12 de julho de 2007

FRAGMENTOS DE NIETZSCHE





Que é amor?

Que é criação?

Que é nostalgia?

Que é estrela?

Assim pergunta o último homem, e pisca os olhos.

A terra se tornou pequena então, e sobre ela saltita o último homem, que torna tudo pequeno.

Sua estirpe é indestrutível, como a pulga; o último homem é o que mais tempo vive.

“Nós inventamos a felicidade”, dizem os últimos homens, e piscam os olhos.

Abandonaram as regiões onde é duro viver, pois a gente precisa de calor.

A gente, inclusive, ama o vizinho e se esfrega nele, pois a gente precisa de calor.

Adoecer e desconfiar, consideram-no perigoso: a gente caminha com cuidado.

Louco é quem continua tropeçando com pedras e com homens!

Um pouco de veneno, de vez em quando, produz sonhos agradáveis.

E muito veneno, por fim, para ter uma morte agradável.

A gente continua trabalhando, pois o trabalho é um entretenimento.

Evitamos, porém, que o entretenimento canse.

Já não nos tornamos nem pobres, nem ricos: as duas coisas são demasiado molestas.

Quem ainda quer governar?

Quem ainda quer obedecer?

Ambas as coisas são demasiado molestas (...)

Nenhum pastor e um só rebanho!

Todos querem o mesmo, todos são iguais: quem sente de outra maneira segue voluntariamente para o hospício (...)

A gente ainda discute, mas logo se reconcilia, senão se estropia o estômago.

Temos nosso prazerzinho para o dia e nosso prazerzinho para a noite, mas prezamos a saúde.

“Nós inventamos a felicidade”, dizem os últimos homens e piscam o olho. (...)


NIETZSCHE

Um comentário:

Glauco Fogassa disse...

Parabens pela iniciativa!
Um blog de conteúdo!
Luz a todos!