“Vou a Santo Agostinho, em busca de sabedoria. Releio as Confissões, texto de um velho que meditava sobre o amor sem estar apaixonado. Possivelmente aí se encontre a análise mais penetrante das razões do amor jamais escrita. E me defronto com a pergunta que nenhum apaixonado poderia jamais fazer: ‘Que é que eu amo quando amo o meu Deus?’ Imaginem que um apaixonado fizesse essa pergunta à sua amada: ‘Que é que eu amo quando te amo?’ Seria, talvez, o fim de uma estória de amor. Pois esta pergunta revela um segredo que nenhum amante pode suportar: que ao amar a amada o amante está amando uma outra coisa que não é ela. Nas palavras de Hermann Hesse: ‘o que amamos é sempre um símbolo’. Daí, conclui ele, a impossibilidade de fixar o seu amor em qualquer coisa sobre a terra...” (in: As razões do amor)
Depois de tudo, o amor é infinitamente perturbador e, ao mesmo tempo, mantém aceso a febre do olhar que dá paz aos amantes.
Sim, eu sei. O nosso amor é imperfeito demais e, contudo, amoroso demais para que se possa querer outra coisa. Isso me ajuda a seguir quando a vida me faz contente ou, tanto mais, a suportá-la quando a alegria é escassa...
Rubem Alves
13 de novembro de 2008
Sobre o amor
às 12:19:00
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