Que é amor?
Que é criação?
Que é nostalgia?
Que é estrela?
Assim pergunta o último homem, e pisca os olhos.
A terra se tornou pequena então, e sobre ela saltita o último homem, que torna tudo pequeno.
Sua estirpe é indestrutível, como a pulga; o último homem é o que mais tempo vive.
“Nós inventamos a felicidade”, dizem os últimos homens, e piscam os olhos.
Abandonaram as regiões onde é duro viver, pois a gente precisa de calor.
A gente, inclusive, ama o vizinho e se esfrega nele, pois a gente precisa de calor.
Adoecer e desconfiar, consideram-no perigoso: a gente caminha com cuidado.
Louco é quem continua tropeçando com pedras e com homens!
Um pouco de veneno, de vez em quando, produz sonhos agradáveis.
E muito veneno, por fim, para ter uma morte agradável.
A gente continua trabalhando, pois o trabalho é um entretenimento.
Evitamos, porém, que o entretenimento canse.
Já não nos tornamos nem pobres, nem ricos: as duas coisas são demasiado molestas.
Quem ainda quer governar?
Quem ainda quer obedecer?
Ambas as coisas são demasiado molestas (...)
Nenhum pastor e um só rebanho!
Todos querem o mesmo, todos são iguais: quem sente de outra maneira segue voluntariamente para o hospício (...)
A gente ainda discute, mas logo se reconcilia, senão se estropia o estômago.
Temos nosso prazerzinho para o dia e nosso prazerzinho para a noite, mas prezamos a saúde.
“Nós inventamos a felicidade”, dizem os últimos homens e piscam o olho. (...)
NIETZSCHE
12 de julho de 2007
FRAGMENTOS DE NIETZSCHE
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Parabens pela iniciativa!
Um blog de conteúdo!
Luz a todos!
Postar um comentário