É impossível traçar um limite exato, uma fronteira, entre o erótico e o pornográfico?
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http://olhares.uncovering.org/v/camara/kula/
28 de novembro de 2008
O erótico e o pornográfico
às 04:43:00
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Erotismo
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15 de novembro de 2008
Poesia
"Dreams"
All people dream, but not equally.
Those who dream by night in the dusty recesses of their mind,
Wake in the morning to find that it was vanity.
But the dreamers of the day are dangerous people,
For they dream their dreams with open eyes,
And make them come true.
David Herbert Lawrence
"Blue-Butterfly Day"
It is blue-butterfly day here in spring,
And with these sky-flakes down in flurry on flurry
There is more unmixed color on the wing
Than flowers will show for days unless they hurry.
But these are flowers that fly and all but sing:
And now from having ridden out desire
They lie closed over in the wind and cling
Where wheels have freshly sliced the April mire.
Robert Frost
às 13:52:00
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poesia
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Como se Passar por um Bruxo em 21 passos
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Como se Passar por um Bruxo em 21 passos
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Nos anos 80 era fashion se interessar por New Age. Agora, para ser aceito na sociedade metafísica, está na moda ser Pagão ou Bruxo. Claro, você não precisa necessariamente pertencer a um coven para se passar por um bruxo, você pode aprender algumas expressões básicas e se vestir como um e ser totalmente aceito pela sociedade, seguindo os passos a seguir
# 1: Para começar você precisa criar uma aura de mistério. Mude seus hábitos. Saia de circulação por alguns meses e volte apenas para informar os amigos que coisas estranhas aconteceram em sua vida e que, num momento oportuno todos terão mais detalhes. Dito isso saia rapidamente, levantando a palma da mão direita e dando um rápido grito que assustará a todos: “Rá!”. Fuja sem maiores explicações.
# 2: Assista filmes de ocultismo. Mas assista muitas vezes, para aprender como agir e para decorar todos os feitiços. Também aprenda a voar na vassoura, a atravessar paredes e fazer todos os efeitos especiais que um bruxo de verdade consegue fazer nas telonas.
# 3: Se comporte de maneira esquisita.
# 4: Imagem é tudo. Use preto o tempo todo.
# 5: Se possível, fique longe do sol até ficar meio translúcido.
# 6: Para as mulheres (e alguns homens modernos) use maquiagem pesada e unhas pretas e compridas para acentuar o visual dark.
# 7: Também use cristais e bijuterias com símbolos de ocultismo o tempo todo. Um pentagrama no pescoço é acessório essencial – e quanto maior, melhor!
# 8: Capas e sobretudos são opcionais, depende muito do impacto visual que você quer causar.
# 9: A atmosfera é essencial. Sua casa deve refletir sua natureza bruxesca. Queime incensos o tempo todo e mantenha sua casa sombria, sinistra e empoeirada.
# 10: Tire fotografias ao lado de bolas de cristal, símbolos astrológicos e outros equipamentos mágicos.
# 11: Deixe que as pessoas descubram naturalmente seu lado místico. Misture as fotos com roupas ritualísticas com as que foram tiradas na festa ou na viagem com a turma. Quando descobrirem as fotos, fique aborrecido e pegue-as imediatamente, se desculpando.
# 12: Quando perguntarem sobre suas práticas ou sobre as fotos, diga que infelizmente você já não pode manter em segredo algo que foi revelado publicamente, então confesse que você é um mestre em ocultismo ou Ciências Secretas e pronto, agora você já pode se gabar do seu novo status.
# 13: Demonstre conhecimento, mas não se aprofunde em nada, pois nenhum bruxo deve ensinar seus feitiços e práticas. Apenas dê a entender que você possui esses conhecimentos.
# 14: Conhecer os famosos da Arte é essencial. Por exemplo, Gerald Gardner. Sempre que possível inclua o nome dele nas suas conversas com outros bruxos e você será sempre visto com simpatia e aceitação.
# 15: Ter sido algum famoso da Arte numa vida passada é ainda melhor. É especialmente útil lembrar uma vida passada como bruxo perseguido durante a inquisição, ou pelo menos ter sido um ocultista famoso. Nas minhas vidas passadas eu fui Aleister Crowley, Cagliostro, Mandrake, o Mágico, e grande parte do elenco de A Feiticeira.
# 16: Se gabe sobre o rápido desenvolvimento das suas habilidade psíquicas desde a sua iniciação. Mas, se te perguntarem sobre sua iniciação simplesmente diga que você jurou segredo quanto a cerimônia, e rapidamente mude de assunto mencionando sua nova e acurada habilidade de localizar monumentos históricos.
# 17: Seja hostil com o cristianismo. Em conversas sociais faça muitas colocações sarcásticas no que diz respeito aos fundamentos cristãos.
# 18: Não deixe que ninguém toque em alguma parte do seu corpo. Isso te dará um ar de excêntricidade que todo bruxo deve ter.
# 19: Mudar de nome causa um efeito surpreendente, dando mais credibilidade ao que você diz. Escolha um nome bem pomposo e difícil de pronunciar. Também adicione um título como grão mestre, conde-mor, venerável ou imperator para ganhar mais status.
# 20: Nunca diga que você é um aprendiz, pois aprendizes não são respeitados por ninguém.
# 21: Fale sempre sobre as orgias dos rituais e de como as bruxas que celebram com você são gostosas. Afinal, bruxo que é bruxo celebra vestido de céu, né? Na verdade, o principal objetivo das celebrações é poder ver logo os outros sem roupa sem precisar dessas besteiras de cantadas e conquistas.
E pronto, você já sabe se passar por um bruxo fake de verdade! Agora é só estacionar sua vassoura mágica numa esquina movimentada (mas que não esteja com neblina de fumaça de incenso); vestir suas roupas pretas e dar aquele olhar sinistro para todos que cruzarem seu caminho. Pronto, seu status social vai melhorar num passe de mágica. Seguindo esses passos, você terá tantas pessoas te adorando e te seguindo que poderá começar sua própria organização! Boa sorte e abençoado seja!
AVISO IMPORTANTE: Isso é uma piada. Para se tornar um Bruxo de verdade o caminho é outro, bem diferente!
às 13:01:00
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Cuidado Virus
Cuidado com e-mails enviados em nome do Orkut ou da google.
Simplesmente ignore esse e-mail e classifique-o como spam/lixo eletrônico, não abra pois nele há anexado um arquivo executável com conteúdo malicioso. Se você esta usando o Orkut sem violar as leis e termos de uso não se preocupe sua conta não esta condenada a nenhum tipo de punição.
Clique no link abaixo para saber mais sobre esse e-mails enviados em nome da google/orkut
http://groups.google.com/group/orkut-help-pt-profiles
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Karaokê
Pra quem gosta de Karaoke, canta ai que eu quero ver...
http://www.omagia.com/imagens/karaoque_gaucho.swf
às 12:56:00
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Montagens
Como fazer:
Entre no site: http://photofunia.com
1- Escolha um dos tipos de montagem
2) Clique no botão "Browse" e selecione em seu computador uma foto com no máximo 500K.
3) A montagem vai aparecer pronta. Salve-a clicando com o botão direito do mouse sobre ela e selecionando "Salvar Imagem como".
Salve-a em algum diretório de seu computador e depois insira-a no orkut como qualquer outra imagem.
Veja alguns exemplos:
às 12:46:00
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Montagem fotos
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13 de novembro de 2008
A psicologia começa com a vida
A psicologia começa com a vida
(...) Ser vivente significa ter uma unidade que transcende a dos componentes materiais elementares que se agrupam no organismo. O que caracteriza a vida é justamente o fato de que o todo do ser é que se relaciona com o meio. O ser vivo é um sistema fechado que se organiza e se preserva na relação com o meio. O conceito de “alma” atende a essa percepção: num corpo vivo existe uma estrutura integrativa dinâmica responsável pelo seu ser, por seu funcionamento como unidade, e por seu desenvolvimento. Se divido uma pedra ao meio, terei duas pedras: isso é um tipo de unidade. Se divido um gato ao meio, terei um gato morto, ou seja, não mais terei nenhum gato. É outro tipo de unidade. A linguagem criou o conceito de alma porque era necessário para darmos conta da originalidade do ser vivo. Dizer “tem alma”, é o mesmo que dizer “é animado” ou “é vivente”, isto é, “tem uma unidade de outro nível”, ou ainda “preserva-se como um todo”. A psicologia é o estudo da alma (psique = alma, logos = razão). E então deve começar fazendo contato com a originalidade do ser vivo, constituindo o psiquismo como seu objeto.
Eis o que diz Tomás: “a ação da alma ultrapassa a ação da natureza corporal. A natureza corporal, toda ela, está com efeito submetida à alma, e se refere a ela como matéria e instrumento” (I, q.78, a.1). As operações dos elementos materiais no corpo vivo são como instrumentos a serviço da vida; mas a vida as ultrapassa, como uma estrutura ultrapassa as sub-estruturas que utiliza.
A partir daí Tomás vai caracterizar a vida pela autonomia de movimentos. Começa a ser vivente aquele que começa a se mover por si mesmo, preservando sua unidade (e dando continuidade assim ao fluxo da vida no planeta). E já não é mais vivente aquele que já não se move a si mesmo, mas apenas é movido por outro (colocando sua matéria a serviço de outros sistemas).
A vida não é como uma porção de matéria que contamina o restante de um corpo. Ela é a própria matéria bruta enrolando-se sobre si própria, organizando-se num sistema complexo, diferente dos níveis de organização anteriores, ganhando uma autonomia nova e caminhando para uma preservação do indivíduo, e ultrapassando o próprio indivíduo na busca de se garantir como um fluxo novo no mundo material. O movimento do universo material já trazia em seu bojo a potencialidade do que viria a ser vida: para Tomás ele tem uma “semelhança de vida” (I, q.18, a.1, sol.1). Bem poderíamos dizer, de nosso ponto de vista, que essa semelhança de vida não deixa de ser uma semente.
A vida transfigura totalmente uma determinada porção de matéria. Quando o corpo vivo morre, não podemos mais dizer que é o mesmo ser. Tomás evoca aqui um dito de Aristóteles: para os seres vivos, viver é ser (I, q.18, a.2, s.c.). Viver refere-se a esse modo de ser consistente, no fluxo do universo, e não apenas ao operar. O operar decorre do ser.
Em decorrência desse olhar para o ser podemos ver que a vida se apresenta em graus diferentes, e com características diferentes. O tipo de autonomia que têm as plantas não é o mesmo daquele que se apresenta nos animais. E a autonomia que é possível ao ser humano, por sua vez, ultrapassa aquela dos animais. Se a manifestação básica da vida em nosso mundo for a vegetativa, a partir daí ela vai se mostrando em formas cada vez mais complexas, até chegar no ser humano. Este cresce como uma planta, percebe e sente como um animal, e, além disso, pensa, é capaz de um entendimento e de um afeto de outra ordem de complexidade. O ser humano transcende as determinações de uma natureza fechada (própria da planta), de um instinto também totalmente determinante (como no animal), e se abre para a reflexão, o que lhe permite um grau de autonomia antes insuspeitado (I, q.18, art.3). É importante dizermos que essa graduação nos processos da vida, explícita em Tomás de Aquino, corresponde ao que nós, melhor do que ele, vemos num fluxo evolutivo: na história do mundo foram emergindo formas cada vez mais complexas de organização autônoma e unidade, transcendendo sempre mais as possibilidades isoladas da matéria elementar.
Nosso mundo não se compõe apenas de “matéria elementar”. Existem “estruturas complexas” que organizam essa matéria elementar e lhe dão um sentido novo. Como se apresenta isso?
Leia na Integra:
http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/artigos05/amatuzzi01.htm
às 12:37:00
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Psicologia
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Sobre o amor
“Vou a Santo Agostinho, em busca de sabedoria. Releio as Confissões, texto de um velho que meditava sobre o amor sem estar apaixonado. Possivelmente aí se encontre a análise mais penetrante das razões do amor jamais escrita. E me defronto com a pergunta que nenhum apaixonado poderia jamais fazer: ‘Que é que eu amo quando amo o meu Deus?’ Imaginem que um apaixonado fizesse essa pergunta à sua amada: ‘Que é que eu amo quando te amo?’ Seria, talvez, o fim de uma estória de amor. Pois esta pergunta revela um segredo que nenhum amante pode suportar: que ao amar a amada o amante está amando uma outra coisa que não é ela. Nas palavras de Hermann Hesse: ‘o que amamos é sempre um símbolo’. Daí, conclui ele, a impossibilidade de fixar o seu amor em qualquer coisa sobre a terra...” (in: As razões do amor)
Depois de tudo, o amor é infinitamente perturbador e, ao mesmo tempo, mantém aceso a febre do olhar que dá paz aos amantes.
Sim, eu sei. O nosso amor é imperfeito demais e, contudo, amoroso demais para que se possa querer outra coisa. Isso me ajuda a seguir quando a vida me faz contente ou, tanto mais, a suportá-la quando a alegria é escassa...
Rubem Alves
às 12:19:00
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O diálogo ajuda o amor durar?
O diálogo ajuda o amor durar?
"É preciso dizer o seguinte: não adianta falar “ah, vamos dialogar”. Eu brinco sempre com a minha mulher, quando um está meio ruim com o outro, que é conversando que a gente se desentende. Tem que dar um tempo. Mas a relação amorosa acontece exatamente na conversa, quando você pode levar o outro para os seus caminhos. É a conversa que abre para o mundo interior, o que seduz a outra pessoa. Mas isso não quer dizer “vamos dialogar”, meio mecânico. Isso não funciona. Há determinadas coisas que não têm técnica, a gente precisa prestar atenção. É prestando atenção que a gente percebe quando é hora de falar e de se calar."
Rubem Alves
às 12:12:00
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Rubem ALves
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Noam Chomsky
Noam Chomsky
Dele, o jornal inglês The Guardian escreveu: “Noam Chomsky está ao lado de Marx, Shakespeare e a Bíblia como uma das dez mais citadas fontes nas ciências humanas - e é o único autor, entre eles, ainda vivo.” O New York Times, com quem trava batalhas há décadas, chamou-o “o mais importante intelectual vivo.” Mas Noam Avram Chomsky dificilmente é uma unanimidade. Nem quer ser: a polêmica parece parte essencial desse lingüista que abraçou o pensamento político e insistiu em teses tão provocativas como a defesa do regime sanguinário de Pol Pot na Camboja e a afirmativa de que os mortos do World Trade Center foram poucos em comparação com os provocados por governos americanos no Terceiro Mundo.
Chomsky nasceu na Filadélfia em 7 de dezembro de 1928. Na Universidade da Pensilvânia estudou lingüística, matemática e filosofia. Desde 1955, é professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, ocupando uma cátedra de Língua Moderna e Lingüística. Casou-se com Carol Schatz, professora da Universidade de Harvard, em 1949, e tem dois filhos.
Fez sua reputação inicial na lingüística, tendo aprendido alguns dos seus princípios históricos com o pai, um erudito do hebraico. Seus trabalhos na gramática generativa, que derivaram do seu interesse pela lógica moderna e pelos fundamentos da matemática, deram-lhe fama.
Sempre se interessou pela política e suas tendências para o socialismo são resultado do que chama de “a comunidade judaica radical de Nova York”. Desde 1965, tornou-se um dos principais críticos da política externa latino-americana. Seu livro O poder americano e os novos mandarins foi considerado um dos ataques mais substanciais ao envolvimento americano no Vietnã.
Hoje, Chomsky é a voz mais respeitada da esquerda acadêmica e intelectual. Mesmo sendo um radical nada convencional. Produziu um substancial volume de teoria política própria e defende a busca da verdade e do conhecimento nos negócios humanos de acordo com um conjunto simples e universal de princípios morais. Escreve de jeito claro, fala com o público especializado e com o leitor em geral. Pode-se dizer que é um herdeiro da Nova Esquerda dos anos 1960. No seu livro mais famoso da época, O poder americano e os novos mandarins, ele disse que os Estados Unidos precisavam de “uma espécie de desnazificação”, insinuando que o país estava caindo no fascismo.
Fonte: Revista Cult
às 11:51:00
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Noam Chomsky
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Sou do tempo
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sou do tempo em que as atrizes tinham alma
sou do tempo em que farmácia só vendia remédio
sou do tempo em que jornal de domingo se lia no domingo
sou do tempo em que até os canalhas choravam
sou do tempo em que os ladrões eram elegantes
sou do tempo em que até os automóveis davam bom dia
às 11:49:00
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Humor
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As razões para o amor
As razões para o amor
Rubem Alves
Os místicos e os apaixonados concordam em que o amor não tem razões. Angelus Silésius, místico medieval, disse que ele é como a rosa : “A rosa não tem “porquês”. Ela floresce porque floresce.” Drummond repetiu a mesma coisa no seu poema As Sem-Razões do Amor. É possível que ele tenha se inspirado nestes versos mesmo sem nunca os ter lido, pois as coisas do amor circulam com o vento. “Eu te amo porque te amo…” - sem razões… “Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo.” Meu amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fosse assim ele flutuaria ao sabor dos teus gestos. Teria razões e explicações. Se um dia teus gestos de amante me faltassem, ele morreria como a flor arrancada da terra. “Amor é estado de graça e com amor não se paga.” Nada mais falso do que o ditado popular que afirma que “amor com amor se paga”. O amor não é regido pela lógica das trocas comerciais. Nada te devo. Nada me deves. Como a rosa que floresce porque floresce, eu te amo porque te amo. “Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse.
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Amor foge a dicionários e a regulamentos vários… Amor não se troca… Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo…” Drummond tinha de estar apaixonado ao escrever estes versos. Só os apaixonados acreditam que o amor seja assim, tão sem razões.
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Mas eu, talvez por não estar apaixonado (o que é uma pena…), suspeito que o coração tenha regulamentos e dicionários, e Pascal me apoiaria, pois foi ele quem disse que “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Não é que faltem razões ao coração, mas que suas razões estão escritas numa língua que desconhecemos. Destas razões escritas em língua estranha o próprio Drummond tinha conhecimento, e se perguntava: “Como decifrar pictogramas de há 10 mil anos se nem sei decifrar minha escrita interior? A verdade essencial é o desconhecido que me habita e a cada amanhecer me dá um soco.” O amor será isto: um soco que o desconhecido me dá? Ao apaixonado a decifração desta língua está proibida, pois se ele a entender, o amor se irá. Como na história de Barba Azul: se a porta proibida for aberta, a felicidade estará perdida. Foi assim que o paraíso se perdeu: quando o amor - frágil bolha de sabão - não contente com sua felicidade inconsciente, se deixou morder pelo desejo de saber.
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O amor não sabia que sua felicidade só pode existir na ignorância das suas razões. Kierkegaard comentava o absurdo de se pedir aos amantes explicações para o seu amor. A esta pergunta eles só possuem uma resposta: o silêncio. Mas que se lhes peça simplesmente falar sobre o seu amor - sem explicar. E eles falarão por dias, sem parar… Mas - eu já disse - não estou apaixonado. Olho para o amor com olhos de suspeita, curiosos. Quero decifrar sua língua desconhecida. Procuro, ao contrário do Drummond, as cem razões do amor… Vou a Santo Agostinho, em busca de sua sabedoria. Releio as Confissões, texto de um velho que meditava sobre o amor sem estar apaixonado. Possivelmente aí se encontre a análise mais penetrante das razões do amor jamais escrita. E me defronto com a pergunta que nenhum apaixonado poderia jamais fazer: “Que é que eu amo quando amo o meu Deus?” Imaginem que um apaixonado fizesse essa pergunta à sua amada: “Que é que eu amo quando te amo?” Seria, talvez, o fim de uma estória de amor. Pois esta pergunta revela um segredo que nenhum amante pode suportar: que ao amar a amada o amante está amando uma outra coisa que não é ela. Nas palavras de Hermann Hesse, “o que amamos é sempre um símbolo”. Daí, conclui ele, a impossibilidade de fixar o seu amor em qualquer coisa sobre a terra. Variações sobre a impossível pergunta: “Te amo, sim, mas não é bem a ti que eu amo. Amo uma outra coisa misteriosa, que não conheço, mas que me parece ver aflorar no seu rosto. Eu te amo porque no teu corpo um outro objeto se revela. Teu corpo é lagoa encantada onde reflexos nadam como peixes fugidios… Como Narciso, fico diante dele… No fundo de tua luz marinha nadam meus olhos, à procura… Por isto te amo, pelos peixes encantados…”(Cecília Meireles)
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Mas eles são escorregadios, os peixes. Fogem. Escapam. Escondem-se. Zombam de mim. Deslizam entre meus dedos. Eu te abraço para abraçar o que me foge. Ao te possuir alegro-me na ilusão de os possuir. Tu és o lugar onde me encontro com esta outra coisa que, por pura graça, sem razões, desceu sobre ti, como o Vento desceu sobre a Virgem Bendita. Mas, por ser graça, sem razões, da mesma forma como desceu poderá de novo partir. Se isto acontecer deixarei de te amar. E minha busca recomeçará de novo…” Esta é a dor que nenhum apaixonado suporta. A paixão se recusa a saber que o rosto da pessoa amada (presente) apenas sugere o obscuro objeto do desejo (ausente). A pessoa amada é metáfora de uma outra coisa. “O amor começa por uma metáfora”, diz Milan Kundera. “Ou melhor: o amor começa no momento em que uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética.” Temos agora a chave para compreender as razões do amor: o amor nasce, vive e morre pelo poder - delicado - da imagem poética que o amante pensou ver no rosto da amada…
às 11:45:00
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Rubem ALves
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