o quarto escuro dos meus sentimentos,
sentimentos que me embriagam, me entorpecem,
assim, permitem-me viver, mesmo que á sombra,
mesmo que distante da realidade.

Longe de ti, as estradas são compridas demais,
as cercas enormes, as montanhas se agigantam,
o chão é sempre de barro batido, e meus pés doem,
longe de ti, até as noites são escuras demais.

O melhor de mim, estava sempre junto de ti,
hoje pouco resta, meu sorriso amarelou,
sou uma velha foto no armário,
onde outrora brilhava...

Onde está o melhor de mim?
Onde está a minha porção gente?
Onde está você, que grito e não me ouve,
chamo e não responde?
imploro e não liga?
morro e nem sente...

Procuro-te, não me basta saber que existes,
preciso te tocar, sentir, desafiar o tempo.
Tempo esse que escorre pelos meus dedos,
no quarto escuro que me escondo,
na certeza de que o amor é remédio,
que minha alma tem cura,
e te procura na longa noite que não termina.

Onde está o melhor de mim?
Eu acredito em você.


Paulo Roberto Gaefke
www.meuanjo.com.br

11 de julho de 2008

O sonho e o desejo de um beijo





O sonho e o desejo de um beijo

Tive um sonho insólito esta noite depois de ter pego no sono por
volta das três da madrugada. Estava angustiado no útero de minha mãe
aguardando com pouca paciência a hora de meu nascimento. Havia uma
incontrolável vontade de conhecer o mundo. Seria minha primeira
grande aventura e certamente a viagem mais fascinante que faria.
Expectativa. Eu vivia num ambiente ao mesmo tempo hostil e sagrado
pois a escuridão me parecia confortável, e a umidade, terna e morna,
de alguma maneira me consolava. Entretanto o barulho me irritava e
era ininterrupto. Eu sentia mãos gigantescas perscrutando aquele
esconderijo acolhedor e me dando violentos trancos aterradores.
Aquilo me assustou e me fez desistir de nascer. Queria
desesperadamente voltar à trás. De repente tudo me pareceu muito
assombroso e inóspito fora da segurança de minha caverna. E eu já
sabia o que me esperava, das mazelas às riquezas do mundo, das
pessoas e de seus fantasmas e então tentava a todo custo me encolher
e lutar para me manter ali naquelas lubrificadas engrenagens mas a
emborrachada mão insistia e segurava minha cabeça e eu não tinha
força para lutar. Foi então que ela me agarrou e me arrastou para
fora como se extirpasse um apêndice e eu me senti afogado, sufocado
e amedrontado olhando para todas aquelas caras estranhas e aquela
luz absurdamente clara não me deixa abrir os olhos. A violência não
cessa, são seres cruéis, investem sobre meu corpo delgado aos
atropelos. Grito desesperado com fúria e dor. Filhos da puta. Acordo
suado às nove da manhã. Ainda sinto sono, mas não consigo mais
dormir.
Jogo uma água no corpo e saio para caminhar um pouco pela rua. Está
frio, a garoa é quase um vapor fresco que chicoteia nossa face e vou
seguindo resoluto. Gosto de pensar caminhando. Queria contar esse
sonho para uma amiga psicanalista, mas ela vai me falar de Freud e
eu odeio quando me falam de Freud como se esse desgraçado tivesse
desenvolvido teorias sobre tudo e, assim, há explicação racional pra
tudo. Foda-se. Também não entendo uma coisa que deveria ser
igualmente estudada. Por que, afinal, tantas mulheres são
psicanalistas? Talvez por não terem tantas fantasias sacanas quanto
os homens. Não sei os outros, mas eu tenho uma infinidade de
fantasias libidinosas que muitas vezes me fazem crer que sou um ser
abjeto, ao menos sob uma análise mais sexual. Houve um tempo em que
amei uma garota e adorava transar com ela imaginando-a fodendo com
algum sujeito irreal. Porém tinha um baita ciúmes dela. Com certeza
Freud também explicaria tudo isso. E é por isso mesmo que o odeio
tanto. Não suportaria ter minhas fantasias explicadas uma vez que,
desse modo, elas deixariam de ser fantasias e eu gosto delas assim
como são. O frio paulistano é o melhor dos frios. Muito melhor que o
europeu, pois aqui em vez da viadagem da neve tem garoa que é capaz
de transformar 10 graus centígrados em genuínas temperaturas
negativas. O frio me dá muito tesão, mas gosto dele apenas durante
noventa dias. Depois, bem depois os trópicos cuidam de esquentar o
clima e daí é a vez das mulheres sentirem o tesão fluir vigoroso por
todos os seus indômitos poros.
Sigo caminhando, e não há nada de interessante nas ruas da
periferia. Com esse clima nem mesmo os cães vagabundos fazem sua
ronda rotineira. Gosto de observar os cães urbanos perambulando
pelos becos. De alguma maneira somos muito parecidos. Os cães
vagabundos parecem lobos solitários e andam esfarrapados pelas ruas
do mesmo jeito que seus ancestrais lobos percorriam as pradarias,
com aquele mesmo olhar sábio e solidário, mas sempre pronto para
qualquer combate. Eles farejam o cio das fêmeas, os alimentos e
também o medo ou a coragem de seus oponentes. Talvez por isso mesmo
se tornaram grandes companheiros dos homens. Não caminho por muito
tempo e volto para um café na padaria. A gorda furiosa está lá, mas
nunca guarda rancores. Ou, quem sabe, nem se importa e como puta
suporta um idiota como eu apenas para defender sua renda do dia. Ela
me serve chocolate e pão na chapa com manteiga. Mesmo não gostando
muito de mim se esforça um pouco para parecer simpática. E diante de
tudo isso eu me sinto poderoso com apenas três reais no bolso.
Começa a chover mais forte. O som batucado pelas gotas de água na
cobertura de zinco me traz idéias de um conto que eu bem que poderia
escrever. Bastaria pedir um papel e uma caneta para essa velha
cadela obesa e rabiscar um pequeno esboço, ou botar essas idéias no
papel e depois escrever freneticamente uma história. Mas não me
permito pedir favor a essa mulher. Quero ser um pouco esnobe e
ignorá-la por completo. A história me foge completamente quando fixo
meus olhos naquelas tetas imensas repousadas sobre uma barriga
bojuda e gelatinosa. Ela se move, lava copos, vai de um lado a
outro, e toda aquela massa espetacular permanece imóvel. Fico
observando-a atentamente e imaginando como seria essa mulher fodendo
de quatro. E acho que isso a irrita. “Deseja mais alguma coisa?”, me
pergunta com uma cara pouco cordial. Ela tem essa cara
demasiadamente quadrada e de um rosado desbotado e sinto vontade de
rir. Mas apenas pago os três reais e vou embora sob a chuva que
aperta com meus passos apressados. Em casa, depois de seco, me boto
em frente ao computador. Fico ali olhando a tela branca brilhando e
me intimido. Os teclados riem de mim ou apenas das cócegas que meus
dedos fazem neles. As palavras surgem e me dou conta que escrevi
mais que uma frase, e depois outra, e outra e enfim quatro
parágrafos longos. Agora sou eu que encaro o monitor salpicado de
letras negras formando quatro grandes blocos. Venci o páreo de hoje
com ele. Salvo tudo e me levanto com essa agradável sensação de
vitória. Cheio de júbilo e confiante, sinto vontade de ligar para a
analista, nutro uma grande atração por ela, queria reunir toda
coragem e dizer a ela o quanto sinto vontade de beijá-la e amá-la.
Não sei direito o que é isso. Resolvo então escrever um e.mail e
apenas contar meu sonho. Ela vai citar Freud, eu já sei, mas
foda-se, ao menos tenho um assunto a tratar com ela. Acendo um
baseado e começo a escrever o e.mail: “Minha querida Lady Jane, tive
um sonho insólito esta noite”.


Escrito por Mauro Cassane

Amor Feiticeiro






Amor Feiticeiro
Maria Thereza Neves

hoje acordei a brigar comigo
sentada no poleiro das almas tolas, bobas
que acredita no sedutor de magias
no Dom Juan das mil fantasias
que muda a vida em frações de segundos
quando na alcova, esperava uma alma pura


na escuridão do mundo
no calor infernal
os olhos brilhando no infinito
a passar os dias envolvendo
o lugar, a saudade
sem importar a dor
o teu ir e voltar
sem nada, nada explicar


não deixe o dia findar
nem a morte da paixão rondar
hoje não quero me controlar
preciso da sua boca ardente
vulgar, violenta, lasciva
sonhos impiedosos de luxúria insana
me beijando sem parar
já sinto sobre meu corpo
o teu a deitar
e a vontade de rir, gemer, gritar em vermelho!

17/04/07
******
* Feitiço Amoroso*
Schyrlei Pinheiro
Que feitiço é esse,
guardado na química sedutora,
escondida na magia de um olhar,
que tem o poder infinito
do outro conquistar, sem nada falar.
Miragem... fantasia... ilusão!
Distante, brilhas, e tuas centelhas
despertam o desejo de amar;
sem pedir licença, invades
o coração, com teu calor.
Na troca, basta um segundo
incandescente e te fazes presente
no sempre amar,
provocando, no corpo,
os calafrios da eterna paixão.
Feitiço, és o amor que acontece na vida,
distraída, descontraída, sonhando
com a magia de um simples olhar.

Poesia





"Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita."

(Amar - Memória viva de Carlos Drummond de Andrade)

Poesia






"Me olha
Me olha de novo
Eu quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora
quem está por fora
não segura
um olhar que demora
de dentro de meu centro
este poema me olha"


(Paulo Leminski)

Rosa

Rosa queria casar na primavera, mas aceitou casar no outono / Rosa queria passar a lua de mel na praia, mas aceitou passar na cidade / Rosa queria morar no oitavo andar, mas aceitou morar no sétimo / Rosa queria passear no zoológico, mas aceitou passear no parquinho / Rosa! Chega de tudo bem! / Rosa, seja exigente!

A Filosofia da Linguagem





A Filosofia da Linguagem



O que se chama hoje de Filosofia Lingüística (que não deve ser confundido com Filosofia da Linguagem ou Filosofia da Lingüística) é um dos dois principais ramos da Filosofia Analítica. O outro ramo principal é o Positivismo Lógico.
Tanto o Positivismo Lógico como a Filosofia Lingüística têm antecedentes importantes. O primeiro foi antecedido pelo Atomismo Lógico de Bertrand Russell e pela filosofia do jovem Ludwig Wittgenstein, representada pelo Tractatus Logico-Philosophicus. A Filosofia Lingüística tem, como seu antecedente mais importante, G. E. Moore, com sua ênfase na análise do senso comum e da linguagem do dia a dia. Às vezes se faz referência a esse período dos antecedentes do Positivismo Lógico e da Filosofia Lingüística denominando-o de fase da "Análise Clássica".
Isto posto, é importante observar que a Filosofia Analítica, incluindo os antecedentes mencionados, e abrangendo tanto o Positivismo Lógico como a Filosofia Lingüística, não é o que se poderia chamar de uma "escola filosófica". Ela é muito mais um "movimento", cujos participantes exibem certas características que lhe dão, por assim dizer, o ar de pertencerem à mesma família, mas que não defendem, necessariamente, um conjunto de teses filosóficas comuns a todos -- a não ser uma idéia geral sobre o objeto da filosofia e uma forma de ver o seu método.
As duas principais "semelhanças familiares" que exibem os filósofos analíticos seriam, portanto, as seguintes:

A. O objeto da filosofia é a linguagem
B. O método da filosofia é a análise lógica


Título: Artigo: A Filosofia como Análise Lógica da Linguagem
Autoria: Eduardo Chaves
Link: http://www.chaves.com.br/TEXTSELF/PHILOS/analise.htm

Ciência da Informação




Ciência da Informação


As teorias e metodologias desenvolvidas, tanto no escopo temático da ciência da informação quanto no da ciência da computação, que estão voltadas para a representação do conhecimento, apresentam, de forma mais ou menos abrangente, discussões sobre princípios como contexto de conhecimento, natureza dos conceitos, relações entre conceitos e sistemas de conceito. No campo do quadro teórico, investigam-se os modelos de abstração utilizados nas duas áreas e modelos representacionais associados à modelagem de sistemas de banco de dados, especificamente o modelo orientado a objetos. Da ciência da informação, analisam-se teorias ligadas à representação de sistemas de conceitos, como a teoria da classificação facetada e a teoria do conceito. Da teoria da terminologia, utilizam-se princípios estabelecidos para a determinação de conceitos e suas relações. Garantindo a especificidade de cada área, a comparação entre as teorias se dá, tendo em vista quatro pontos relacionados ao processo de modelização, a saber: o método de raciocínio; o objeto de representação; as relações entre os objetos; as formas de representação gráfica.


Artigo: Modelização de domínios de conhecimento: uma investigação de princípios fundamentais
Autoria: Maria Luiza de Almeida Campos
Link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_pdf&pid=S0100-19652004000100003&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
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O Poder do Meme Meme





O Poder do Meme Meme
Autores : Susan Blackmore; Richard Dawkins


Com a conclusão do projeto Genoma, entramos na era dos genes. Procura-se explicação para todos os comportamentos humanos através da avaliação da adaptação biológica. Entretanto, alguns desses comportamentos intrínsecos à nossa espécie não podem ser bem explicados pela ação dos genes, como a Sociobiologia procura fazer. A questão prioritária gira em torno do cérebro humano.
Os seres humanos deram um grande salto, em relação aos outros espécimes, para o desenvolvimento cerebral e da autonomia dos organismos, o que levou à criação de espaço necessário para armazenar informações, para análise de indícios sutis, para criar um arquivo de experiências passadas e para o planejamento de ações futuras. Isso tudo seria extremamente vantajoso á adaptação biológica do homem ao meio ambiente. Mas, se analisarmos mais profundamente, quais seriam as vantagens biológicas para esse desenvolvimento exagerado de nosso cérebro? O armazenamento de informações seria interessante porque nos permitiria aprender; e nossos erros poderiam ser evitados. Por exemplo, na época da pré-história, esse armazenamento muito provavelmente foi útil para que eles percebessem e lembrassem que certas medidas afastavam alguns predadores. No caso, quem possuía uma maior capacidade de armazenamento de informações teria uma grande vantagem biológica porque conseguiria se proteger melhor dos predadores e teria, portanto, maiores possibilidades de conseguir se reproduzir e repassar seus genes.
Apesar dessas óbvias vantagens adaptativas, existem coisas que não conseguimos explicar com a evolução em torno da necessidade de auto-replicação dos genes, simplesmente porque elas muitas vezes prejudicam essa adaptação biológica necessária para uma otimização da replicação gênica. Por exemplo, qual o objetivo de estarmos constantemente falando e pensando? Qual o sentido de seguirmos determinadas regras, como as religiosas, que pregam um controle sobre os impulsos sexuais? Ou a vantagem de possuirmos um pensamento abstrato que leva á arte? Até mesmo, qual a vantagem para meus genes que eu realize ações altruístas para com seres que muitas vezes não são nem de minha espécie (portanto não compartilham de meu genoma)?
A memética procura explicar essas questões através da existência de entidades auto-replicadoras denominadas memes. Esses memes seriam um tipo de unidade de imitação. Ou seja, todas as idéias e comportamentos obtidos através da imitação de outra pessoa, seriam memes. A própria imitação implícita no conceito de meme seria o seu modo de replicação e, á semelhança dos genes, essa replicação sofreria uma seleção.
A seleção dos memes se daria de acordo com a própria natureza desses memes. Um bom exemplo de como isso ocorre seria o comportamento altruísta disseminado em nossa espécie, ao contrário do que costuma ocorrer com outras espécies. Um comportamento altruísta agrada às outras pessoas, e as aproxima do portador desse comportamento. Com essa aproximação, cria-se a oportunidade para que o próprio meme do altruísmo se propague.
Um meme não precisa, necessariamente, auxiliar a propagação de genes, pois se trata de unidades replicadoras não intimamente relacionadas. Voltando ao caso do altruísmo, podemos perceber esse fato. Uma pessoa altruísta consegue propagar seus memes com certa facilidade, mas, em compensação, não auxilia em nada a propagação de seus genes. Afinal, essa pessoa estaria auxiliando outros genes que não os seus (o que já não faz sentido para a "atuação" usual dos genes), além de estar promovendo a sobrevivência de genes que podem, mais tarde, competirem com eles pela adaptação. Um comportamento altruísta promovido única e exclusivamente pelos genes seria, portanto, rapidamente selecionado em função de um comportamento mais egoísta que objetivasse única e exclusivamente a perpetuação desses genes.
Os memes não se tratam, entretanto, apenas de comportamentos específicos. Eles são muito mais generalizados. Uma carta-corrente, quando bastante copiada, é um meme. A idéia disseminada pela sabedoria popular de que determinada planta funciona como remédio para algum mal, sem nenhuma comprovação científica, também é um meme. Uma música que vai para as paradas de sucesso, e todos cantam; uma obra de arte respeitada e grandemente copiada; uma fofoca bastante repassada; mitos conhecidos pela maioria das pessoas; todos são exemplos de memes que podemos perceber claramente em nosso dia-a-dia e que fazem parte do que chamamos de cultura. Podemos dizer, portanto, que os memes criaram a cultura humana, da mesma maneira que os genes criaram os corpos humanos.

http://pt.shvoong.com/books/1642870-poder-meme-meme/